2015-11-28 11:06:00

Uganda: Papa Francisco na terra dos mártires africanos


É a partir dos anos cinquenta que a Africa moderna e contemporânea, duma certa forma, esta no centro das preocupações da Santa Se e dos Sumos Pontífices. Já na sua encíclica “Fidei Donum” de 1957, o Papa Pio XII orienta a atenção da Igreja para com este continente. Mediante uma intuição profética conseguiu fazer a Igreja tomar consciência do fato que “a terra africana constitui uma nova pátria de Cristo”.

O seu sucessor, o Papa Joao XXIII, mostrou-se também atento e sobretudo mostrou grande espirito de abertura em relação às aspirações dos escritores, pensadores e artistas negros, que depois de se terem reunido em Congresso em Paris, na Sorbone, em 1956, reuniram-se também em Roma, por ocasião do seu II Congresso Mundial que foi animado por Alioune Diop, fundador da “Présence Africaine”. O Papa João XXIII enviou, por ocasião, uma mensagem que foi lida durante o congresso. Com este gesto demonstrou ao mundo, o apoio da Igreja  para com a luta dos povos africanos para afirmação da cultura africana no mundo.

Papa Paulo VI, foi contudo, o primeiro Papa a conseguir estabelecer uma ligação mais estreita e direta entre a Igreja e os povos africanos, precisamente com a mensagem “Africa Terrarum” dirigida ao continente no dia 29 de Outubro de 1967. Montini foi porém, o primeiro Papa a viajar para a Africa e encontrar os os africanos na sua terra natal, precisamente aqui em Uganda, em 1969. Uma viagem apostólica, esta, que serviu ao Papa Montini para restabelecer e restituir a dignidade às culturas africanas, levar o apoio e o encorajamento da Igreja pós-conciliar para com as lutas dos povos africanos à liberdade, para a dignidade da pessoa humana, para a justiça, o desenvolvimento integral dos povos e para um mundo mais inclusivo, dialógico, mais à medida do ser humano, “o único caminho da Igreja”. A canonizaçao de Carlos Lwanga, Mathias Mulumba Kelemba e os vinte outros mártires do Uganda foi, sem duvida alguma, um dos sinais dos tempos mais marcantes da abertura e da atenção da Igreja para com o continente africano e os seus povos. Ainda mais marcante, durante a sua visita aqui em Kampala, Paulo VI, no seu discurso dirigido aos Bispos africanos reunidos em sessão do SECAM, convidou as igrejas locais a promoverem um cristianismo africano, a suscitar um real movimento missionário a partir da própria África dizendo: “Africanos, sede missionários de vos mesmos”. Tratava-se de passar de uma visão de Igreja africana das missões para uma Igreja africana em missão.

Em 1993, foi a vez do Papa Joao Paulo II, o Papa Africano, a visitar esta terra dos mártires africanos e a partir daqui recordar ao mundo que a Africa não é um mundo à parte, mas é parte integrante do mundo e da grande família das nações.

Hoje, nas sendas desta longa tradição eclesial de atenção e preocupação evangélica dos seus predecessores para com o continente africano  e os povos africanos, Francisco vem confirmar sempre aqui na terra dos mártires africanos, o empenho da Igreja para com a Africa num particular momento histórico em que os povos deste continente berço da humanidade, saco chamados a serem o pulmão espiritual da humanidade” , hoje tao desejosa de paz, justiça e de reconciliação entre povos e nações. O segundo sínodo dos Bispos para a Africa, convidou, de fato os fieis africanos a serem embaixadores, isto é, testemunhos e por conseguinte mártires, de uma autentica cultura de paz, de justiça e de reconciliação. Uganda é a terra dos mártires, isto é, testemunhos, embaixadores dos valores autênticos da fé em Jesus Cristo Libertador.

E’ essa fé que Francisco veio, precisamente aqui na terra dos mártires, confirmar e encorajar num momento  particularmente dificil da historia da humanidade. De fato, toda a viagem do Santo Padre aqui em Uganda, esta programada sob o signo do percurso dos mártires de Uganda.

Apos a cerimonia de boas-vindas no aeroporto de Entembe, que foi uma grande festa africana,  Papa Francisco foi visitar logo o Santuário de Munyonyo, um dos lugares do martírio e onde encontrou os catequistas e professores. Muitos destes catequistas chegaram aqui em Kampala, apos terem percorrido mais de 370 Km em peregrinação só para ver e acolher o Santo Padre e ouvir a sua mensagem de paz, de justiça e de reconciliação para essa terra dos mártires e para este continente berço da humanidade.

A Caravana papal percorreu cerca de 52 km do aeroporto até ao santuário de Munyonyo e  durante todo o percurso Francisco respondeu prontamente com gestos, aos gritos e as saudações de boas vindas da multidão congregada nas estradas.

Da capital ugandesa, Kampala, para a Rádio Vaticano, Filomeno Lopes, paz e bem.   








All the contents on this site are copyrighted ©.