2017-10-19 15:19:00

Papa aos Metodistas: juntos no caminho rumo à plena comunhão


O Papa Francisco recebeu em audiência, na manhã desta quinta-feira na Sala do Consistório do Vaticano, uma Delegação do Conselho Metodista Mundial, por ocasião do quinquagésimo aniversário do início do diálogo teológico metodista-católico.

Inspirando-se no Livro do Levítico em que o Senhor anuncia o quinquagésimo ano como um ano particular que prevê a libertação dos escravos, Francisco começou por dar graças a Deus porque – disse - em certo sentido, podemos proclamar que fomos libertados da escravidão da estranheza e da suspeita recíproca, graças a estes anos de diálogo:

“Graças a estes cinquenta anos de diálogo paciente e fraterno, podemos realmente dizer-nos uns aos outros, com as palavras do apóstolo Paulo: "já não sois estrangeiros”: não no coração, mas nem tão pouco na pertença ao Senhor, em virtude do único Baptismo, que nos constituiu numa fraternidade real. Sim, somos e nos sentimos "familiares de Deus".

O Concílio Vaticano II, prosseguiu o Papa,  continua a exortar para nos orientarmos a um maior conhecimento e uma apreciação mais justa entre os cristãos de diferentes confissões através de um diálogo feito com amor à verdade, com caridade e com humildade. E acrescentou:

“O diálogo verdadeiro nos encoraja continuamente a encontrar-nos com humildade e sinceridade, ansiosos de aprender uns dos outros, sem irenismos e sem dissimulações. Somos irmãos que, depois de um longo distanciamento, são felizes de se encontrar e redescobrir uns aos outros, de caminhar juntos, abrindo ao outro com generosidade o coração. Assim continuamos, sabendo que este caminho é abençoado pelo Senhor: por Ele começou e a Ele se dirige”.

Em seguida o Papa recordou John Wesley que queria ajudar o próximo a viver uma vida santa e por isso o seu exemplo e as suas palavras encorajaram muitos a dedicar-se às Sagradas Escrituras e à oração, aprendendo assim a conhecer Jesus Cristo, sublinhando que os sinais de vida santa nos outros e a acção do Espírito Santo nas outras confissões cristãs só podemos nos alegrar:

“É bonito ver como o Senhor semeia largamente os seus dons, é bonito ver irmãos e irmãs que abraçam em Jesus a nossa própria razão de vida. E não só: os outros "familiares de Deus" podem ajudar-nos a aproximar-nos ainda mais do Senhor e estimular-nos a oferecer um testemunho mais fiel ao Evangelho”.

E o Pontífice agradeceu a Deus também por aquilo que aconteceu antes dos últimos cinquenta anos, nas diferentes comunidades, e convidou todos a se deixarem fortalecer mutuamente pelo testemunho da fé, uma fé que se torna tangível sobretudo quando se concretiza no amor, e em particular no serviço aos pobres e marginalizados. Porque, quando, Católicos e Metodistas, acompanhamos e ajudamos juntos os fracos e os marginalizados - aqueles que, embora habitem nas nossas sociedades, se sentem distantes, estrangeiros, estranhos - respondemos ao convite do Senhor – ressaltou o Papa.

Olhando em frente, disse ainda o Santo Padre, não podemos crescer em santidade sem crescer numa comunhão maior, pois não podemos falar de oração e de caridade se, juntos, não rezamos e não nos empenhamos para a reconciliação e a plena comunhão entre nós.

É o Espírito de Deus que opera o milagre da unidade reconciliada, disse Francisco a terminar, e o faz com o seu estilo, como fez no Pentecostes, suscitando diferentes carismas e recompondo tudo numa unidade que não é uniformidade, mas comunhão. Por isso, é necessário que estejamos juntos, como os discípulos esperando o Espírito, como irmãos em caminho.

E o Papa agradeceu à Comissão de diálogo pelo trabalho realizado e que vai realizar, e ao Conselho Metodista Mundial pelo contínuo apoio ao diálogo, observando que a tarefa não terminou até que que chegue o pleno reconhecimento que acontecerá, finalmente pudermos encontrar-nos juntos na fracção do Pão. E a todos o Papa convidou a rezar por isso:

Pai nosso …








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