2016-12-16 16:48:00

Mali-UE. Assinado acordo sobre os migrantes e cooperação


A União Europeia assinou com o Mali o primeiro de uma série de acordos para facilitar o regresso dos migrantes cujos pedidos de asilo foram rejeitados, com o objectivo de conter a imigração, enfrentando as suas causas nos países de origem e trânsito. Francesco Gnagni, da Rádio Vaticano, falou com Luigi Serra, ex-decano da Faculdade de Estudos Árabe-islâmicos na Universidade Oriental de Nápoles e perito na matéria:

Creio que a atitude e a escolha feita pela União Europeia pode deixar esperar uma mudança. Eu penso que os fluxos migratórios são irreversíveis, porque contribuem para dois fenómenos contextuais, cada um deles concatenado com o outro e explicável com o outro. Ou seja, estamos autorizados a pensar que, com a incapacidade de resolver este grande problema, estamos a despovoar a África das suas melhores forças, os jovens; sob o outro ponto de vista se está a traumatizar o equilíbrio sociocultural e sociopolítico, provavelmente se poderia também adicionar demográfico, europeu e ocidental.

E de facto, o ministro dos Negócios Estrangeiros holandês disse que só desta forma, isto é através da cooperação, se pode enfrentar o problema da migração pela raiz. Partilha estas palavras?

Por detrás deste acordo já se pode começar a trabalhar para criar vectores, instrumentos, percursos de cooperação. Porque é a única maneira! Nós devemos intervir naqueles lugares; devemos dar confiança aos povos africanos, quaisquer que sejam os custos da Europa. Porque trata-se de investir no capital humano, as culturas, as civilizações; de agir dentro dos percursos religiosos, e muito mais. Deste modo, qualquer custo já não é um custo, mas apenas um investimento! Temos que dar confiança aos africanos, convencendo-os que permanecer na sua terra, ajudando-os talvez a fazer da África aquilo que recentemente se dizia em Dakar num seminário do pensamento africano: "L'avenir du monde se joue en Afrique (o futuro do mundo se joga em África)”.

E a Europa, muitas vezes, parece não se aperceber disto. O acordo, contudo, prevê também uma série de iniciativas para promover o emprego dos jovens no Mali. Qual é, então, a situação no País?

O Mali está no centro desta dinâmica, encaixado entre Níger, Chade, Nigéria, Argélia, Líbia: Países que, alguns,  na calma aparente, têm os seus problemas  (refiro-me à Mauritânia, refiro-me ao Marrocos, a Argélia e, em parte, a Tunísia), e outros que, na sua dimensão actual, têm as suas tragédias (e penso directamente na Líbia). Portanto, é um caldeirão de vectores, no qual a falha da humanidade pode ser implementada. E não só por causa dos contrastes, devidos a forças internas nesses Países, o grande problema do terrorismo interpretado e implementado pelo Boko Haram agora em serviço e quanto mais …

Quais são os resultados alcançados até agora e quais, ao invés, as emergências no Mali?

A emergência do País é, antes de tudo, de ir além das expectativas que MINUSMA consentia de imaginar, visto que estes contingentes de presença militar concordada e de supervisão no Mali entre as forças locais e a ONU não deram nenhum resultado efectivo. Porque o risco de confrontos, o risco de conflito era forte e ainda permanece forte dentro dos componentes. O problema é de ancorar os jovens antes de tudo por meio de programas de aculturação, quer do ponto de vista puramente intelectual e cultural, da formação e da educação, quer também do ponto de vista da identificação de áreas de actividade, coerentes com as tradições locais, com as disponibilidades locais de bens e estruturas, dando assim ao jovem e aos jovens uma certeza de continuidade no caminho escolhido através de apoios efectivos. E penso nos investimentos; penso nos formadores; penso em processos de educação, tanto no material como no espiritual …








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