2017-10-23 10:24:00

Violência em nome da religião ofende gravemente Deus


“As religiões não podem ter uma atitude neutra e muito menos ambígua em relação à paz. Quem comete violência ou a justifica em nome da religião, ofende gravemente Deus, que é paz e fonte da paz” – estas as palavras do Papa na quarta-feira dia 18 de outubro discursando para os delegados da Conferência Mundial de Religiões pela Paz. Palavras que recordamos e aprofundamos nesta edição de ”Sal da Terra, Luz do Mundo”.

Religião não é neutra mas pela paz

Quarta-feira, dia 18 de outubro: antes da tradicional audiência geral na Praça de S. Pedro o Papa Francisco recebeu na Sala Paulo VI cerca de cem delegados da World Conference of Religions for Peace, a Conferência Mundial de Religiões pela Paz. No breve discurso que proferiu o Santo Padre referiu as guerras que percorrem o planeta e a destruição que elas trazem às populações. Perante tal realidade é imperioso construir a paz e o papel das religiões é “insubstituível” disse Francisco tendo sublinhado que quem comete violência em nome da religião “ofende gravemente Deus”:

“Na construção da paz, as religiões, com seus recursos espirituais e morais, têm um papel especial e insubstituível. As religiões não podem ter uma atitude neutra e muito menos ambígua em relação à paz. Quem comete violência ou a justifica em nome da religião, ofende gravemente Deus, que é paz e fonte da paz, e deixou no ser humano um reflexo da sua sabedoria, poder e beleza” – disse o Papa.

De destacar ainda nas palavras do Santo Padre a expressão da sua “estima e gratidão” pelo trabalho da Conferência Mundial de Religiões pela Paz tendo salientado a ajuda que a Bíblia nos dá “trazendo-nos de volta o olhar do Criador, que “viu tudo o que tinha feito, e que era muito bom” (Gn 1:31). As religiões dispõem de recursos para fazer progredir em conjunto uma aliança moral que promova o respeito da dignidade da pessoa humana e o cuidado da criação” – afirmou.

Trabalhar pela paz na Somália

Logo após o encontro privado com a delegação da Conferência Mundial de Religiões pela Paz, o Santo Padre dirigiu-se à Praça de S. Pedro para a audiência geral. Nesse habitual momento semanal de contacto do Papa com os fiéis, Francisco fez um forte apelo pela paz condenando o ataque terrorista ocorrido na Somália na capital Mogadíscio, no sábado dia 14 de outubro, e que fez mais de 300 mortos:

“Desejo expressar a minha dor pela tragédia ocorrida há alguns dias em Mogadíscio, Somália, que provocou mais de 300 mortos, entre os quais algumas crianças. Este ato terrorista merece a mais firme condenação, também porque acontece contra uma população já tão afetada. Rezo pelos falecidos e pelos feridos, pelos seus familiares e por todo o povo da Somália. Imploro a conversão dos violentos e encorajo a todos, que com grandes dificuldades, trabalham pela paz naquela terra martirizada” – declarou o Papa Francisco.

Foram mais de 300 os mortos e centenas os feridos devido à explosão de dois camiões armadilhados em frente do Hotel Safari e do Ministério dos Negócios Estrangeiros em Mogadíscio.

Este atentado na Somália teve a marca da organização terrorista de matriz islâmica ‘Al-Sabaab’ que controla algumas zonas do centro e sul do país. Um grupo terrorista com ligações à Al-Qaeda.

Quando em 1991 foi retirado do poder o ditador Mohamed Siad Barre o clima de guerra civil instalou-se no país. O grupo Al-Shabaab, constituído como milícia, conseguiu controlar durante algum tempo a capital do país Mogadíscio. Só com a ajuda do Quénia e da Etiópia é que o governo da Somália conseguiu expulsar o grupo terrorista da capital e de outras cidades. Isso aconteceu em 2011. Desde aí que o Al-Shabaab continua a atacar em Mogadíscio. Desta vez, no entanto, parece ter ido longe de mais ao provocar tantos mortos e feridos inocentes.

Entretanto, recordemos que a Somália vive há vários anos uma difícil situação humanitária com mais de 900 mil deslocados e quase 3 milhões de pessoas que vivem em estado de emergência.

A esperança cristã e a morte

No mesmo dia em que recebia os mais de cem delegados da Conferência Mundial de Religiões pela Paz, o Papa esteve com dezenas de milhares de fiéis na Praça de S. Pedro propondo uma catequese sobre a esperança cristã e a realidade da morte:

“Jesus iluminou o mistério da nossa morte. Com o seu comportamento autoriza-nos a sentirmo-nos tristes quando um ente querido morre. Ele sentiu-se profundamente perturbado perante o túmulo do amigo Lázaro e começou a chorar. Nesta atitude, sentimos Jesus muito próximo, nosso irmão. Ele chorou pelo seu amigo Lázaro” – disse o Papa que fez um convite para a oração a todos os fiéis que o ouviam:

“Eu convido-vos, agora, a fechar os olhos e a pensar naquele momento da nossa morte. Cada um de nós pense na própria morte, e imagine aquele momento que virá, quando Jesus nos tomará pela mão e nos dirá: “vem, vem comigo, levanta-te”. Ali acabará a esperança e será a realidade, a realidade da vida. Pensai bem: o próprio Jesus virá a cada um de nós e nos tomará pelas mãos, com a sua ternura, a sua doçura, o seu amor. E cada um repita no seu coração as palavras de Jesus: “Levanta-te, vem. Levanta-te, vem. Levanta-te, ressuscita!”

É na esperança do encontro com o Salvador que se alimentam os cristãos que devem ser os primeiros a viverem e a lutarem pelo dom da paz.

“Sal da Terra, Luz do Mundo” é aqui na Rádio Vaticano em língua portuguesa.

(RS)








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