2017-08-16 12:32:00

Dom M. Zenari: “futuro sombrio no Iraque, mas a esperança não morre”


Pelo sétimo ano consecutivo a festividade mariana é vivida num contexto de guerra, todavia, os cristãos são animados por uma renovada esperança. A frágil e parcial “pacificação” de muitas áreas permitirá, de facto, que milhares de fiéis de várias confissões cristãs participem das celebrações.

Para saber com que espírito os cristãos sírios viverão esta festa, a Rádio Vaticano conversou com o Núncio Apostólico em Damasco, o Cardeal Mario Zenari:

“Esta Solenidade da Assunção aqui, nas Igrejas Orientais – tanto católicas como ortodoxas – é chamada pelo nome de “dormição” de Nossa Senhora: é o mesmo dogma. Deve-se sublinhar que todas as Igrejas Orientais, a Latina naturalmente incluída, celebram esta Festa de Nossa Senhora na mesma data. As pessoas vão às Igrejas, cantam hinos a Nossa Senhora e isto é preparado também com o jejum”.

A Mãe de Cristo é olhada com respeito e venerada também pelos muçulmanos. Poderíamos dizer que a liberdade religiosa continua a ser um bom termómetro deste mosaico de culturas que é a Síria?

“Em relação à Síria, sempre existiu uma satisfatória liberdade religiosa, com respeito de uns pelos outros, e Nossa Senhora é também por eles muito venerada: é mencionada no Alcorão e eles têm muito respeito pela Mãe de Cristo, que eles consideram um grande Profeta. Participam também eles deste clima de festa dos cristãos. Neste ano, que é o sétimo ano de guerra, existe esta particularidade, que é uma diminuição da violência em termos gerais, um pouco por todo lado, mesmo se em algumas áreas ainda existe muito sofrimento. Sobretudo na região do Governatorato de Raqqa existem muitas pessoas que tiveram que escapar, muitos refugiados desde abril nesta parte: fala-se de 200 mil pessoas. Portanto, existe um pouco de esperança de que a situação melhore um pouco”.

Poderíamos dizer então, que depois de sete anos de guerra e de violência, a comunidade cristã pode ter um pouco de esperança nestes dias?

“Eu diria que sim. Neste momento, tenho presente três paróquias que estão na região de Idlib. No total, existem 700 fiéis e não obstante tantas limitações, têm a possibilidade de viver a sua liturgia com as suas orações, todos os dias. Imagino a alegria com a qual esta comunidade, não obstante tudo, celebram esta Festa da Assunção. Aqui a devoção por Nossa Senhora é muito, muito forte; as igrejas, os mosteiros dedicados à Virgem, são muito numerosos e sem sombra de dúvida se elevam fortes invocações de oração pela paz, pela reconciliação na Síria”.

Que notícias chegam das regiões do conflito? A Igreja Católica síria permanece na linha de frente nas ajudas humanitárias e na promoção do diálogo?

“Agradecemos às nossas comunidades cristãs católicas do mundo inteiro que enviam ajudas constantemente; aqui, as Igrejas estão comprometidas no esforço de organizar sempre melhor esta assistência a todos, cristãos e não cristãos. Me refiro em particular a Aleppo Leste, que está toda destruída, onde já desde janeiro foram abertos centros da Caritas Siria para a distribuição de ajudas e assistência. É uma área totalmente muçulmana: alguns se maravilharam e perguntaram: “Por que vocês cristãos estão aqui e nos ajudam?”. Estes são os sinais da nossa presença na Síria: de abertura aos outros”. (BS/JE/MG)








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