2017-04-13 14:32:00

Papa aos sacerdotes: levai ao mundo a alegria do Evangelho


O Papa Francisco presidiu nesta Quarta-feira Santa (13/04), na Basílica de São Pedro do vaticano, à Missa Crismal, na presença de milhares de sacerdotes e fiéis. Na sua homilia, e comentando as palavras de Jesus na Sinagoga de Nazaré, Francisco começou por reiterar que o Senhor, Ungido pelo Espírito, leva a Boa-Nova aos pobres e que tudo aquilo que Ele anuncia é Boa-Nova e alegra com a alegria evangélica. O mesmo se diga dos sacerdotes, de quem foi ungido nos seus pecados com o óleo do perdão, e ungido no seu carisma com o óleo da missão, para ungir os outros – disse o Papa, acrescentando:

“E, tal como Jesus, o sacerdote torna jubiloso o anúncio com toda a sua pessoa. Quando pronuncia a homilia – breve, se possível –, fá-lo com a alegria que toca o coração do seu povo, valendo-se da Palavra com que o Senhor o tocou na sua oração. Como qualquer discípulo missionário, o sacerdote torna jubiloso o anúncio com todo o seu ser”.

A Boa-Nova pode parecer simplesmente um modo diferente de dizer «Evangelho» como «feliz anúncio» ou «boa notícia», prosseguiu Francisco, contudo ela contém algo que é síntese de todo o resto: a alegria do Evangelho, resume tudo,  porque é jubilosa em si mesma. A Boa-Nova é a pérola preciosa do Evangelho, é uma missão e nasce da Unção, a primeira das quais, a «grande unção sacerdotal» de Jesus, foi feita pelo Espírito Santo no seio de Maria, fazendo-a cantar o Magnificat.

Portanto, Boa-Nova, numa única palavra – Evangelho – que, no acto de ser anunciada, se torna verdade jubilosa e misericordiosa, sublinhou o Papa, advertindo, porém, que ninguém deve procurar separar as três graças do Evangelho: a sua Verdade – não negociável –, a sua Misericórdia – incondicional com todos os pecadores – e a sua Alegria – íntima e inclusiva, mas que verdade, misericórdia, alegria, caminhem sempre as três juntas:

“Nunca a verdade da Boa-Nova poderá ser apenas uma verdade abstracta, uma daquelas que não se encarnam plenamente na vida das pessoas, porque se sentem mais confortáveis na palavra escrita dos livros; nunca a misericórdia da Boa-Nova poderá ser uma falsa compaixão, que deixa o pecador na sua miséria, não lhe dando a mão para se levantar nem o acompanhar para dar um passo mais no seu compromisso, e nunca a Boa-Nova poderá ser triste ou neutra, porque é expressão duma alegria inteiramente pessoal: «a alegria dum Pai que não quer que se perca nenhum dos seus pequeninos».

E o Papa falou em seguida das alegrias do Evangelho, usando agora o plural, porque são muitas e variadas, disse, segundo o modo como o Espírito as quer comunicar em cada época, a cada pessoa, em cada cultura particular. São alegrias especiais que nos chegam em odres novos, os odres de que fala o Senhor para exprimir a novidade da sua mensagem. E Francisco referiu-se de três ícones de odres novos em que a Boa-Nova se conserva bem, sem se tornar vinagre, e se derrama em abundância: as talhas de pedra das Bodas de Caná, o cântaro (com a concha de pau) que a Samaritana trazia à cabeça e o odre do coração trespassado do Senhor.

Sobre o ícone das talhas de pedra das bodas de Caná o Papa ressaltou que estas espelham bem aquele Odre perfeito que é, em Si mesma, a Virgem Maria. Maria é, na verdade, o odre novo da plenitude contagiosa; ela é «a serva humilde do Pai, que transborda de alegria no louvor», é a Senhora da prontidão, Aquela que, logo que concebeu no seu seio imaculado o Verbo da vida, partiu para ir visitar e servir a sua prima Isabel – explicou o Papa.

Em relação ao segundo ícone da Boa-Nova, Francisco observou que o cântaro, com a sua concha de pau, que a Samaritana trazia à cabeça exprime muito bem uma questão essencial: ser concreto. A Samaritana tirou água do seu cântaro com a concha e saciou a sede do Senhor, e saciou-a ainda mais com a confissão dos seus pecados concretos, disse o Santo Padre, apontando o exemplo de Madre Teresa de Calcutá:

“Um odre novo com esta concretização inclusiva, o Senhor nos presenteou na alma «samaritana» que foi Madre Teresa de Calcutá. Ele chamou-a e disse-lhe: «Tenho sede». «Vem, pequenina minha! Leva-Me aos tugúrios dos pobres. Vem! Sê a minha luz. Não posso ir sozinho. Não Me conhecem, por isso não Me querem. Leva-Me a eles». E ela, começando por um pobre concreto, com o seu sorriso e o seu modo de tocar as feridas com as mãos, levou a Boa-Nova a todos. E o sacerdote é o homem do concreto, da ternura”.

Por último, o Papa Francisco falou do terceiro ícone da Boa-Nova, o imenso Odre do Coração trespassado do Senhor: integridade suave, humilde e pobre, que atrai todos a Si. Dele devemos aprender que, anunciar uma grande alegria àqueles que são muito pobres, só se pode fazer de forma respeitosa e humilde, até à humilhação, pois a  evangelização não pode ser presunçosa, nem pode ser rígida a integridade da verdade, e esta integridade suave dá alegria aos pobres, reanima os pecadores, faz respirar aqueles que estão oprimidos pelo demónio.

Queridos sacerdotes, disse o Papa a concluir, que a Boa-Nova tenha em nós a plenitude contagiosa que Nossa Senhora transmite com todo o seu ser, a concretização inclusiva do anúncio da Samaritana e a integridade suave com que o Espírito brota e Se derrama incessantemente, do Coração trespassado de Jesus, Nosso Senhor. (BS)








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