2016-12-09 15:23:00

Mulheres no Vaticano já têm uma Associação


Foi lançada há poucos dias no Vaticano a primeira Associação de Mulheres que trabalham no Vaticano, na Santa Sé e em Instituições a ela ligadas. Dela podem fazer parte mulheres leigas e religiosas, em serviço ou na reforma. “D.VA” (Donne in Vaticano) Mulheres no Vaticano, é o acrónimo da Associação, cujo estatuto foi aprovado pelas autoridades competentes e o Acto Constitutivo foi assinado a 1 de setembro deste ano no “Governatorato”, onde D.VA foi registada como ente civil do Vaticano. Um acontecimento inédito no pequeno Estado pontifício.  As doze fundadoras consideram que as mulheres são um recurso precioso a ser valorizado nos lugares de trabalho e em todos os ambientes de vida e actividades no Vaticano – lê-se no comunidade difundido por D.VA, através da Sala de Imprensa da Santa Sé. Em entrevista realizada por Adriana Masotti, da secção italiana da Rádio Vaticano, Romilda Ferrauto, vice-presidente de D.VA explica como nasceu a Associação:  

“É preciso dizer que esta iniciativa nasceu espontaneamente por obra de um grupo de mulheres que costumavam encontrar-se entre si e sentiram a necessidade de criar uma rede de amizade e de solidariedade. Provavelmente sentiram esta necessidade porque sentiram que eram uma minoria e que era necessário reagrupar-se, estar juntas.  Mas em nenhum momento, houve nem há da nossa parte intenções ideológicas ou reivindicativas, porém à medida que nos íamos reunindo, nos demos conta de que era necessário dar uma estrutura e um reconhecimento oficial ao grupo. Porquê? Porque teria assegurado, antes de mais as autoridades, obviamente, mas também as mulheres que podiam hesitar em aderir a uma associação completamente nova no Vaticano, e ainda para não fazer crer a algumas pessoas que atrás disso havia alguma vontade de fazer reivindicações. E o nosso nunca foi um espaço de reivindicação. A Associação nasceu, portanto, espontaneamente, estruturou-se e agora espera reunir o maior número de sócias possível num projecto todo no advir.”

- Qual é a presença feminina no Vaticano actualmente?

“Segundo alguns estudos feitos por uma das co-fundadoras da Associação, a presença é de cerca de 750 mulheres, o que corresponde a um pouco menos de 20% de todo o pessoal regularmente empregado. É uma presença que, embora, minoritária, se está a tornar cada vez mais significativa. Isto, porém, é um fenómeno novo, porque até ao Concilio Vaticano II, as mulheres eram realmente poucas, mas o número foi aumentando ao longo dos anos.”

- É uma Associação aberta a tantas ideias iniciativas, a tantas ideias… pode dar alguns exemplos?

“O aspecto principal é a amizade, a solidariedade. Solidariedade para acolher as dificuldades, os sofrimentos, os problemas. Queremos ser solidárias entre nós, mas também com outras mulheres, mulheres que sofrem, mulheres que estão em dificuldades. Solidárias também com mulheres que têm coisas a dizer, mas às quais não se dá voz. Depois há o crescer juntas, e se cresce com projectos culturais, profissionais…”

- Na base do nascimento de D.VA o que há do Papa Francisco que muitas vezes fala do papel das mulheres na sociedade e na Igreja, papel que está ainda por ser melhor valorizado e compreendido?

“Há que dizer, antes de mais, que esta ideia é precedente ao Papa Francisco, nasceu ainda sob o pontificado de Bento XVI. E desenvolveu-se depois sob o pontificado do Papa Francisco. Diria que tem muito dos últimos Papas, sobretudo de Paulo XVI e depois do Papa João Paulo II, recordando o “génio feminino”; depois o Papa Bento XVI e agora o Papa Francisco que multiplica as declarações favoráveis a uma maior participação da mulher na vida da Igreja. Eu acho que este pontificado tem aberto muitos espaços novos não só às mulheres mas também a diversas outras categorias de pessoas. Acho que há um clima favorável ao nascimento de uma Associação deste tipo. Além disso, há uma coisa muito importante: nós sentimos que devemos responder a uma chamada do Papa Francisco e dos seus predecessores, a fim de que a mulher assuma maiores responsabilidades na Igreja.

- Quais foram até agora as reacções das mulheres no Vaticano?

“As reacções são muito diversificadas… Houve reacções de medo - não podemos negá-lo - houve numerosas reacções de cepticismo, - “para que serve esta associação?” – mas também de muita expectativa… Eu penso que tratando-se duma associação ainda em construção, muitas mulheres estão a esperar para ver como será… Nós, pelo contrário, convidámo-las a vir, a participar, porque esta Associação construi-la-emos juntas”.

- Sei que houve adesões e entusiasmos…

“Sim, muitíssimas, ficamos muito tocadas pela nossa primeira assembleia oficial! As pessoas que participaram mostraram grande interesse, as perguntas eram muito dinâmicas, precisas. Isto quer dizer que esta Associação responde a uma necessidade e que é oportuna: houve um grande entusiasmo e à medida que ilustrávamos as coisas que tencionamos fazer as pessoas aderiam. Hoje já somos cerca de 60 e estamos só no início”. 

(DA)








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