2016-02-12 13:48:00

Rádio Vaticano - 85 anos ao serviço da Igreja no dialogo com o mundo


“Escutai ó Céus, o que estou para dizer; escute a Terra as palavras da minha boca. Ouvi e escutai ó povos longínquos”: com estas palavras, pronunciadas em latim, a 12 de Fevereiro de 1931, às 16 hora e 49’, o Papa Pio XI inaugurava a Rádio Vaticano, projectada tecnicamente pelo próprio inventor da Rádio, Guilherme Marconi.

Passaram-se já 85 anos sobre aquele momento histórico e, ao longos destes anos, a Emissora do Vaticano evoluiu muito. Hoje, com efeito, a Rádio Vaticano é um meio de comunicação multi-medial que difunde, para os cinco continentes, em dezenas de línguas, as próprias emissões: noticiários, página web, post, tweet, emissões sobre o Papa e a vida da Igreja, sobre a actualidade internacional, rubricas de aprofundamento cultural e religioso, programas musicais, vídeo web, etc.

Atenção às “periferias”

A Rádio Vaticano manteve sempre, no decorrer das décadas, o seu papel de “voz do Papa e da Igreja em diálogo com o mundo”, dando particular atenção às periferias – geográficas e existenciais – tão a peito ao Papa Francisco. Como não recordar, por exemplo, a sua importância durante a Segunda Guerra Mundial quando emitia anúncios para localizar civis e militares dispersos ou desaparecidos. Uma função que parece voltar a ser de actualidade se considerarmos o tema do Dia Mundial da Rádio que se celebra amanhã 13, e cujo tema é, este ano: “A Rádio nos momentos de emergência e catástrofes”.

A Rádio, instrumento que favorece a vida em comunidade

“Entre as ruinas e perante uma situação de emergência – sublinha a Directora da UNESCO, Irina Bukova, numa mensagem para o Dia Mundial da Rádio 2016, a rádio constitui, muitas vezes, para as pessoas em dificuldades, um importante meio para ajudar na sobrevivência. Não raro consegue emitir mensagens de forma mais rápida do que outros meios de comunicação, salvando assim vidas humanas. Proximidade, simplicidade, baixo custo – continua Irina Bukova – fazem da rádio “um instrumento que favorece a vida em comunidade, reforçando as relações sociais” e permitindo, por exemplo, às famílias separadas de “reabraçar e reencontrar a esperança”.

Tecnologia de vanguarda

Sempre atenta às novas tecnologias, por ocasião dos seus 80 anos, a Rádio Vaticano iniciou, em 2011, um novo serviço, o “Vatican TIC”, ou seja “Tagged Information Code” (algo que é também relógio e o tempo dos eventos papais) um sistema simples consultável via internet, organizado com base na agenda das actividades do Papa. Clicando no calendário, pode-se aceder a toda a informação relativa a um determinado evento na agenda do Papa, em áudio, texto e vídeo. O Vatican TIC oferece, de modo particular, a possibilidade de acompanhar em directo (áudio e vídeo) um determinado evento ou celebração do Papa.

2012: graças ao desenvolvimento do web, cessam as transmissões em ondas médias e curtas

Graças a este novo serviço, cessaram, a partir de 1 de Julho de 2012, no Centro de Transmissão em Santa Maria de Galéria (a cerca de 10 km de Roma) todas as emissões em Ondas Médias e Curtas em direcção à maior parte da Europa e das Américas, que são precisamente as regiões do mundo, onde a retransmissão das nossas emissões pelas rádios locais e o acesso através da internet são preponderantes na fruição das emissões da Rádio Vaticano. Ao mesmo tempo, é importante sublinhar que, por ocasião da viagem iniciada, precisamente neste dia 12, pelo Papa Francisco ao México, a Missa presidida no dia 18 pelo Papa na cidade de Juarez, será transmitida pela Rádio Vaticano em ondas curtas e retransmitida pelas emissoras locais através de ondas curtas.

2014: inicia uma nova página web na internet

Além disso, a partir de 2014, graças ao sítio web www.radiovaticana.va profundamente renovado do ponto de vista gráfico e na interacção com redes sociais e com alguns conteúdos próprios, a Rádio Vaticano opta por alargar e reforçar a comunidade de ouvintes/navegadores que a escolhem como ponto de referência para a informação sobre a actualidade da Igreja e do mundo. Diversas são também as modalidades de difusão das emissões: onda hertzianas; Dab e Dab +; satélite (programas gravados e em directo); internet (sitio web, webcasting áudio e vídeo ao vivo e on demand); Newsletter em 10 línguas (quotidianas, semanas e mensais); podcast (de todas as emissões, em todas as línguas); App; VaticanPlayer. Além disso, na qualidade de membro da European Broadcasting Union, a Rádio Vaticano está também no centro de uma ampla rede de relações com outras rádios e sítios web tanto eclesiais como laicais e com emissoras estatais.

2015: a Rádio Vaticano emite também em língua coreana. Cresce a presença nas redes sociais

E não só: a partir de Outubro de 2015, o sítio web da Rádio Vaticano está disponível também em coreano, elevando assim a 39 o número das suas línguas de emissão (quatro das quais só via web) e também o número de alfabetos usados: 13. Igualmente importante, a presença da RV nas redes sociais mais difundidas: basta citar Facebook (20 accout em diversas línguas), You Tube/Vatican (12 canais linguísticos, para além de um canal, Radiovaticanvideo, para produzir vídeo em estúdio na própria Rádio); Twiter (6 account em outras tantas línguas); Google +, e ainda outros instrumentos para os utentes chineses como, por exemplo, Weibo, QQ e Youku. Sem esquecer as aplicações para Os, Android e Windows Mobile, centradas na agenda do Papa, com uma peça informativa por dia (Top News), actualizada diversas vezes por dia.

