2016-03-17 14:32:00

Misericórdia de Lés a Lés: Nova Teologia da Miseri- córdia e outros temas


Numerosos os eventos, acções e gestos de misericórdia por este mundo fora. Difícil dar conta de todos, mas Lés a Lés, quer precisamente ter um olho em todo o lado, a partir do Vaticano ao mundo fora… Ontem, quarta-feira, o Papa Francisco dedicou mais uma vez a sua audiência geral à Misericórdia e à consolação, lamentando que muito prófugos que erram pelo mundo à procura de consolo e refúgio não sejam devidamente acolhidos, e exprimiu satisfação por aqueles Estados que se esforçam de o fazer… No final da audiência ouvimos a brasileira Maria Helena que veio a Roma com outras três pessoas. De forma um pouco nuançada acha que deve haver mais abertura aos outros…

Nos nossos estúdios esteve esta semana o Padre jesuíta timorense, João Piedade, Professor de Filosofia na Universidade Loyola, em Los Angeles, depois de ter ensinado por vários anos a Epistemologia na Universidade Pontifícia Gregoriana de Roma. Numa longa conversa com o colega Filomeno Lopes sobre diversas questões, abordou também a questão do Ano Jubilar da Misericórdia, uma iniciativa do Papa Francisco com a qual o Prof. João da Piedade estar plenamente de acordo.

"Aprender a Perdoar” é o título de um livro publicado em Portugal pelas edições salesianas. Os autores são o Padre Rui Alberto e a psicóloga Sofia Fonseca. É uma sugestão de leitura para este Ano Santo da Misericórdia que Rui Saraiva nos traz aqui num som da Agência Ecclesia, que entrevistou os autores…

Misericórdia de Lés a Lés, emissão semanal do programa português da Rádio Vaticano neste Ano Santo Jubilar… Emissão que nos leva agora até à China, onde a iniciativa mundial do passado dia 4 deste mês “24 horas para o Senhor" teve grande êxito. Muitas as paróquias que aderiram a esta iniciativa que teve como acto central o rito penitencial com confissões, presidido pelo Papa Francisco na Basílica de São Pedro. Nas terras de Mao Tsé Tung, as modernas redes sociais, entre as quais WeChat, e mensagens telefónicas convidaram os fiéis a viver esse momento de graça com o sacramento da reconciliação, adoração e oração.

Segundo a agencia católica Faith (Fé) só na paróquia Wuxi da diocese de Nanchino, cerca de mil fiéis participaram na iniciativa “24 horas para o Senhor” com devoção, escutando as pregações quaresmais feitas por dois sacerdotes. Nas paróquias da Diocese de Taiyan, foram organizados momentos de adoração e de aprofundamento da Bíblia a fim de proporcionar aos fiéis uma melhor participação na Paixão de Cristo com vista na Páscoa da Ressurreição.

Homens e mulheres, jovens de anciãos foram exortados a transcrever passagens da Bíblia e a meditar sobre o seu conteúdo. Na Diocese de Chengdu, Província de Sichuan, foram realizadas conferências sobre o tema da misericórdia divina e sobre o significado da celebração do Jubileu. Por sua vez a paróquia de Jiujiang convidou os fiéis a seguir o exemplo da misericórdia de Deus e a ajudar os mais pobres e fracos.

Enfim, muita, e em várias partes do país, a participação nas diferentes dioceses e paróquias na iniciativa 24 horas para o Senhor . Foi no dia 4 deste mês de Março.

E a propósito da confissão, parece-nos oportuno recordar aqui o tweet do Santo Padre na manhã de quarta-feira:

Ao sair do confessionário, sentiremos a sua força que volta a dar vida e o entusiasmo da fé. Depois da confissão renascemos.”

Filipinas. São, como se sabe, muitos os filipinos e filipinas que trabalham no estrangeiro.  Muitos se encontram no Kuwait sem autorização de estadia. Mas recentemente o governo daquele país do Golfo Pérsico decidiu conceder-lhes uma amnestia parcial, dando-lhes a possibilidade de regularizar a sua posição, ou então, se o desejarem, de regressar para o país de origem sem ser inscritos “na lista negra” que impede a concessão de um novo visto de entrada no Kuwait.

Algo que o Presidente da Comissão Episcopal das Filipinas para as Migrações, D. Ruperto Santos, definiu como “um gesto de compaixão e misericórdia”. Ele exortou, ao mesmo tempo, todos os trabalhadores filipinos “a regularizarem a sua posição, porque é importante estar sempre na legalidade”.  Com efeito, “trabalhar para o bem comum significa fazer com que os trabalhadores no estrangeiro estejam sempre acima de qualquer suspeita, pois, infelizmente, são numerosos em todo o mundo os casos de abuso contra os nossos compatriotas” – explica o prelado. Para pôr termo a situações semelhantes, sublinhou D. Ruperto Santos, é necessária “a cooperação” dos próprios filipinos.

O bispo filipino disse ainda que “o óptimo resultado” obtido no Kuwait é também fruto do empenho da Igreja católica. Naquele país do Golfo há, com efeito, três grandes igrejas”. Em todas elas – refere D. Santos, a comunidade filipina é viva e representa um motor importante de animação pastoral. Por fim D. Santos recorda a missão evangelizadora levada avante pelos filipinos que trabalham no estrangeiro: em muitas igrejas do planeta – explica – pode-se ouvir uma missa em filipino. É como se esta língua fosse o novo latim.

