2015-12-27 13:46:00

D. Nzapalainga compara a visita do Papa à RCA ao Anjo da Boa Nova


Na RCA as eleições que deveriam ter lugar neste domingo 27 foram adiadas para o dia 30 devido a um atraso na chegada dos boletins de voto a todos os cantos do país. De notar que desde a visita do Papa Francisco em finais de Novembro, não se verificou nenhum recontro entre as facções opostas e, em relação ao passado, o clima geral no país está notavelmente mudado, o acesso a todos os bairros da capital é livre e mesmo o tradicional mercado do “km5” já retomou a sua vitalidade. Todos atribuem este verdadeiro milagre à visita do Papa.

Neste Natal, o arcebispo de Bangui, D. Dieudonné Nzapalainga, dirigiu uma ampla mensagem aos fiéis em que repercorre o profundo significado da visita do Papa, comparando-o ao Anjo que anuncia aos pastores o nascimento de Jesus, glorificando-O. E indicou alguns sinais positivos deixados por essa visita, em que o Papa se apresentou como mensageiro de paz e fez de Bangui a capital espiritual do mundo ao inaugurar, com a abertura da Porta Santa na catedral da cidade, o Ano Jubilar da Misericórdia.  A este respeito afirmou o bispo: “Se abrirmos a porta do nosso coração a esta misericórdia, a paz virá ao nosso país”. 

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D. Nzapalainga centrou a sua mensagem sobre a Gloria de Deus que nos dá o seu filho, Jesus, e diz ter escolhido este tema para dizer aos centro-africanos quão Deus os ama e está ao seu lado para os ajudar a sair das trevas e dos sofrimentos em que se mergulharam há já algum tempo.

Com efeito, sublinha, o país tem vindo a enfrentar desde 2012 uma das piores crises da sua história marcada por violência, deslocação massiva das populações, destruição dos bens de outrem, doenças. “Tudo coisas que geram desespero e perda de confiança. É neste contexto que celebramos o Natal”. Mas com a vinda de Jesus, “o povo que caminhava nas trevas viu uma grande luz e sobre aqueles que habitava o país das sombras uma luz resplandeceu” – escreve D. Nzapalainga, cintando a Bíblia e evocando os anjos que anunciavam o nascimento de Jesus aos pastores glorificando-O.

E explicando que a palavra anjo, em grego, significa mensageiro, enviado para intervir na vida dos Homens com vista à sua salvação, o arcebispo de Bangui disse que, como então, também hoje essa glória de Deus se manifestou aos centro-africanos com a visita do Papa Francisco ao país e convidou a ver nessa visita do Papa a visita de um anjo aos pastores das margens de rio Obangui que atravessa Bangui e desagua no Rio Congo.  

O arcebispo compara aqueles pastores - considerados ladrões e assassinos, malcheirosos, mas aos quais o Anjo apareceu – aos centro-africanos de hoje, um país considerado um dos mais pobres do mundo, dilacerado por guerras, violências, barbáries. Uma terra de miséria e desespero e onde reinam grupos armados não convencionais que não têm nenhum respeito pela vida humana. No entanto, foi esse país pobre e pouco atraente que o Santo Padre escolheu para levar a Boa Nova do Deus da glória e da misericórdia. Confiante no Senhor e no seu amor protector, o Papa – recorda D. Nzapalainga – ultrapassou o medo e as dúvidas e foi e falou de paz, reconciliação e misericórdia a todos. “Reconfortou-nos, re-suscitou a esperança naqueles que a tinham perdido”. Esta é a glória de Deus - sublinha o prelado - indicando depois os sinais da gloria de Deus pelos quais os centro-africanos devem agradecer a Deus:

Antes de mais – diz recordando as divisões e violências que imperavam no país -  o facto de todos terem juntado as mãos para preparar a chegada do Papa, dando testemunho da unidade que tanto estava a peito ao fundador da nação, Barthélemy Boganda.

Depois o empenho do Governo, das forças nacionais e internacionais de defesa; a mobilização de todos, cristãos, muçulmanos para dar as boas-vindas ao Papa no bairro Km5 que era considerado um “enclave” muçulmano e onde ninguém mais podia pôr os pés. E quando o Papa acabou de falar, houve um clamor de adesão da parte dos muçulmanos.

D. Nzapalainga recorda ainda que no dia seguinte à visita do Papa, um irmão muçulmano foi encontrado morto, e, contrariamente às cenas de represália que, normalmente situações deste tipo geravam, milagrosamente, os habitantes do Km5 preferiram seguir os testemunhos dos líderes sociais e religiosos que convidavam à contenção e ao diálogo, pois que o diálogo é o caminho a seguir doravante para regular os contenciosos.

O arcebispo de Bangui convida todos os centro-africanos a dar graças a Deus por todas as maravilhas que essa visita do Papa lhes permitiu viver. “Ele anunciava através desses sinais a vinda do Príncipe da Paz (…) Jesus Cristo, e preparava assim os centro-africanos para a celebração do Natal” – continua o Bispo dizendo na sua mensagem que, inaugurando o Ano Santo da Misericórdia com a abertura da Porta Santa da Catedral, o Papa fez de Bangui a capital espiritual do mundo, convidando assim os centro-africanos à verdadeira paz. “Se abrirmos a porta do nosso coração a esta misericórdia, a paz virá ao nosso país” – remata D. Nzapalainga passando depois a fazer algumas considerações de carácter teológico sobre a Misericórdia e sobre a Gloria de Deus.  

(DA) 








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