2017-10-12 15:47:00

Cáritas-África - Um plano estratégico ambicioso para o continente


A Cáritas Internacional, como sede em Roma, é uma Confederação de Cáritas regionais, que por sua vez englobam Cáritas nacionais e estas as Cáritas diocesanas e paroquiais. As Cáritas regionais são sete: África, Ásia, Europa, América Latina e Caraíbas, Médio Oriente e África do Norte, América do Norte e Oceânia.

A Cáritas é um dos pilares da missão da Igreja no mundo e é expressão do amor de Deus para com os homens. A missão específica da Cáritas é servir os pobres e promover a caridade e a justiça no mundo.

As diversas regiões da Cáritas têm cada uma um seu plano estratégico alinhado com Plano da Confederação, mas tendo em conta as realidades concretas de cada região e país.

A Cáritas-África teve um importante encontro no mês de Setembro passado em Dakar, onde se falou do papel dos bispos nesta organização caritativa nas próprias diocese e países. Nessa ocasião o Secretário Geral da Cáritas-África, Albert Mashika ilustrou o ambicioso Plano estratégico têm pela frente.

 “O Plano Estratégico da Cáritas-África é ambicioso na medida em que aborda os grandes desafios com os quais a África se defronta hoje-em-dia. E é preciso dizer que este Plano está alinhado com o Plano da Cáritas Internacional. Dou-lhe apresentar rapidamente a articulação do Plano da Cáritas-África.

Temos a primeira orientação que diz respeito à identidade eclesial da Cáritas e, neste âmbito, fizemos questão de organizar um evento que permitisse aos bispos encontrar-se para poder examinar os progresso realizados em relação aos empenhos assumidos anteriormente e elaborar perspectivas para os anos vindouros. Isto acaba de ser feito. Era um encontro muito ambicioso, inicialmente, não era evidente que seríamos capazes de o organizar. Mas conseguimos. Vieram delegados de 43 países da África, sem contar os parceiros que vieram do exterior, os coordenadores da Confederação Cáritas Internacional. Houve mais de 165 participantes (cinco cardeais, 65 arcebispos e bispos). Isto mostra a importância que os bispos deram a este seu encontro. Está também prevista a criação de um grupo de reflexão sobre a identidade eclesial da Cáritas para elaborar documentos que nos servirão no quadro da formação do pessoal Cáritas e a colegas doutras estruturas da Igreja para que possam compreender melhor o trabalho da Cáritas. Nisto trabalhamos sempre em colaboração com o secretariado geral da CI e já criamos um comité para a identidade católica da Cáritas.

A segunda orientação estratégica da Cáritas-África diz respeito ao desenvolvimento institucional e ao desenvolvimento de capacidades. Temos no seio da região um grupo de reforço da capacidade de 14 Cáritas, mas que é de momento apoiado pela Secour Catholique e pela Agencia Francesa de Desenvolvimento e nesse grupo estamos a fazer reflexões que nos vão permitir, a um dado momento, fazer com que o peso politico e operacional deste programa seja transferido ao secretariado regional da Cáritas-África. Os debates estão a avançar no bom sentido. Mas temos também outros projectos de reforço da capacidade da Cáritas que são programas mirados e que dizem respeito às Cáritas que estão realmente em condições de necessidade. Há três Cáritas da África Austral (África do Sul, Namíbia e Suazilândia) com as quais já demos início a um processo de reforço institucional e de capacitação. Estamos em negociações com outras Cáritas parceiras para pôr de pé programas semelhantes em países da África central,  ocidental e nas ilhas adjacentes ao continente. Segundo as orientações dadas pela Comissão regional, pudemos identificar uma dezena de Cáritas que estão realmente a precisar de reforço das próprias capacidades, e estamos a mobilizar parceiros para que caminhem connosco neste processo de construção de uma rede de Cáritas forte, credível e que concretize eficazmente a missão que os bispos lhes confiaram.

A terceira orientação estratégica diz respeito à erradicação da pobreza e a promoção da boa governação. É sob esta orientação que agrupamos todas as acções relativas à actuação dos objectivos de desenvolvimento. Temos, de momento, um projecto (que vai já arrancar) para o acompanhamento do Objectivo de Desenvolvimento Durável n. 2 que diz respeito à erradicação da fome, e vamos iniciar esta iniciativa com três ou quatro Cáritas da África para reforçar as suas capacidades em termos de acompanhamento da actuação e também as suas capacidades em termos de advocacia para que haja mudança no campo da segurança alimentar. E as actividades que vão ser actuadas terão também uma vertente de pesquisa para proporcionar conhecimentos que vão apoiar o trabalho da Igreja na advocacia de que falei e também na colaboração de tomadas de posição da Igreja sobre a problemática da fome na região. Sabe que temos regiões da África que estão seriamente afectadas pela fome: o corno de África e todas as regiões onde persistem os efeitos devastadores da mudança climática. Temos também a intenção de pôr de pé um quadro de diálogo, de concertação e de intercâmbio de experiencias e de informação para saber quem faz o quê em África, onde e com quem. Isto nos permitirá ter uma ideia bastante precisa dos empenhos da rede Cáritas, isto é de  toda a Confederação da Cáritas Internacional. Por ex.: nós da Cáritas-África e as Cáritas irmãs realizamos muitas coisas, mas essas realizações são pouco conhecidas. A nossa preocupação enquanto Cáritas-África é, portanto, recolher informações que nos permitam, nos próximos anos, publicar um Relatório consolidado que mostre os empenhos da Cáritas em África e esse Relatório poderá servir-nos para mobilização de parceiros e, porque não, também de recursos para enfrentar os problemas que forem relevados pela pesquisa que queremos fazer.

