2016-03-15 11:51:00

Pesar do Papa pelas vítimas do ataque na Costa do Marfim


O Papa Francisco expressou condolências pelas vítimas do ataque na Costa do Marfim e assegurou, num telegrama assinado pelo Cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin, a sua proximidade espiritual aos feridos e às famílias atingidas. O Papa, então, condenou a violência e o ódio em todas as formas e invocou a bênção divina sobre o país africano.

O grupo Al-Qaeda assumiu o ataque de domingo (13/03) à região turística de Grand Bassam, a cerca de 40 quilómetros da capital, que deixou ao menos 18 mortos, entre eles, um francês e um alemão. "Eu vi sete pessoas mortas que eu filmei. Estava nadando na piscina quando o tiroteio começou e eu comecei a fugir", disse Dramane Kima, ao mostrar para a reportagem da Reuters o vídeo que gravou.

Uma nota divulgada pela Presidência da França diz que o país “forneceu o seu apoio logístico e de inteligência à Costa do Marfim e intensificará a sua cooperação com seus sócios na luta contra o terrorismo". Em entrevista à Rádio Vaticano, o especialista Alberto Negri comentou o ataque que ocorreu quase dois meses depois de combatentes islâmicos matarem dezenas de pessoas num hotel frequentado por estrangeiros na capital da vizinha Burkina Faso, em Ouagadougou.

As novas fronteiras da Europa

Precisamos nos preocupar porque os europeus não entendem que as suas fronteiras sofreram transformações não somente agora delimitadas com a Síria e a Turquia, mas inclusive com aqueles países que antes estavam a mil quilómetros abaixo de Kadhafi. Com a queda de Kadhafi na Líbia, essas fronteiras se afundaram em mil quilómetros. Hoje as fronteiras da Europa estão em Mali, Burkina Faso, Costa do Marfim, Mauritânia, tanto é que esse atentado na Costa do Marfim foi organizado pelo exército de Mokhtar Belmokhtar, personagem que conhecemos há anos, que era ligado aos grupos armados islâmicos na Argélia nos anos 90 e que depois se transformou em um dos grandes chefes da área do Sahel. A que atentados conduz? Àqueles com objectivos ocidentais de marca qaedista, porque é também “em concorrência” com o Estado Islâmico; protege de qualquer maneira, como dizer, a preeminência de Al-Quaeda naquela área que significa inclusive controle do narcotráfico, dos migrantes, vastos tráfegos. Isso gera uma área absolutamente instável e perigosa.

Então, tem a mesma mão dos ataques a Bamaco de alguns meses atrás...

Sem sombra de dúvida. A reivindicação é mais ou menos a mesma, porque se fala do grupo de Al-Murabitun. Trata-se de um grupo jihadista islâmico que se afiliou ao Al-Qaeda no Magrebe, que conduziu o ataque a Bamaco, a Ouagadougou e, por último, na Costa do Marfim, almejando sobretudo objectivos ocidentais – porque está na filosofia do Al-Qaeda – em específico aos interesses de um país como a França que, naquela área, tem fortíssimos interesses do ponto de vista da segurança. O país se deslocou com as suas forças em Mali e em outros países africanos e, além de tudo, tem superioridade económica: precisamos lembrar que aquela é a famosa área do Franco CFA (moeda corrente usada em doze países africanos); 14 países têm 80% das suas reservas bancárias exactamente em Paris. Então, é claro que o objectivo é muito próximo a ser aquele de desestabilizar a presença francesa.

(BS/AC)








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