2017-01-05 17:29:00

Papa às vítimas do terremoto: “mãos e corações de todos para reconstruir”


O Papa recebeu na Sala Paulo VI cerca de 7.000 pessoas atingidas pelos terremotos ocorridos de agosto de 2016 ao presente mês de janeiro, no centro da Itália. Francisco fez um discurso improvisado, reflectindo sobre os testemunhos ouvidos.

A “A audiência – como explica o arcebispo de Spoleto-Norcia, Dom Renato Boccardo – foi dedicada especialmente aos que perderam parentes, casas, terras e segurança económica: pessoas que foram de certo modo feridas pelo terremoto e carecem de consolo e esperança”.

O pároco de Abbazia di S. Eutizio in Preci, Pe. Luciano Avenati, saudou o Pontífice em nome de toda a delegação.

“Vítimas do terremoto no corpo, mas não na alma”, disse o padre, apresentando o grupo. “Não temos mais casas, mas tivemos muitas reconciliações nos últimos meses. Redescobrimos ser uma grande família”.

Reconstruir, mãos e ferida

O discurso do Papa, feito espontaneamente, teve três palavras-chave: “reconstruir”, não só as casas, mas também os corações; “mãos”, como as que removeram os escombros e as que, como as de Deus, que reconstroem; e “feridas”, que se curam, mas que deixam cicatrizes.

“Na vossa situação, o pior que eu poderia fazer é um sermão!”, começou Francisco, explicando a sua decisão de não proferir o discurso preparado para o encontro. Ao contrário, preferiu comentar as palavras mencionadas nos testemunhos que acabara de ouvir, detendo-se especialmente no termo “ferida”.

“Cada um sofreu alguma coisa, alguns perderam tanto: casa, filhos, pais... O silêncio, o carinho e a ternura do coração nos ajudam a não ferir e fazem milagres na hora da dor!”, disse o Pontífice, lembrando o discurso feito pelo pároco.

“Houve reconciliações, foram deixados de lado rancores e nos reencontramos juntos, numa nova situação... com beijos, abraços e ajuda recíproca... e também com o pranto. Chorar só faz bem; nos expressamos diante de nós e de Deus, mas chorar juntos é melhor. E nós choramos juntos. Estas coisas me vieram no coração quando li e ouvi os seus testemunhos”, revelou o Papa.

O agradecimento e o reconhecimento pelo bom exemplo

Em seguida, Francisco se dirigiu aos presentes afirmando: “Vós sabeis que eu estou próximo de vós. Quando soube do que tinha acontecido naquela manhã, (24 de agosto) e recém-acordado, encontrei um bilhete que me informava dos dois tremores, eu senti duas coisas: a primeira foi ‘tenho que ir lá’ e a segunda foi ‘a dor’. Senti dor, muita dor, e com este sentimento, fui celebrar a missa da manhã. Obrigado pela vossa presença aqui hoje e em algumas audiências nos últimos meses. Obrigado por tudo o que fizestes com o vosso exemplo para construir, reconstruir os corações, as casas e o tecido social

Papa baptizará bebés das áreas do terremoto

No próximo dia 14 de janeiro, o Papa Francisco baptizará oito bebés nascidos em Amatrice e Accumoli, cidades do centro da Itália devastadas pelo terremoto de 24 de agosto.

O anúncio foi feito por Dom Domenico Pompili, bispo de Rieti, diocese em que se encontram os dois municípios. A cerimónia será à tarde, na Casa Santa Marta, residência do Pontífice no Vaticano. A ideia amadureceu durante a visita do Papa a Amatrice, em 4 de outubro passado. Enquanto cumprimentava a população, uma senhora lhe apresentou o seu bebé para ser abençoado e disse que seu maior sonho era que o Papa o baptizasse. (bs/cm)








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