2016-10-02 10:49:00

Tauran: Papa no Azerbaijão, o diálogo é o caminho para a paz


A dimensão inter-religiosa marca fortemente a breve visita do Papa ao Azerbaijão, onde a maioria da população é muçulmana, com pequenas minorias cristãs-ortodoxas e judaicas.

“A fraternidade invocada no lema da viagem de Francisco já é vivida em muitos aspectos pelos líderes religiosos do país e servirá para relançar ao mundo de hoje uma importante mensagem”, afirma o Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, Cardeal Jean Louis Tauran, entrevistado pela Rádio Vaticano:

“Cada encontro é um dom de Deus, Criador, Pai providente, Deus da paz. E esta viagem tem a particularidade de ser, de qualquer maneira, a continuação da recente viagem à Arménia. Sabemos das fortes tensões existentes entre os dois países. As religiões e os seus líderes, assim como também os seus seguidores, têm uma responsabilidade e uma missão especial pelo diálogo, a reconciliação e a paz”.

Actualmente, como está o diálogo entre judeus, cristãos e muçulmanos no Azerbaijão?

“As informações que temos são positivas. Os líderes religiosos apareceram mais de uma vez juntos, viajam juntos; vieram a Roma juntos. Por outro lado, o próprio governo toma a iniciativa de promover o diálogo intercultural e inter-religioso. Portanto, diria que é um ambiente favorável”.

E isto acaba por ter uma certa influência no país....

“Sim, sim! É um país que é relativamente aberto ao externo”.

Eminência, hoje será a terceira vez que o Papa Francisco entrará numa mesquita, ao lado de um importante líder muçulmano. Poderia dizer-nos se existe algum passo, se existe alguma mudança em andamento em relação ao mundo muçulmano?

“Não, coisas novas não. Porém é importante, porque o Xeique muçulmano de confissão xiita, tem também uma grande responsabilidade a nível regional e usufrui de um grande respeito e simpatia. Os refugiados e os imigrantes, sem distinção de etnia e religião, são acolhidos. Penso que seja importante encorajar esta orientação”.

O que este encontro em Baku entre o Papa e o Xeique poderá dizer ao mundo de hoje, com os seus problemas, os seus questionamentos, sobretudo em relação ao terrorismo, à desconfiança em relação ao outro, o cepticismo e a guerra conduzida em nome da religião?

“Antes de tudo penso que difundirá uma mensagem de paz e de fraternidade, em particular para o Cáucaso onde não faltam tensões de fundo étnico e religioso. E depois, uma outra mensagem para aquela região e para o mundo: o diálogo – e não a guerra – é o caminho principal, o único digno de ser percorrido em direcção à justiça e a paz. O diálogo é conhecer-se, apreciar-se, saber escutar. Estas atenções às pessoas no ordinário da vida são muito importantes, porque é lá que se cria uma cultura da paz e que nasce a esperança”.

(je/gc/sb)








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