2017-11-20 09:40:00

Francisco com os Pobres: não à indiferença


Francisco com os Pobres, poderia ser o sumário do dia 19 de novembro, XXXIII Domingo do Tempo Comum. No Dia Mundial dos Pobres o Papa presidiu à Eucaristia na Basílica de S. Pedro e afirmou na sua homilia que os cristãos, por vezes, viram-se “para o outro lado quando o irmão está em necessidade”, mesmo sentindo-se indignados com os problemas dos que sofrem. E Deus, no entanto, não nos perguntará “se sentimos justa indignação, mas se fizemos o bem” – disse o Santo Padre.

Nesta rubrica “Sal da Terra, Luz do Mundo” registamos o essencial do primeiro Dia Mundial dos Pobres no Vaticano com o Papa Francisco. Um dia para ser continuado durante todo o ano.

Talentos para arriscar por amor

Mais de 4000 pessoas pobres e necessitadas encheram por completo a Basílica Vaticana no domingo 19 de novembro, Dia Mundial dos Pobres. O Evangelho falava dos “talentos de Deus”, dos quais somos “destinatários” tornando-nos “talentosos” – afirmou Francisco – «cada qual conforme a sua capacidade», como diz o texto de S. Mateus no seu capítulo 25.

“Ninguém pode considerar-se inútil” – declarou o Papa, pois “somos eleitos e abençoados por Deus, que deseja cumular-nos dos seus dons, mais do que um pai e uma mãe o desejam fazer aos seus filhos. E Deus, aos olhos de Quem nenhum filho pode ser descartado, confia uma missão a cada um” – afirmou.

Na parábola “a cada servo são dados talentos para os multiplicar”. Contudo, os “dois primeiros realizam a missão”, mas o “terceiro servo não faz render os talentos; restitui apenas o que recebera”. Um servo «mau e preguiçoso» – diz-nos o texto sagrado – um servo que peca por “omissão”, por “não fazer o bem”.

“O servo mau, uma vez recebido o talento do Senhor que gosta de partilhar e multiplicar os dons, guardou-o zelosamente, contentou-se com salvaguardá-lo; ora não é fiel a Deus quem se preocupa apenas de conservar, de manter os tesouros do passado, mas, como diz a parábola, aquele que junta novos talentos é que é verdadeiramente «fiel» – disse o Papa que deixou claro que aquele que “arrisca por amor, joga a vida pelos outros” pode descuidar apenas “uma coisa: o próprio interesse”. “Esta é a única omissão justa” – assinalou Francisco.

Vencer a indiferença fazendo o bem

“E a omissão é também o grande pecado contra os pobres. Aqui assume um nome preciso: indiferença. É dizer: «Não me diz respeito, não é problema meu, é culpa da sociedade». É virar-se para o outro lado quando o irmão está em necessidade, é mudar de canal, logo que um problema sério nos indispõe, é também indignar-se com o mal mas sem fazer nada. Deus, porém, não nos perguntará se sentimos justa indignação, mas se fizemos o bem” – afirmou o Papa.

“Como podemos, então, concretamente, agradar a Deus?” – perguntou o Papa ensaiando, desde logo, uma resposta:

“Quando se quer agradar a uma pessoa querida, por exemplo dando-lhe uma prenda, é preciso primeiro conhecer os seus gostos, para evitar que a prenda seja mais do agrado de quem a dá do que da pessoa que a recebe. Quando queremos oferecer algo ao Senhor, os seus gostos encontramo-los no Evangelho. Logo a seguir ao texto que ouvimos hoje, Ele diz: «Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25, 40).”

“Estes irmãos mais pequeninos, seus prediletos, são o faminto e o doente, o forasteiro e o recluso, o pobre e o abandonado, o doente sem ajuda e o necessitado descartado. Nos seus rostos, podemos imaginar impresso o rosto d’Ele; nos seus lábios, mesmo se fechados pela dor, as palavras d’Ele: «Isto é o meu corpo» (Mt 26, 2 6). No pobre, Jesus bate à porta do nosso coração e, sedento, pede-nos amor.”

“Quando vencemos a indiferença e, em nome de Jesus, nos gastamos pelos seus irmãos mais pequeninos, somos seus amigos bons e fiéis, com quem Ele gosta de Se demorar” – disse o Santo Padre.

Investir em amor

O Senhor aprecia aqueles que estendem os braços “ao infeliz” e abrem as mãos ao “indigente” – assinalou o Papa – porque nos pobres “manifesta-se a presença de Jesus” e, para os cristãos, é um “dever evangélico cuidar deles que são a nossa verdadeira riqueza” – afirmou.

E o Santo Padre sublinhou “aquilo que conta verdadeiramente: amar a Deus e ao próximo”. E isto é o que “dura para sempre, tudo o resto passa; por isso, o que investimos em amor permanece, o resto desaparece” – disse o Papa.

Francisco exortou os fiéis a refletirem sobre uma escolha a fazer: viver para ter na terra ou dar para ganhar o Céu. Porque, segundo Francisco, “para o Céu, não vale o que se tem, mas o que se dá”.

Recordemos que o Dia Mundial dos Pobres foi instituído pelo Papa Francisco no âmbito da Carta Apostólica ‘Misericordia et misera’ e recolhe inspiração no Jubileu Extraordinário da Misericórdia.

Almoçando com os pobres

Na sua Carta Apostólica, Francisco convoca os cristãos para uma “revolução cultural” dos “pequenos gestos. E foi um pequeno grande gesto, aquele que o Papa decidiu fazer no Dia Mundial dos Pobres ao convidar 4000 pobres e necessitados para celebrarem a Eucaristia e almoçarem em Roma, numa iniciativa que foi organizada pelo Conselho Pontifício para a Nova Evangelização.

Eram 1500 os pobres que estiveram na Sala Paulo VI almoçando com o Santo Padre e os restantes foram dispersos por Roma almoçando na Caritas de Roma e em colégios, seminários e comunidades católicas.

Estas pessoas, pobres e necessitadas, eram não só de Roma e da região Lazio mas também de Paris, Lyon, Varsóvia, Cracóvia, Luxemburgo, Bruxelas, entre outras cidades.

No início da refeição na Sala Paulo VI, o Papa Francisco dirigiu a todos uma breve saudação e uma pequena oração:

“Sejam todos bem-vindos! Preparemo-nos para este momento juntos: cada um de nós com o coração repleto de boa vontade e de amizade para com os outros. Partilhar o almoço e desejar o melhor uns aos outros.”

“E agora pedimos ao Senhor que abençoe, que abençoe esta refeição, abençoe aqueles que a prepararam, abençoe todos nós, abençoe os nossos corações, as nossas famílias, os nossos desejos, a nossa vida e nos dê saúde e força. Ámen.”

“Também uma bênção a todos aqueles que estão nos outros refeitórios espalhados por Roma, porque Roma está hoje repleta destas refeições. Daqui, uma saudação e um aplauso para eles.”

Durante a semana de 13 a 19 de novembro, no âmbito do Dia Mundial dos Pobres, teve destaque especial a ajuda de tantos médicos e enfermeiros, que voluntariamente montaram um pequeno hospital de campanha na Praça Pio XII. Aí foi possível realizar gratuitamente às pessoas carenciadas, análises clínicas e consultas de cardiologia, ginecologia e dermatologia.

“Sal da Terra, Luz do Mundo”, é aqui na Rádio Vaticano em língua portuguesa.

(RS)








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