2017-03-21 10:30:00

Francisco: genocídio em Ruanda, desfigurado o rosto da Igreja


O Papa Francisco, recebeu, nesta segunda-feira (20/03) no Vaticano, o Presidente de Ruanda Paul Kagame, e manifestou o seu profundo pesar pelo genocídio contra os Tutsis em 1994 e pediu perdão por aqueles membros da Igreja que cederam ao ódio e à violência, traindo a própria missão evangélica.

A nota divulgada pela Secretaria de Estado informa que foram destacadas as boas relações entre a Santa Sé e Ruanda e enaltecido o caminho rumo à estabilização social, política e económica do País. Foi também ressaltada a colaboração entre o Estado e a Igreja local na obra de reconciliação nacional e pacificação. Neste contexto, o Papa expressou a dor sua, da Santa Sé e de toda a Igreja pelo genocídio contra os membros da etnia Tutsi, manifestando solidariedade pelas vítimas e por todos os que ainda padecem as consequências daqueles eventos.

O Papa, que se reuniu por 20 minutos a portas fechadas com o Presidente, havia oferecido em 2014 o apoio da Igreja Católica para a reconciliação em Ruanda, por ocasião dos 20 anos de genocídio.

O massacre de quase um terço da população ruandesa foi perpetrado pela maioria Hútu perante a total indiferença do resto do mundo.

Perdão em nome da Igreja

“Em linha com o gesto de São João Paulo II, no Grande Jubileu de 2000, Francisco implorou o perdão de Deus pelos pecados e faltas da Igreja e de seus membros – sacerdotes, religiosos e religiosas – que cederam ao ódio e à violência, traindo sua missão evangélica”, consta na nota.

O Pontífice disse esperar que este humilde reconhecimento da omissão da Igreja naquela circunstância – que deturpou o rosto da Igreja – contribua para ‘purificar a memória’ e promover com esperança e confiança um futuro de paz, testemunhando que é concretamente possível viver e trabalhar juntos quando a dignidade da pessoa humana e o bem comum são colocados no centro.

Enfim, os dois Chefes de Estado trocaram opiniões sobre a situação política e social da região, especialmente em relação às áreas atingidas por conflitos ou calamidades naturais. Ambos se mostraram preocupados com o grande número de refugiados e migrantes sem assistência e apoio por parte da comunidade internacional e dos organismos regionais.

Em apenas três meses de 1994, o genocídio de Ruanda deixou 800 mil mortos e dois milhões de refugiados.

Troca de presentes

Francisco ofereceu a Kagame uma medalha representando “um deserto que se tornou um jardim”, numa alusão ao País em reconstrução, após o genocídio.
O presidente ruandês deu ao Papa uma vara tradicional africana “para convocar as pessoas”. (BS/CM)








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