2016-05-15 17:28:00

Diaconado Feminino na Igreja - Papa vai criar Comissão de Estudo


Como é sabido, teve lugar de 9 a 13 deste mês, em Roma, a Assembleia Plenária, trienal, da União Internacional das Superioras Gerais das Congregações Religiosas - UISG. 900 religiosas de várias partes do mundo participaram nesse encontro que marcou também o encerramento do Jubileu dos 50 anos deste organismo, criado a 8 de Dezembro de 1965.  A comemoração deste jubileu incluiu também um encontro com o Papa Francisco, quinta-feira, 12 na Aula Paula VI, encontro de que se tem falado muito nestes dias e sobre o qual nos vamos deter mais à frente…

Segundo a irmã Carmen Sammut, Missionária de Nossa Senhora da África, Superiora Geral da sua Congregação e Presidente da UISG, esta União surgiu na sequência do Concílio Vaticano II, por vontade do Papa Paulo VI, para adaptar a vida religiosa feminina às mudanças que o Concílio trazia à Igreja.

Nestes 50 anos - explicou a irmã Carmen Sammut a Samuel da secção francesa da nossa emissora - a UISG deu-se conta de que era necessário trabalhar em rede. Talitakum é um exemplo disto. Envolve diversas congregações em 62 países, na luta contra o tráfico humano. Também com a independência do Sudão do Sul, os bispos pediram a solidariedade da UISG, que para lá enviou religiosas de várias Congregações. E lá permanecem empenhadas como enfermeiras, professoras, catequistas… não obstante as dificuldades por que este jovem país tem vindo a passar. A UISG está também presente na ilha italiana da Sicília com um serviço para migrantes e refugiados. São apenas alguns exemplos. Mas quais são os desafios de hoje e que terão certamente debatido na Assembleia Geral? E quais são as especificidades das religiosas, se é que têm especificidades – perguntou ainda Samuel…

 “Falamos muito dos novos e velhos desafios, quer dizer, queremos ver de que modo podemos hoje trabalhar juntamente com muitas outras pessoas. O que é talvez mais específico é o “como”, “o quê” e “porquê” fazemos as coisas e muitas vezes coisas que os leigos e pessoas de boa vontade também fazem. Mas é sobretudo o “como”  e a resposta é: nas pegadas de Jesus, à maneira de Cristo, levar sempre a esperança… é esta realidade que, juntas, queremos transmitir ao mundo”.

Retomando, portanto, o tema deste ano que é “Como tecer uma solidariedade mundial a favor da vida!

Esperamos ver esta boa vontade, este desejo que advertimos na sala durante os nossos trabalhos de grupo e que mostra que não queremos fazer as coisas sozinhas – cada congregação por si – mas juntas, nos diversos contextos, a favor da vida; devemos também poder falar a instâncias superiores, como por ex., às Nações Unidas, onde temos religiosas que nos representam… levar-lhes, cada vez mais, as nossas diversas situações para que possam falar em nosso nome.”

Evocava o facto de falar às instâncias superiores como a ONU, mas e no seio da Igreja, procuram promover isso também?

Sim, procuramos promover ulteriormente o lugar da mulher na Igreja. Como UISG, criamos uma comissão de cinco canonistas para nos ajudar, não apenas no que toca aos nossos direitos e deveres, mas também para procurar juntas o nosso lugar na Igreja e no mundo de hoje e queremos, no futuro próximo, ter também um grupo de teólogas, biblistas, para nos ajudar a aprofundar mais o sentido teológico da vida consagrada no mundo de hoje”.

Há também o desafio das vocações. Como podeis reagir a isso, tendo também em conta que há diversos contextos?

Há dois extremos, há lugares onde se poderia falar de demasiadas vocações, no sentido de que é preciso realmente compreender os motivos das jovens que querem ser religiosas; e depois há, sobretudo, na Europa, a situação das  jovens que nem sequer se interessam pela Igreja quanto mais pela vida religiosa. Então, a interveniente que tivemos, a irmã Mária Ambrósio nos sacudiu um bocado porque disse-nos: o que dizeis a essas jovens? De que modo vos presentais a elas, é pelo vosso trabalho, sois como máquinas eficientes ou tendes alguma coisa a mais, a mística, o estar realmente enamoradas de Cristo, prontas a procurar descortinar e fazer o desejo de Deus, a transmitir a amizade, a estar lá para levar a esperança, para ajudar…? Tudo isto pode transparecer na forma como viveis e atrair mais as pessoas do que o simplesmente fazer, fazer, fazer…!”

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África. Vozes Femininas, estamos a falar hoje da Assembleia Geral da UISG que decorreu m Roma de 11 a 14 deste mês de Maio e em que participaram 900 membros da União. Na manhã de quinta-feira, 13, tiveram um encontro com o Papa Francisco na Aula Paulo VI. Um encontro que se desenrolou em forma de diálogo, perguntas-respostas, e do qual os meios de comunicação deram conta sobretudo da questão relativa a mulheres e diaconado, tendo o Papa prometido criar uma comissão para estudar a questão. Uma questão que foi por alguns interpretada como uma abertura do Papa ao diaconado feminino e provavelmente no futuro ao sacerdócio. Isto suscitou logo, também nas redes sociais, reacções favoráveis e contrárias, mas sobretudo uma certa confusão. A irmã Márian Ambrósio, esclareceu um pouco as coisas em entrevista à colega brasileira, Bianca Fraccalvieri:

Também o P. Federico Lombardi, Director da Sala de Imprensa da Santa Sé emitiu um comunicado de esclarecimento:

 “Trata-se de uma belíssima conversação que o Papa fez com as Superioras das religiosas das várias partes do mundo. [Conversa] muito bela e encorajadora sobre mulheres e, de modo particular, sobre mulheres consagradas na vida da Igreja, também sobre as suas tarefas em posições importantes nos dicastérios quando não estiver implicada a ordenação.

Suscitou muito barulho o facto de o Papa, respondendo a uma pergunta, tenha falado de uma Comissão para estudar a questão do diaconado das mulheres. É uma questão de que se falou muito também no passado e que surge do facto de que na igreja antiga existiam mulheres chamadas “diaconisas” que desempenhavam certos serviços na comunidade. Já foram feitos diversos estudos históricos sobre este assunto, e o Papa referiu-se um pouco a isto. Além disso, há um documento importante feito em 2002 pela Comissão Teológica Internacional. O Papa disse que tenciona constituir uma Comissão para retomar estas questões por forma a compreendê-las melhor.

Mas é preciso ser honestos: o Papa não disse que tem intenção de introduzir a ordenação diaconal das mulheres, e muito menos ainda a ordenação sacerdotal das mulheres. Antes pelo contrário, falando da pregação no contexto da celebração eucarística, fez compreender que não pensa minimamente nisto.

Mas é errado reduzir todas as coisas importantes que ele disse às religiosas a esta única questão“.

Como se vê, a questão do diaconado feminino com a promessa, como pedido pelas religiosas, de criar uma comissão de estudo, não foi o único assunto tratado no encontro entre o Papa Francisco e as religiosas da UISG. A irmã Márian Ambrósio, Superiora da Congregação das Irmãs da Divina Providência recorda-nos algumas outras:








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