2017-06-06 10:42:00

Carestia na África Subsaariana, milhões de pessoas em risco: ONU


É de desespero a situação humanitária no Sahel e em grande parte da África Subsaariana onde, segundo um recente relatório da ONU, cerca de 26 milhões de pessoas estão em risco por falta de comida e água. Quase 10 milhões de pessoas encontram-se, há já três meses, numa situação de gravíssima emergência, número destinado a aumentar dramaticamente nas próximas semanas se não houver intervenções iminentes. E as organizações não-governamentais lançam um apelo desesperado à comunidade internacional.

A África Subsaariana está morrendo de fome e sede. Uma das mais graves crises humanitárias das últimas décadas reduziu ao desespero, em toda a área, cerca de 26 milhões de pessoas. Em Países como o Chade, Camarões, Níger, Nigéria, são mais de 7 milhões os que não têm acesso a alimentos e água. Apenas a ponta do iceberg, segundo um recente relatório da ONU, que estima para os próximos três meses um agravamento tal da situação ao ponto de pôr em perigo de morte milhões das pessoas envolvidas nos 16 Países do Sahel.

A coordenação humanitária da ONU para o Sahel sublinha que é difícil até mesmo estimar quantos seres humanos vão morrer por falta de alimentos nos próximos meses. Os cenários dos Países geralmente mais devastados pela carestia, se tornam ainda mais graves por factores locais específicos. Como no Níger onde os habitantes que sofrem de crise alimentar, e que passaram de 748 mil a 1,3 milhões nos últimos tempos, são afectados na região de Diffa também de surtos de meningite e hepatite E.

Na Nigéria, ao invés, é o terrorismo islâmico que mantém vítimas da fome os habitantes: os militantes do Boko Haram, de facto, que por quase uma década semeiam terror e morte, bloqueiam o acesso às ajudas humanitárias. Mas o terrorismo é apenas uma consequência, na Nigéria como em outras partes do Sahel, de causas muito mais profundas que provocaram a crise, de acordo com Nora McKeon, director da associação "Terra Nova”:

"Principalmente, durante décadas, tem havido um empobrecimento do tecido económico e social das zonas rurais, onde ainda vive a maioria da população, e isto graças  a políticas que têm privilegiado os produtos de exportação - cacau, café, algodão - em vez de produtos alimentares destinados aos mercados internos. O resultado destes programas políticos foi a expropriação aos camponeses de suas terras e a desintegração da agricultura familiar, que é o fundamento da paz social, mas também da conservação do ambiente do Sahel”.

E apesar de uma época agrícola satisfatória no ano passado, diz o relatório da ONU, o Níger tem um défice alimentar de mais de 12 milhões de toneladas, ou seja, 48% da demanda nacional. No Sudão do Sul, pelo contrário, a catástrofe seria a consequência directa de um conflito prolongado pelos líderes do País julgados por muitos como incapazes de privilegiar o bem da população. São urgentes, portanto, ajudas humanitárias orientadas por parte da comunidade internacional, a quem as organizações não-governamentais lançam o apelo a quebrar o silêncio sobre a tragédia humanitária em curso e a estruturar planos de investimento eficientes, resultados muitas vezes desastrosos, como conclui Nora McKeon:

"A União Europeia e os seus membros, procurando responder  às causas profundas da crise não encontra nada melhor a fazer que exacerbar estas mesmas causas, usando os fundos públicos - através do chamado 'plano de investimento externo' - para facilitar os investimentos das empresas agrícolas europeias na agricultura africana, em nome da modernização da agricultura, promovendo um modelo de produção errado, em vez de reforçar a agricultura familiar, o desenvolvimento rural e os mercado internos”. (BS)








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