2017-01-30 13:02:00

Somália: mais violência do al Shabaab, esperando novo Presidente


Não pára a violência dos extremistas islâmicos al Shabaab na Somália: pelo menos 28 as últimas vítimas, enquanto o País aguarda a eleição do novo chefe de Estado, fixada – depois de numerosos adiamentos – para o próximo dia 8 de fevereiro.

Uma dinâmica que, infelizmente, já é habitual: um ataque com bombas e incursões armadas num hotel frequentado por políticos e empresários internacionais. Aconteceu mais uma vez em Mogadíscio: um comando da milícia al Shabaab detonou um carro-bomba diante do portão do hotel Dayah da capital somali, como tinha acontecido meses atrás também ao hotel Nasa-Hablod ou o Ambassador. Depois de uma segunda explosão, os extremistas islâmicos entraram no prédio, matando dezenas de pessoas, incluindo dois líderes tribais. Para pôr fim ao ataque intervieram as forças especiais da Somália. A Rádio Vaticano entrevistou Liliana Mosca, Docente de História da África na Universidade Federico II de Nápoles:

"Os ataques aos hotéis estão um pouco na linha de toda a política do al Shabaab que, para além da sua ligação com o Al Qaeda, é uma organização terrorista muito somali, na sua ideologia e nos seus objectivos. Praticamente já há algum tempo que está longe dos centros urbanos, se retirou no campo, nas áreas rurais. Uma maneira de se apresentar na cena internacional é, portanto, atacar locais de reunião de estrangeiros, jornalistas, turistas se houver, e organizações internacionais. Uma síntese da sua actividade só pode ser dada desta maneira”.

O País está passando por uma difícil transição política. No próximo dia 8 de fevereiro, o Parlamento elegerá um novo Presidente, depois de várias tentativas falhadas desde agosto do ano passado por instabilidade, insegurança, lutas internas:

"Falharam pelas razões pelas quais os governos anteriores também tinham falhado: por corrupção, por falta de dinheiro, erosão e pouca credibilidade do poder. É verdade que estas eleições foram, de facto, pagas por organizações internacionais, sobretudo patrocinadas pelos EUA e Reino Unido mas, infelizmente, é também verdade que existe muita violência. E depois houve grandes atrasos”.

Para eleger o novo Presidente será um Parlamento escolhido apenas de 14 mil eleitores delegados de 12 milhões de habitantes, se bem que em perspectiva, para as eleições de 2020, fala-se de sufrágio universal”:

"Seria necessário, antes de tudo, fazer as listas eleitorais que são, contudo, uma despesa enorme! Como se pode chegar no campo, sobretudo nas regiões onde ainda está presente o al Shabaab? Este dito governo é basicamente um governo dos centros urbanos e nada mais. Portanto é difícil mesmo convencer as populações a irem votar. Mas depois, como aconteceu em 2011, o País está novamente indo ao encontro de graves secas, falta de alimentos, água, medicamentos. Todos continuam a falar de um "failed State”, um Estado falhado. A tentativa que se fez para realizar estas eleições quer levantar deste País esse rótulo, mas será realmente muito difícil”.

O que falta, neste quadro geral, é a voz das realidades locais. Disto está convicto Dom Giorgio Bertin, Bispo de Djibuti e Administrador Apostólico de Mogadíscio, entrevistado por Sarah Bakaloglou:

"A situação na Somália continua muito instável. Eu penso que não se tem feito muito em favor do povo somali. Os vários governos de transição - federais e outros - dos últimos dez anos tiveram um certo apoio da comunidade internacional, mas não tanto ao nível da comunidade nacional. A impressão tem sido que os vários actores políticos se têm preocupado com a sua sobrevivência política ou económica, em vez do bem-estar da população. E então, provavelmente o trabalho a fazer é o de reforçar as realidades locais; temos exemplos como o  Somaliland, o Puntland, e em parte o Jubaland. Estas realidades estão mais próximas da realidade da sua população e, portanto, seria necessário desenvolver este sentido de autoridade local que deveria ter o papel de coordenar os esforços para fazer renascer uma instituição estatal, partindo portanto não tanto de cima, mas da base”. (BS)








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