2016-10-01 16:24:00

Papa: hoje guerra mundial contra matrimónio, gender é grande inimigo


Esta tarde, às 15.45, hora local, o Papa teve, na Igreja de Nossa Senhora da Assunção, em Tbilisi, um encontro com os sacerdotes, religiosos, religiosas e seminaristas. Ao todo cerca de 250 pessoas. Um encontro denso, distensivo e alegre, mas cheio de ensinamentos importantes.

O Papa ouviu, tomando notas, os testemunhos de um jovem de 23 anos (Kahka) de uma mãe de família (Irina) de um seminarista georgiano (Kote) que está para ser diácono, e de um sacerdote arménio.

No seu discurso, improvisado, o Papa amalgamou as questões por eles apresentadas, começando por provocar uma risada ao falar de uma velhota  arménia, a muito humilde, com um dente de ouro à velha maneira, e que percorreu várias horas de autocarro, para ir da Geórgia onde vive, à Arménia ver o sucessor de Pedro (quando para lá foi) e que, incansavelmente, seguia o Papa nas suas deslocações. E ao perguntar-lhe porque fazia isso, ela respondeu que era a fé.

Um preâmbulo para o Papa falar da firmeza da fé e dos pilares em que assenta: a capacidade de a receber dos outros e de a transmitir aos filhos, aos outros – disse Francisco, recordando que, por essa razão, em Cracóvia, deu aos jovens a missão de falar com os avós, de receber deles e das mães, a água fresca da fé e a fazê-la crescer: “receber a herança da fé  e fazê-la germinar”. Assim como uma planta sem raízes não cresce, também uma fé sem mães e avós não cresce. Mas se a recebermos e não a doarmos, também não cresce – sublinhou Francisco.

Em poucas palavras, firmes na fé significa memória (do passado), coragem (no presente), esperança (no futuro) – rematou o Papa.

Referindo-se ao jovem seminarista que disse ter orgulho de ser católico e sacerdote georgiano, recordando que quando era pequeno, uma vez na missa disse à mãe que queria ser como aquele homem que estava a celebrar, o Papa disse-lhe que isto é todo um percurso, mas que a palavra-chave é memória, memória da primeira chamada, do momento em que o Espirito Santo nos tocou. Todos na vida temos momentos de escuridão, os consagrados também os têm. E quando isto acontece – aconselhou o Papa - não desistir do caminho, não parar, mas voltar com o pensamento àquele momento em que se foi tocado pelo Espírito, naquela carícia através da qual Deus me disse “vem comigo”. E assim a fé permanece firme – disse o Papa – recordando que todos somos pecadores, precisamos de nos confessar e que a Misericórdia, o amor de Jesus, é maior do que os nossos pecados.

O testemunho de Irina que falou da importância da fé no matrimónio, deu a oportunidade ao Papa para se deter sobre a beleza do matrimónio e sobre as ameaças que incubem hoje em dia sobre este sacramento cristão:

Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança e por isso quem paga o preço do divórcio não são só os próprios esposos e as crianças que sofrem muito com isso, mas é também a imagem de Deus que fica manchada – disse o Papa. Por isso,  é preciso fazer de tudo para salvar o matrimónio. É normal que haja dificuldades, litígios, sobretudo quando se mete pelo meio o diabo, apresentando uma mulher mais bonita ou um homem mais competente – disse o Papa - mas nunca ir dormir sem fazer as pazes, porque a guerra fria do dia seguinte é muito pior. E em vez de fazer discursos, optar por uma carícia…

É preciso fazer todo o possível para salvar o matrimónio, ajudando os casais. E se ajuda acolhendo, acompanhando, discernindo, integrando. Na comunidade católica deve-se fazer isso. E no casal nunca esquecer estas palavras: posso?, obrigada, perdão… ter sempre em conta a opinião do outro.

O Papa recordou ainda um outro inimigo do matrimónio hoje: a teoria de género, uma guerra mundial para destruir o matrimónio, não com armas, mas com colonizações ideológicas.

Referindo-se de novo à figura da velhota e da mãe à qual o menino disse que queria ser como aquele homem que celebrava a missa, o Papa disse que as mulheres naquela região do mundo têm fama de ser mulheres de fé. E recordou que a Mãe de Jesus é a nossa mãe, a Igreja, esposa de Jesus é a nossa mãe e que com a Mãe Igreja e a Mãe de Jesus podemos ir para a frente. A mulher! Parece que o Senhor tem preferência pelas mulheres como veículos de fé – disse o Papa, frisando que será a Mãe Igreja, a mulher, a defender a fé.  Os Monges orientais já diziam que quando há turbulência espiritual é preciso refugiar-se sob o manto de Nossa Senhora.

As últimas palavras do Papa foram relativas ao ecumenismo. Recomendou que se deixe à Teologia o tratamento dos problemas abstractos e que se seja amigo do vizinho ortodoxo, sem procurar convertê-lo. Nunca fazer proselitismo com os ortodoxos. São nossos irmãos, irmãs. Mas devido às complexidades históricas, nos separamos – disse Francisco, pedindo a graça de sermos todos libertados da mundanidade e a sermos homens e mulheres da Igreja. “Firmes na fé, sob o manto da Santa Mãe de Deus”,frisou Bergoglio, que concluiu rezando juntamente com a assembleia a “Ave Maria” .

(DA)








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