2016-08-27 17:05:00

Nigéria – Oito pessoas queimadas vivas devido a um caso de blasfémia


Na Nigéria está ainda vivo o horror pela morte de oito pessoas queimadas vivas numa casa na cidade de Zamfara, no norte do País, por um grupo de muçulmanos que perseguiam um jovem estudante convertido ao cristianismo e por isso acusado de blasfémia contra o profeta Maomé.

Isto aconteceu no passado dia 22 deste mês. Os assaltantes chegaram à habitação onde o jovem tinha sido acolhido por alguém que o socorreu - depois de ele ter sido gravemente batido – queimando-o vivo juntamente com as outras oito pessoas que se encontravam na casa.

Unânime a condenação da Igreja cristã no país. Numa declaração da Associação Cristã da Nigéria – CAN – o Presidente da Comissão juvenil da organização, Daniel Kadzai, chamou em causa a o dualismo jurídico que se vive no país: por um lado a Constituição laica da Nigéria e por outro a Sharia, em vigor nos Estados do norte,  de maioria muçulmana.

Enquanto o Governo fala de sucessos na luta contra Boko Haram – disse Kadzai – “é triste constatar que as forças de segurança são incapazes de perseguir e deter quem ataca os cristãos”

Profunda dor pelo ocorrido foi expresso também pelo Fórum dos Anciãos Cristãos da Nigéria (que é também membro do CAN) que denuncia a progressiva islamização do País. Numa nota o Presidente Solomon Asemota, faz notar que os serviços de informação e segurança instituídos pelo Presidente Muhammadou Buhari são compostos essencialmente por islâmicos. Além disso, são também muçulmanos o próprio Chefe de Estado, os Ministros da Defesa e do Interior, respectivamente, e os Chefes de Estado Maior e da Aeronáutica. Também no campo da educação – denuncia o Presidente do Fórum – os lugares-chave são ocupados  por muçulmanos.

O Fórum dos Anciãos Cristãos da Nigéria recusa a recente declaração do sultão de Sokoto, Sa’ad Abubakar, uma das mais altas autoridades do islão sunita no País, e segundo o qual a Nigéria não é uma nação laica, mas sim uma entidade multi-religiosa. Na realidade – sublinha o Fórum – a Constituição da Nigéria estabelece claramente que os Governos nacionais e estatais da Federação nigeriana não podem de modo algum adoptar uma religião como religião do Estado. A declaração do sultão Abubakar – observa a nota – parece mais querer dizer que a Nigéria é composta de duas religiões: o islão e o cristianismo “até quando a religião muçulmana não se tornar, de facto e de direito, a religião oficial da Nigéria”

(LZ/DA) 








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