Praça de São Pedro bastante cheia de fiéis neste domingo de meados de agosto, mês de férias no hemisfério norte, para ouvir as reflexões do Papa, ao meio dia, e rezar com ele o Angelus.
Francisco comentou o Evangelho deste domingo, em que São Mateus descreve Jesus que caminha sobre as águas no lago da Galileia. Depois de ter passado a noite a rezar nas margens do lago, Jesus se dirige ao barco dos seus discípulos que se encontrava bloqueado no meio do lago devido a um forte vento contrário. Jesus vai em direcção a eles caminhando sobre as águas e os discípulos enchem-se de medo, pensando que se trata de um fantasma. Mas Jesus diz-lhes: “Coragem, sou eu, não tenhais medo!” E Pedro diz-lhe: “Senhor, se és tu, ordena que eu vá em direcção a ti, sobre as águas”; e Jesus chama-o: “Vem!”. Mas por causa do vento ele começa a vacilar e a afundar e grita “Senhor salva-me!” e Jesus lhe estende a mão e segura-o.
Um conto que faz reflectir sobre a nossa fé – disse o Papa:
“Este conto do Evangelho contem um rico simbolismo e nos faz reflectir sobre a nossa fé, tanto como indivíduos, que como comunidade eclesial, e mesmo a nossa fé de nós que estamos aqui hoje, na Praça. A comunidade, esta comunidade eclesial tem fé? Como é a fé de cada um de nós e a fé da nossa comunidade?” – perguntou Francisco recordando que o barco descrito no Evangelho é a vida de cada um de nós, mas também a vida da Igreja.
“O vento contrário representa as dificuldades e as provações. A invocação de Pedro “Senhor ordena que vá em direcção a ti!” e o seu grito: “Senhor salva-me” assemelham muito ao nosso desejo de sentir a proximidade do Senhor, mas também o medo e a angústia que acompanham os momentos mais duros da nossa vida e das nossas comunidades, marcada pela fragilidade interna e por dificuldades externas”.
O Papa fez depois notar que tal como Pedro a quem não bastaram as palavras de Jesus para se sentir seguro, também a nós pode acontecer o mesmo e sermos levados até a recorrer a horóscopos e cartomantes e quando isto acontece é que estamos afundar. E sublinhou que o Evangelho deste domingo nos recorda que a fé no Senhor e na Sua Palavra não nos abre um caminho onde tudo é fácil e tranquilo e pediu repetidamente que não nos esqueçamos isto:
“A fé nos dá a segurança de uma Presença, a presença de Jesus, que nos leva a ultrapassar as tempestades existenciais, a certeza de uma mão que nos agarra para nos ajudar a enfrentar as dificuldades, indicando-nos o caminho, mesmo quando é escuro. Em suma, a fé não é uma via de fuga dos problemas da vida, mas nos apoia no caminhada e lhe dá um sentido”.
O Papa afirmou ainda que o episódio do Evangelho deste domingo é uma imagem extraordinária da realidade da Igreja de todos os tempos: uma barca que ao longo da travessia tem de enfrentar ventos contrários e tempestades que ameaçam tomar conta dela.
“O que a salva não são a coragem e a qualidade dos seus homens: a garantia contra o naufrágio é a fé em Cristo e na sua Palavra. Esta é a garantia: a fé em Jesus Cristo e na sua Palavra.”
Nesta barca estamos seguros não obstante as nossas fraquezas e misérias, sobretudo quando nos ajoelhamos para adorar Cristo e, tal como fizeram os discípulos lhe dizemos “Tu és verdadeiramente o Filho de Deus” – disse Francisco que rematou:
“Que belo dizer a Jesus esta palavra “Tu és verdadeiramente o Filho de Deus!”
E pediu aos presentes que o repetissem juntamente com ele e depois deixou-os dizê-lo sozinhos…
O Papa concluiu pedindo à Virgem Maria para nos ajudar a permanecer bem firmes na fé para resistirmos às tempestades da vida, a permanecermos na barca da Igreja, afastando a tentação de subir para as embarcações atraentes, mas inseguras das ideologias, das modas, e dos slogans.
Depois da oração do Angelus, o Papa saudou diversos grupos presentes na Praça de São Pedro, e pediu que nos esqueçamos de rezar por ele.
(DA)
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