2017-09-13 15:52:00

Papa: Colômbia, tem futuro um povo que mostra crianças com orgulho


Quarta-feira, 13 de setembro. Na audiência geral e perante os milhares de fiéis e peregrinos presentes na Praça de S. Pedro, o Papa falou da sua recente viagem apostólica à Colômbia:

“Nos últimos dias, disse o Santo Padre, realizei a viagem apostólica à Colômbia. De todo o coração agradeço ao Senhor por este grande dom; e desejo renovar a expressão da minha gratidão ao Senhor Presidente da República, que me acolheu com tanta cortesia, aos Bispos colombianos, bem como às outras Autoridades do país, e a todos os que colaboraram na realização desta visita. E um agradecimento especial ao povo colombiano que me acolheu com tanto carinho e alegria (…) Eu pensei, um povo capaz de ter crianças, e capaz de mostrá-las com orgulho como esperança, esse povo tem futuro!”.

Em seguida Francisco sublinhou a continuidade desta viagem com as dos dois Papas precedentes: o Beato Paulo VI que visitou a Colômbia em 1968 e São João Paulo II em ’86; uma continuidade fortemente animada pelo Espírito, que guia os passos do povo de Deus nos caminhos da história, disse o Papa.

“O lema da Viagem foi "Demos el primer paso", ou seja, "Façamos o primeiro passo", referindo-se ao processo de reconciliação que a Colômbia está a viver para sair do meio século de conflito interno, que semeou sofrimento e inimizades, causando tantas feridas, difíceis de curar. Mas com a ajuda de Deus, o caminho já está em andamento. Com a minha visita, quis abençoar o esforço daquele povo, confirmando-o na fé e na esperança, e receber o seu testemunho, que é uma riqueza para o meu ministério e para toda a Igreja”.

O Santo Padre ressaltou em seguida as raízes cristãs da Colômbia, bem como da maior parte dos países latino-americanos, facto que não apenas torna mais aguda a dor pela tragédia da guerra que dilacerou o País, mas também constitui ao mesmo tempo a garantia da paz, o sólido fundamento da sua reconstrução, a linfa da sua invencível esperança. Esta Viagem significou levar a bênção de Cristo, a bênção da Igreja para o desejo de vida e paz que transborda do coração daquela nação, acrescentou Francisco:

“Pude vê-lo nos olhos dos milhares e milhares de crianças, meninos e jovens que encheram a praça de Bogotá e que encontrei por todo o lado; aquela força de vida que mesmo a própria natureza proclama com a sua exuberância e biodiversidade. Em Bogotá, pude encontrar todos os Bispos do País e também o Comité Diretivo da Conferência Episcopal Latino-Americana. Agradeço a Deus por ter podido abraçá-los e dar-lhes o meu encorajamento pastoral, pela sua missão ao serviço da Igreja, sacramento de Cristo, nossa paz e nossa esperança”.

O dia dedicado de modo particular ao tema da reconciliação, e para o Santo Padre o momento culminante de toda a viagem, teve lugar em Villavicencio, onde na grande celebração eucarística beatificou os dois mártires Jesús Emilio Jaramillo Monsalve, bispo, e Pedro María Ramírez Ramos, sacerdote; e à tarde, a Liturgia da Reconciliação especial, orientada para o Cristo de Bocayá, sem braços e pernas, mutilado como o seu povo, observou o Papa, acrescentando:

“A beatificação dos dois mártires recordou plasticamente que a paz também – e talvez sobretudo - se funda no sangue de tantas testemunhas do amor, da verdade, da justiça,  e também dos mártires propriamente ditos, mortos pela fé, como os dois que acabei de mencionar. Ouvir as suas biografias foi comovente até as lágrimas: lágrimas de dor e alegria ao mesmo tempo. Perante as suas relíquias e os seus rostos, o santo povo fiel de Deus sentiu com força a sua identidade, com tristeza, pensando nas muitas, demasiadas vítimas, e com alegria, pela misericórdia de Deus que se estende sobre aqueles que o temem”.

E depois o Pontífice referiu-se a  Medellín onde a ênfase foi a vida cristã como discipulado: a vocação e a missão. Quando os cristãos se envolvem plenamente no caminho da sequela de Jesus Cristo, eles realmente se tornam sal, luz e fermento no mundo, e os frutos são abundantes:

“Um destes frutos são os Hogares, as casas onde as crianças e os meninos feridos pela vida podem encontrar uma nova família onde são amados, acolhidos, protegidos e acompanhados. E outros frutos, abundantes como cachos, são as vocações à vida sacerdotal e consagrada, que pude abençoar e encorajar com alegria num encontro inesquecível com os consagrados e seus familiares”.

E, finalmente, em Cartagena, a cidade de São Pedro Claver, apóstolo dos escravos, o "foco" foi a promoção da pessoa humana e dos seus direitos fundamentais. S. Pedro Claver, disse Francisco, como mais recentemente Santa  Maria Bernarda Bütler, deram a vida pelos mais pobres e marginalizados, e assim mostraram o caminho da verdadeira revolução, a revolução do Evangelho, não a ideológica, que liberta verdadeiramente as pessoas e as sociedades das escravidões de ontem e, infelizmente, também de hoje.

Neste sentido, "fazer o primeiro passo" (lema da viagem) significa inclinar-se, tocar a carne do irmão ferido e abandonado – rematou Francisco, que concluiu confiando novamente a Colômbia e o seu amado povo à Virgem Mãe, Nossa Senhora de Chiquinquirá. Que com a ajuda de Maria, cada colombiano possa fazer  cada dia o primeiro passo rumo ao irmão e a irmã, e assim construir juntos, dia a dia, a paz no amor, na justiça e na verdade – concluiu Francisco.

O Papa Francisco, como habitualmente, também se dirigiu aos fiéis de língua portuguesa tendo saudado em particular os numerosos grupos de fiéis vindos do Brasil e Portugal:

“Queridos peregrinos de língua portuguesa, em particular os numerosos grupos de fiéis vindos do Brasil e de Portugal: faço votos de que esta romaria possa reforçar em vós a fé em Jesus Cristo, que nos chama a dar o primeiro passo na direção dos nossos irmãos e irmãs necessitados. Retornai a casa certos de que, quando somos generosos, nunca faltam as bênçãos de Deus. Obrigado pelas vossas orações”.

Nas saudações ao grupo de língua italiana o Papa Francisco saudou cordialmente os jovens, os doentes e os recém-casados e um pensamento especial foi às vítimas de inundações na Itália:

“Dirijo, finalmente, o meu pensamento e exprimo a minha proximidade espiritual a todos os que sofrem por causa das inundações que atingiram o território de Livorno. Rezemos pelos mortos, os feridos, pelos seus familiares e por todos os que estão em provações”.

E o Papa Francisco a todos deu a sua bênção.








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