A quarta orientação estratégica é relativa à preparação das respostas às urgências e neste âmbito o nosso objectivo é ter Cáritas dotadas de recursos humanos competentes, capazes de intervir quando uma situação de crise se apresenta. Já formamos cerca de 30 colegas vindos de trinta Cáritas africanas, uma da região MONA (África do Norte e Médio Oriente) e três do Haiti, no quadro da colaboração com outras regiões da Cáritas Internacional. Ainda no âmbito desta dimensão de resposta às situações de urgência, criamos uma equipa humanitária da Cáritas-África que, como disse, já recebeu uma primeira formação e há outras previstas para que essa equipa possa constituir, para nós, uma reserva de recursos humanos que podemos deslocar para os diversos países em caso de situações de urgência. E dou um pequeno passo atrás para dizer que no âmbito do reforço de capacidades pusemos também em acto um grupo de referencia que apoia o Secretariado regional da Cáritas-África nas questões de reforço de capacidade e esses dois grupos constituem um pool de peritos da Cáritas na região africana.

A quinta orientação estratégica diz respeito à mobilização de recursos. E isto é um desafio, como aliás, ouviu aqui. A Cáritas-África trabalha essencialmente com recursos que vêm das Cáritas do Norte do mundo, mas há também algumas Cáritas da África com experiência de mobilização de recursos no continente. E vamos, em colaboração com a Cáritas Internacional, organizar, daqui a uns dez dias, uma sessão de formação sobre recolha de fundos para permitir aos colegas ter uma ideia precisa e completa das possibilidades que existem em matéria de mobilização de recursos.

E a sexta orientação estratégica é a capitalização dos resultados e a comunicação. E nisto vamos igualmente formar os comunicadores de Cáritas-África daqui a dez dias e esperamos com estas duas sessões formar umas 50 pessoas. O objectivo é dispor de uma massa crítica de pessoas formadas nessas diversas temáticas para apoiar a Cáritas-África no seu trabalho. E há que precisar que em relação à comunicação, temos um sítio web e temos também o boletim electrónico trimestral que é um utensílio de informação sobre as acções da Cáritas-África através da região africana. E em relação a isto pedimos que as diversas Cáritas no continente nos enviem informações sobre as suas actividades, porque é isto que permite tornar visível  a acção das Cárita-África.

Portanto, é um plano estratégico que se apoia num plano operacional e, malgrado o seu caracter ambicioso, há progressos significativos que já se fizeram e que os parceiros, a Cáritas Internacional e as próprios autoridades dos países nos quais estamos presentes, apreciam. As autoridades apreciam o trabalho da Igreja através dessas estruturas, especialmente a Cáritas, Justiça e Paz, Migrantes, etc..”

- E qual é o prazo de actuação deste Plano estratégico?

O Quadro Estratégico actual cobre o período 2015-2019, porque está alinhado com o Quadro Estratégico da Cáritas Internacional e enquanto levamos a cabo a nossa agenda, devemos também contribuir para a da Confederação da Cáritas Internacional. É isto a vida da Família Cáritas. E agradecemos aos parceiros que nos apoiam na actuação deste Plano. Vamos ter uma reunião com eles para vermos o que foi feito desde a nossa primeira reunião em 2015 até hoje e as perspectivas para os próximos dois anos, antes da validação do plano 2020-2023. É ambicioso, sim, fazemos o que podemos com o apoio dos parceiros.”

- Mas pelo menos tendes a visão, não é, como se sublinhou aqui!?

“Sim, a visão foi traçada pelos bispos e nós somos o insrumento de realização dessa visão que orienta o nosso trabalho seja a nível da Secretaria Regional (Cáritas-África), seja a nível de zonas e países, porque há o Quadro Estratégico Cáritas Internacional, as Regiões têm os seu  e os países membros têm também o seu plano nacional que deriva da Cáritas Internacional e da Cáritas-África e integra também o contexto de cada país da região e temos 46 países membros”.

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Era pois o Plano Estratégico da Cáritas-África 2015-2019, ilustrado pelo Secretário Geral, Albert-Mashika. Foi por ocasião do Encontro Cáritas-África em Dakar de 18 a 20 de Setembro2017. Recordamos que Cáritas-África tem sede em Lomé, capital do Togo. 

(DA)








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