A Secretaria da Comunicação – Novos desafios

Ainda a partir de 2015, uma outra novidade: com efeito, a 27 de Junho do ano findo, o Papa Francisco instituiu, através duma Carta Motu Próprio, a Secretaria da Comunicação, cuja sede foi posta precisamente no “Palácio Pio”, sede da Rádio Vaticano. Escreve o Papa nesse documento:

“O actual contexto comunicativo caracterizado pela presença e pelo desenvolvimento dos media digitais, por factores de convergência e interactividade, requer um repensamento do sistema informativo da Santa Sé e leva a uma reorganização que, valorizando quanto ao longo dos tempos se foi desenvolvendo no seio da “arquitectura” da comunicação da Sé Apostólica, proceda decididamente a uma integração e gestão unitária. Por tais razões, considerei que todas as realidades que, de várias formas, até hoje, se ocuparam da comunicação, sejam reunidas num novo Dicastério da Cúria Romana, que será denominado Secretaria para a Comunicação. Deste modo, o sistema comunicativo da Santa Sé responderá, cada vez melhor, às exigências da missão da Igreja”.

Este, portanto, o novo desafio que a Rádio Vaticano está chamada e  pronta a enfrentar.

(DA/LZ)

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No dia 12 de Fevereiro de 1931 às 16h e 49’, o Papa Pio XI inaugurava, portanto,  a Rádio Vaticano, como a missão como disse o próprio Papa na altura de “difundir nos cinco continentes a voz do Papa e da Igreja”, mas com meios e serviços totalmente novos. Presente hoje nas redes sociais, com um sítio web e emissões em 39 línguas diferentes, e, em colaboração com as rádios europeias, a emissora do Papa faz parte do novo Dicastério criado pelo Papa Francisco: a Secretaria da Comunicação.

Em entrevista à jornalista da secção italiana, Gabriella Ceraso, o P. Andrea Majewski, Director de Programas, evoca o passado, o presente e o futuro da Rádio Vaticano.

“A Rádio Vaticano nasceu por iniciativa de Guilherme Marconi , que inventou a Rádio. Isto faz com que sejamos de algum modo – como diz o Papa Francisco – um avô que sabe colher as coisas boas do passado, mas sabe também dialogar com os jovens. A Rádio como tal percorre hoje um caminho diferente do de antes: há quem diz que a rádio já não tem sentido, que é um velho meio de comunicação, mas eu estou convencidíssimo de que não é correcto dizer isto: ontem como hoje, a rádio acompanha as pessoas, fala ao coração das gentes, fala em todo o mundo. O que acontece hoje é que este serviço é potencializado e é claro que o futuro da rádio é o de estar muito presente na vida cultural das pessoas.

- Nos últimos quatro anos a Rádio Vaticano, tal como outras rádios, passou por uma aceleração do ponto de vista tecnológico e da internet: houve muitas mudanças a partir do sítio web, mas não só. Isto o que significa, que é preciso ir para a frente também em termos de linguagem?

“Parece-me que tudo o que a modernidade nos oferece – estou a pensar no Facebook, no Twitter… – cria a possibilidade de poder dialogar com o ouvinte, algo que antes era muito limitado. Nós estamos a usar estes meios: basta pensar que os nossos seguidores via facebook, por exemplo do programa inglês, são mais de um milhão, assim como também do programa brasileiro e muitos outros. Esta é uma das novas possibilidades que nos é oferecida pelos novos media e nós as utilizamos plenamente também falando numa linguagem moderna às pessoas, sobre temas, por vezes, muito difíceis no que toca aos ensinamentos da Igreja.

- Se tivesse de indicar os maiores resultados ou mudanças da Rádio hoje, o que diria?

“Tudo o que diz respeito ao digital, começando pela qualidade do som. Estamos a usar o Dab desde há muito tempo. Mas também do ponto de vista social. Para o futuro, por exemplo, uma coisa talvez pequena, mas muito importante para nós, é esta: daqui a pouco entrará em função o novo player da Rádio Vaticano. Deste modo poderemos seguir todas as cerimónias do Papa com comentário em diversas línguas – pelo menos cinco ou seis – através de todos os dispositivos. Isto criará, certamente, novas possibilidades para difundir o nosso anuncio.”

- A Rádio Vaticano, como todos sabem, por vontade do Papa faz parte da Secretaria da Comunicação que, aliás, de momento tem sede precisamente nas instalações da nossa Emissora. Que papel terá a Rádio Vaticano neste novo contexto de interacção com os outros meios de comunicação do Vaticano?

“Há já muito tempo que nos estávamos a organizar para entrar nessa nova estrutura que tem como objectivo a integração dos meios de comunicação do Vaticano. São novas instituições. Isto nos dará certamente mais possibilidades de interagir com os outros media do Vaticano como o jornal “L’Osservatore Romano”, o serviço fotográfico sobretudo e a “Centro Televisivo do Vaticano”. A colaboração com este último já nos está a permitir pôr os videoclips. Acho, portanto, que o futuro desta colaboração será cada vez mais plena e eficaz. Estamos a viver no mundo da sincronização, da integração e a Rádio Vaticano não pode faltar a este encontro.

- Ser testemunhos credíveis do Evangelho: o Papa repete-o sempre. Também nós como comunicadores e a Rádio temos esta função? Pode-se dizer que será um desafio para o futuro?

“A rádio deve levar ao encontro das pessoas, deve construir pontes, mas isto é só o instrumento, o caminho. A última palavra é dos ouvintes que ouvindo a mensagem podem aproximar-se, dialogar e tomar iniciativas. Este é o serviço que podemos oferecer ao mundo de hoje.” 

(DA)

 

 








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