2017-02-19 15:36:00

Papa na Paróquia de Santa Maria Josefa: oração, antídoto contra o ódio


O Papa Francisco saiu, do Vaticano, às 15h locais e chegou à Paróquia de Santa Maria Josefa do Coração de Jesus poucos minutos depois. Ao chegar, foi acolhido pelos fiéis que estavam à sua espera, pelo Vigário do Papa para a Diocese de Roma, Cardeal Agostino Vallini, pelo bispo auxiliar do sector leste da cidade, Dom Giuseppe Marciante, e pelo pároco Francesco Rondinelli.


A Igreja estava repleta de fiéis e fora dela milhares de pessoas. Nas varandas dos apartamentos vizinhos foram colocadas várias faixas com as escritas “Viva o Papa”.

A seguir, o Papa se encontrou com as crianças de 6 a 11 anos, no salão paroquial, que fizeram várias perguntas ao Pontífice. Uma delas perguntou a Francisco como ele se tornou Papa. Outra perguntou se precisava pagar para ser Papa: “Não”, respondeu o Pontífice, “os cardeais me elegeram com a ajuda do Espírito Santo”.

Foi perguntado também ao Papa quais foram os momentos mais difíceis de sua vida. Ele respondeu que foram muitos, porém, o mais difícil foi quando ele teve uma infecção que causou a remoção de um pulmão quando tinha vinte anos. “Mas a vida é bela”, acrescentou, “e as dificuldades se superam”.

A seguir, o Santo Padre se encontrou com os idosos, os doentes, os casais que bautizaram seus filhos no mês passado, e as famílias ajudadas pela Caritas.

Depois, o Papa presidiu a celebração eucarística e na sua homilia frisou que “as leituras de hoje contêm uma mensagem única. A primeira leitura, nos diz para sermos santos, porque o nosso Deus é Santo. No Evangelho, Jesus nos diz para sermos perfeitos como o Pai do céu. “Este é um programa de vida”, disse o Papa.

“Qual é o caminho para alcançar a santidade? Jesus explica bem no Evangelho de hoje e explica com coisas concretas: Primeiramente, foi dito olho por olho e dente por dente, mas eu lhes digo para não se opor ao inimigo. Nada de vingança. Se eu tenho no coração rancor por alguma coisa que alguém me fez, isso me distancia do caminho da santidade. Você me fez isso! Vai me pagar. Isso não é cristão. Você vai me pagar não é linguagem de um cristão. Se alguém lhe der um tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda! O rancor é algo feio.”

Vemos nos jornais as grandes guerras, massacre de pessoas, de crianças. Quanto ódio! Rancor, desejo de vingança! Mas é o mesmo ódio que você tem no coração por algum parente.

“Perdoar no coração. O perdão é o caminho da santidade. Isso distancia das guerras. Se todos os homens e mulheres do mundo aprendessem isso não existiriam guerras. A guerra começa na amargura, no rancor, no desejo de vingança. E isso destrói famílias, amizades, bairros, destrói muito”.

“O que devo fazer: amar os inimigos e rezar por eles. Rezar por aquele que me fez mal para que mude de vida, para que o Senhor o perdoe. Esta é a magnanimidade de Deus, do Deus magnânimo que perdoa tudo, que é misericordioso. Você também é misericordioso com quem lhe fez o mal? Devemos fazer como Deus. Esta é a santidade. Rezar por aquele que não quer o nosso bem, pelo nosso inimigo. Talvez o rancor permaneça em nós, mas nós estamos fazendo um esforço para caminhar na estrada do Deus misericordioso, bom e perfeito”.

“Rezemos por aqueles que matam as crianças nas guerras. É difícil. Está muito distante, mas temos de aprender a fazer isso para que se convertam. Rezemos por aqueles que estão próximos a nós e querem o nosso mal. A oração é o antídoto contra o ódio, contra a guerra. Guerras que muitas vezes começam em casa, nos bairros, nas famílias por herança. Quantas famílias se destroem por causa de herança! A oração é potente, vence o mal e traz a paz.”

O amplo bairro Castelverde que Francisco visitou surgiu em 1950, quando nessa área se estabeleceram os imigrados italianos vindos da região das “Marche” que lhe deram o nome de “Castellaccio” devido à presença da torre de um antigo castelo. Bonificado, foram ali construídas as primeiras casas e uma igreja.

Em Setembro de 1966, sob pedido do então pároco, Alfredo Maria Sipione, ao Presidente da Câmara de Roma, o bairro tomou o nome de “Castelverde”, denominação oficializada por ocasião da visita pastoral do Papa Paulo VI.

A partir do ano 200, o bairro passou por uma grande expansão urbanística com uma zona completamente nova chama “Lunghezzina 2”, pois que Castel Verde se situa entre a conhecida Via Prenestina a Sul de Roma e Lunghezza a norte.

O bairro foi visitado também pelo Papa João Paulo II em Dezembro de 2001, tendo o Pontífice inaugurado nessa ocasião uma nova Igreja para uma comunidade que até então celebrava a missa numa garagem. Isso alimentou a esperança numa vida digna e cristãs nas faixas mais penalizadas pela pobreza.

Mas passados 15 anos, disse o actual pároco, Francesco Rondinelli, embora se trata de gente generosa, as dificuldades persistem. A população quase que quadruplicou, sendo hoje cerca de vinte mil habitantes. Foi construída uma nova escola e um grande centro comercial, e nada mais. A degradação continua: muita pobreza e muito desemprego. E o pároco afirma – em jeito de apelo – que seria necessário uma grande empresa que desse trabalho a quem morra na zona. Ele considera que há muita gente disposta a fazer mesmo trabalhos humildes e desejosa de viver dignamente. Há também muitos estrangeiros na zona e a integração é difícil – assegura o P. Francesco rematando que se trata de uma “normal” e complicada vida de periferia.

Com 39 anos de idade, ex-cozinheiro, o P. Francesco diz ter tido uma vocação tardia, mas que abriu um novo e belo, muito belo, capítulo na sua vida.

O seu programa pastoral é fazer da paróquia uma luz, um ponto de referência para os habitantes de Castel Verde. “Temos uma bela sala teatral, pode ser um importante ponto de agregação para o crescimento humano e cultural” – frisa, sublinhando todavia, que o centro das actividades é a “evangelização”, pois que a comunidade deve “crescer espiritualmente”. E a visita neste domingo 19 do Papa Francisco é um trampolim importante para esse crescimento. “Só a notícia da sua vinda – afirmou o P. Francisco a um jornalista de L’Osservatore Romano – fez reflorescer muitos corações. Foi como que uma recuperação da identidade. A partir disso podemos lançar as bases para um trabalho conjunto, maravilhoso”, juntos – conclui – porque “a paróquia deve tornar-se a casa das pessoas”.

(DA/MJ)








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