“Os trabalhadores filipinos no estrangeiro – acrescentou – são realmente os nossos melhores missionários, porque ensinam e dão testemunho da fé todos os dias e em todas as situações”. O governo deve ajuda-los – conclui o prelado – mas eles também devem ajudar o governo a fim de evitar abusos e vexames.

Recorde-se que, segundos os dados mais recentes, são actualmente cerca de dez milhões os trabalhadores filipinos no estrangeiro. Destes cerca de dois milhões residem nos países do Golfo Pérsico, 6 mil dos quais no Kuwait.

Em Portugal o Bispo de Viseu pede atenção aos pobres, doentes, idosos.  Em Ano Santo da Misericórdia, estas são as grandes prioridades sublinhadas à Rádio Vaticano por D. Ilídio Leandro no contexto do apelo do papa Francisco para a vivência deste jubileu nas comunidades cristãs.

“O Papa quer que centremos a nossa certeza e atenção no Deus que vai ao encontro das periferias e sempre com o rosto da Misericórdia”, diz o bispo de Viseu.

O prelado revela ainda, em entrevista a Domingos Pinto, que pediu uma obra de Misericórdia a cada uma das 14 Santas Casas da Misericórdia daquela diocese que está a assinalar também o jubileu da sua catedral.

Misericórdia de Lés a Lés, nos leva agora à América Central, mais precisamente à Costa Rica

 “A Misericórdia é o verdadeiro antídoto à violência”: esta, em síntese, a mensagem da Conferência Episcopal da Costa Rica, por ocasião da sua assembleia ordinária. Na mensagem difundida pelos prelados no início deste mês de Março, intitulada “Misericórdia ou violência?”, os bispos fazem notar que só em 2015, se verificaram- no país 560 homicídios. Uma verdadeira “epidemia” – sublinham - sobretudo se se considerar que “um quarto desses assassínios estão associados ao narcotráfico”.

Outros dados “graves e dolorosos” dizem respeito “à violência contra a infância” – lê-se na mensagem episcopal: “em menos de dez anos, isto é entre 2006 e 2015, as mortes entre menores quase que redobraram”, tanto é que “em 2014, o Hospital nacional da Infância medicou 2.400 crianças vítimas de agressões, enquanto que em 2015 foram 3.100”. Isto sem esquecer – acrescentam os prelados da Costa Rica – a violência doméstica e o Bullying “que levou muitos estudantes ao suicídio”. Tudo isto para além de outros actos de injustiça que devastam o país, como “a fome, a falta de uma vida digna e da devida assistência médica, a pobreza que estrangula mais de um milhão de pessoas” e “a crescente e aparentemente incontrolável insegurança social”.

Por isso, a Igreja católica de São José, capital deste país da América Central detém-se sobre as causas da violência no País e aponta o dedo “contra as desigualdades sociais, o modelo de desenvolvimento que não tem como objectivo o ser humano e o bem comum; a programação indevida de alguns media; o fraco testemunho de autênticos valores humanos nos centros educativos; a falta de confiança nas instituições públicas; numerosos casos de corrupção”. Tudo isto – remete – segundo os prelados para um problema ético fundamental, ligado à própria concepção da pessoa humana”.

Mas a Costa Rica não é apenas coisas negativas. Tem também aspectos positivos e os bispos recordam, por exemplo, “uma importante reserva de cultura pacifista, profunda e enraizada” que requer, no entanto, uma radical mudança de comportamento, com grande empenho da parte de todos. Neste Ano Santo – os bispos recordam, portanto, que a “a misericórdia é a alma da cultura da paz” e exortam a pô-la em prática “em todos os âmbitos da sociedade, por forma a vencer a violência com a paz, a indiferença com a solidariedade”. “Abramos os nossos olhos – insistem -  para olhar com compaixão para tantos irmãos e irmãs privados da dignidade”, praticando as obras de misericórdia corporais e espirituais. “Semeemos nas casas a paz a fim de que sejam escolas de convivência harmoniosa” – exortam.

Por fim, os bispos lançam na sua mensagem, “um vibrante apelo” a todas as instituições do país, aos media, às famílias a fim de que “não demorem a educar os jovens à misericórdia, por forma a romper a cadeia do ódio e da indiferença que alimentam a cultura da violência. Depende de nós – continuam – reconstruir a Costa Rica como uma sociedade em que brilhe a paz e o pleno respeito pela vida humana”

E para concluir o continente africano, onde os bispos das Conferencia Episcopais da África Central (ACERAC) lançaram nos dias passados um apelo a eleições justas e pacíficas em todos os países da região. Foi na mensagem difundida no final da reunião do Conselho permanente, realizada na capital do Congo – Brazzaville.

Os bispos alegram-se pela forma tranquila como se desenrolaram as eleições na RCA e agradecem o Papa Francisco que durante a sua visita àquele país levou a sua solidariedade e contribuição para a paz naquela nação. Mas ao aproximar-se de eleições noutros países da região (Camarões, Chade, Congo, Gabão, Guiné-Equatorial), situações não muito fáceis, os bispos voltam a sublinhar a necessidade de regras que garantam equidade, igualdade e defesa do bem comum.

A preocupação dos bispos da ACERAC vem na linha da preocupação já expressa, recentemente, pelos bispos da República do Congo que numa mensagem neste Ano da Misericórdia dirigiram aos dirigentes do país recordando que a política “não é lugar de ajuste de contas” mas sim “campo de uma mais vasta caridade, a caridade política”

Oiça toda a emissão aqui: 

(DA/BS)








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