2017-11-15 13:13:00

Moçambique. Bispos: "não perder coragem perante males que afligem o País"


Os Bispos Católicos de Moçambique estiveram reunidos de 7 a 12 de novembro deste mês em Assembleia Plenária, a segunda deste ano.

No Comunicado dirigido às comunicardes cristãs e a todos os homens de boa vontade, os bispos se manifestam unidos e solidários com o povo que sofre, exortando a não perder a coragem mas a caminhar na esperança que nasce da fé.

A partir da leitura dos relatórios das diversas Comissões e ajudados por um economista, os Bispos reflectiram sobre a realidade socioeconómica actual do País.

“Entre as várias feridas que fazem sofrer o nosso povo – lê-se no comunicado - verificamos a prevalência da corrupção e a violência generalizada; o aumento da pobreza em contraste com a acumulação da riqueza nas mãos de poucos; a falta de esclarecimento das dívidas ocultas e a devida responsabilização dos autores; o abuso nos recursos da natureza pela desflorestação, mineração e conflitos de terra; o desemprego que aumenta a instabilidade e desesperança na juventude; a fragilidade da paz, sinal de falta duma verdadeira reconciliação baseada na justiça, respeito dos direitos humanos e na participação de todos os moçambicanos; e o excessivo número de mortes por causa dos acidentes de viação”.

Os Prelados constataram igualmente a necessidade de potenciar a Catequese, a formação ética, moral e espiritual, o trabalho pela reconciliação, a promoção da formação em doutrina social da Igreja e o testemunho de uma vida cristã coerente.

Apesar do aumento significativo do número de seminaristas nos seminários maiores e nas casas de formação, nota positiva indicada pelo episcopado moçambicano, constata-se uma desorientação generalizada da juventude, que os bispos definem de ‘preocupante’, “talvez como consequência da degradação da vida familiar, que também conhece momentos muito difíceis”.

Dentre os eventos futuros, para cujo sucesso se pede a oração dos fiéis, se indicam o 30º ano da Visita Papal de S. João Paulo II ao País; os 50 anos do Seminário Maior São Pio X; a realização da XIX Assembleia Nacional da Caritas Moçambicana e a preparação da IV Assembleia Nacional de Pastoral.

E, por último, um apelo à oração pela próxima Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos sobre a Juventude, que terá o seguinte tema: “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”.

Leia aqui o texto integral do Comunicado da CEM:

 

COMUNICADO DA CONFERÊNCIA EPISCOPAL DE MOÇAMBIQUE

Às Comunidades cristãs e a todos os homens de boa vontade, paz e alegria no Senhor ressuscitado. Desejamos-vos a mesma paz e alegria que o Senhor, repetidas vezes, desejou e deu aos seus discípulos.

Queremos, através deste meio, exprimir a nossa comunhão convosco, manifestar-vos a nossa presença espiritual e partilhar convosco o fruto das nossas reflexões e deliberações sobre a nossa vida eclesial e social deste tempo.

De 7 a 12 de Novembro de 2017, nós, os Bispos Católicos da Conferência Episcopal de Moçambique, estivemos reunidos no Seminário Interdiocesano Filosófico de Santo Agostinho na Matola, na II Sessão da Assembleia Plenária de 2017.

Estiveram presentes todos os Bispos Diocesanos e dois Bispos Eméritos, Sua Eminência o Cardeal D. Júlio Duarte Langa e D. Januário Machaze. Participou pela primeira vez o Reverendo Padre Sandro Faedi, Administrador Apostólico da Diocese de Tete.

Na abertura da Sessão, D. Francisco Chimoio, Arcebispo de Maputo e Presidente da CEM, saudou todos os Bispos. O Senhor Núncio Apostólico, D. Edgar Peña Parra, no seu discurso de saudação transmitiu uma mensagem de encorajamento da parte do Santo Padre e partilhou alguns temas de particular importância para serem submetidos à consideração da CEM.

A primeira parte, a partir da leitura dos relatórios das Dioceses e das Comissões Episcopais e do Secretariado Geral da CEM e ajudados pela reflexão de um economista, consistiu na análise e reflexão da realidade sócio – política e económica do nosso País no momento presente.

CLIMA SOCIAL

Entre as várias feridas que fazem sofrer o nosso povo verificamos a prevalência da corrupção e a violência generalizada; o aumento da pobreza em contraste com a acumulação da riqueza nas mãos de poucos; a falta de esclarecimento das dívidas ocultas e a devida responsabilização dos autores; o abuso nos recursos da natureza pela desflorestação, mineração e conflitos de terra; o desemprego que aumenta a instabilidade e desesperança na juventude; a fragilidade da paz, sinal de falta duma verdadeira reconciliação baseada na justiça, respeito dos direitos humanos e na participação de todos os moçambicanos; e o excessivo número de mortes por causa dos acidentes de viação.

Da leitura dos relatórios constatámos a necessidade de potenciar a Catequese, a formação ética, moral e espiritual, o trabalho pela reconciliação, a promoção da formação em doutrina social da Igreja e o testemunho de uma vida cristã coerente.

A JUVENTUDE, A ANIMAÇÃO VOCACIONAL E OS SEMINÁRIOS

Reflectindo sobre a problemática juvenil, damos graças a Deus pelo aumento significativo do número de seminaristas nos seminários maiores e nas casas de formação das congregações religiosas. Entretanto, ficamos preocupados por constatarmos uma desorientação generalizada da juventude, talvez como consequência da degradação da vida familiar, que também conhece momentos muito difíceis.

PRÓXIMOS EVENTOS

Olhando para o futuro, apelamos a todos os fiéis a orar pelo sucesso dos próximos eventos eclesiais e a participar activamente em cada um deles.

Em 2018, celebraremos os seguintes:

- O 30º ano da Visita Papal de S. João Paulo II ao nosso País;

- Os 50 anos do Seminário Maior São Pio X.

- A realização da XIX Assembleia Nacional da Caritas Moçambicana.

Iniciaremos também a preparação da IV Assembleia Nacional de Pastoral, momento de fortalecimento da comunhão, de renovação espiritual e de conversão pessoal e comunitária da Igreja em Moçambique. Exortamos a todos a dar o seu melhor para o bom sucesso deste evento muito importante para a nossa Igreja e para toda a família moçambicana.

Apelamos igualmente a todos a unirmos e rezar pela próxima Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos sobre a Juventude, que terá o seguinte tema: OS JOVENS, A FÉ E O DISCERNIMETO VOCACIONAL.

Nós pastores, unidos e solidários com o povo que sofre, exortamos a não perder a coragem mas caminhar na esperança que nasce da fé em Jesus Cristo Rei do Universo, como anuncia o profeta: “O Povo que andava nas trevas viu uma grande luz: sobre os que habitavam na sombra da morte resplandeceu a luz” (Is 9,2).

Com alegria do Nascimento do Salvador, desejamos Boas Festas de Natal e  Próspero Ano Novo.

                     Matola, 12 de Novembro de 2017       

+ Francisco Chimoio, ofmcap

Arcebispo de Maputo e Presidente da Conferência Espiscopal de Moçambique








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