2015-11-16 12:50:00

A Semana do Papa de 9 a 15 de novembro


A blasfémia da violência

A semana do Papa Francisco ficou marcada nos últimos dias pelos atentados de Paris. O Santo Padre no Angelus deste domingo afirmou que utilizar o nome de Deus para justificar a violência é uma blasfémia.

O Papa Francisco expressou a sua “profunda dor pelos ataques terroristas” que na noite de sexta-feira mancharam de sangue a França. O Santo Padre declarou a sua proximidade para com os franceses e condenou veementemente os ataques terroristas:

“Tanta barbárie deixa-nos sem palavras e perguntamo-nos como pode o coração do homem projetar e realizar eventos assim tão horríveis que abalaram não só a França mas o mundo inteiro. Perante , tais intoleráveis atos, não se pode não condenar a inqualificável afronta à dignidade da pessoa humana.”

“Quero reafirmar com vigor que o caminho da violência e do ódio não resolve os problemas da humanidade  e que utilizar o nome de Deus para justificar este caminho é uma blasfémia”.

Na tarde deste domingo o Papa visitou a Comunidade Luterana de Roma e também aí se referiu aos atentados de Paris:

“É uma coisa feia ter o coração fechado. O meu irmão pastor nomeou Paris: corações fechados. Também o nome de Deus é usado para fechar os corações.”

Falando sobre as relações entre luteranos e católicos o Papa Francisco lembrou o escândalo da divisão e pediu a Deus a graça de uma diversidade reconciliada e convidou os luteranos a acompanharem em comunhão ecuménica os católicos durante o Jubileu da Misericórdia.

A atitude da misericórdia

O Ano Santo da Misericórdia será efetivamente um evento que trás às autoridades italianas uma grande preocupação pela segurança dos milhões de fiéis que durante todo o ano passarão por Roma.

A este propósito, é firme a vontade do Santo Padre de proclamar a atitude da misericórdia na vida dos cristãos, tal como o fez na segunda-feira dia 9 de novembro na Festa da Dedicação da Basílica de S. João de Latrão, durante a homilia da ordenação episcopal do Mons. Angelo De Donatis, que passa a ser bispo auxiliar de Roma.

Dirigindo-se ao novo bispo que terá agora também a tarefa da formação do clero de Roma, o Papa Francisco pediu-lhe não só palavras mas, sobretudo, a atitude da misericórdia:

“Peço-te, como irmão, de ser misericordioso. A Igreja e o mundo têm necessidade de tanta misericórdia. Tu ensinas aos presbíteros, aos seminaristas o caminho da misericórdia. Com palavras, sim, mas sobretudo com a tua atitude.”

Fé em Jesus é o coração da identidade cristã

Entretanto, esta foi uma semana marcada pela visita do Papa Francisco às cidades italianas de Prato e Florença no centro do país. Destaque para a missa campal de dia 10 de novembro no Estádio Artemio Franchi de Florença. O Santo Padre na sua homilia exortou os cristãos a conservarem a fé em Jesus, sendo esta uma verdade que escandaliza.

Um estádio cheio de fé acolheu o Santo Padre e ouviu-o falar da verdade da fé na sua homilia. Partindo do Evangelho do dia proposto por S. Mateus, o Papa Francisco afirmou que, tal como Jesus, a Igreja deve viver no meio do mundo e aí levar a sua fé, uma fé amadurecida no Senhor que seja resposta à pergunta de Jesus no Evangelho: “E vós quem dizeis que eu sou?”

Nas palavras do Santo Padre esta pergunta ainda ecoa na nossa consciência, nós que somos “seus discípulos” e que é decisiva para a nossa “identidade e missão”. “Só se reconhecermos Jesus na sua verdade, seremos em grau de conservar a verdade da nossa contradição humana e poderemos levar o nosso contributo à plena humanização da sociedade” – afirmou o Papa Francisco:

“Conservar e anunciar a reta fé em Jesus Cristo é o coração da nossa identidade cristã, porque no reconhecer o mistério do Filho de Deus feito homem nós poderemos penetrar no mistério de Deus e no mistério do homem.”

À pergunta de Jesus responde Pedro dizendo: ‘Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo’. Uma resposta que assume o ‘ministério petrino’: conservar e proclamar a verdade da fé; defender e promover a comunhão entre as Igrejas; conservar a disciplina da Igreja. O Santo Padre recordou o Papa Leão Magno, originário da Toscana e que tinha no coração a ânsia apostólica de que todos pudessem conhecer Jesus e não apenas “uma sua imagem, distorcida das filosofias e das ideologias do tempo” – referiu o Papa Francisco que considerou que a nossa alegria de hoje é a de partilhar a fé, indo, muitas vezes, contra a corrente, e que afirma a fé no Deus misericordioso. Uma verdade que escandaliza porque é serviço:

“ Esta verdade da fé é verdade que escandaliza, porque pede de crer em Jesus, o qual, mesmo sendo Deus, esvaziou-se à condição de servo, até á morte de cruz, e por isto Deus fê-lo Senhor do Universo. É a verdade que ainda hoje escandaliza quem não tolera o mistério de Deus impresso no rosto de Cristo. É a verdade que não podemos tocar e abraçar sem – como diz S. Paulo – entrar no mistério de Jesus Cristo e sem fazer nossos os seus sentimentos. Só a partir do Coração de Cristo podemos entender, professar e viver a Sua verdade.”

No final da sua homilia o Papa Francisco sublinhou a “comunhão entre divino e humano que existe plenamente em Jesus” e que é a meta da história humana. Uma história que se faz no caminho do “bom samaritano”, descobrindo o “rosto da caridade”.

A beleza de Deus é eterna

Precisamente no dia dos atentados de sexta-feira, dia 13 de novembro, o Papa Francisco na Missa na Capela da Casa de Santa Marta afirmou que a beleza de Deus é eterna e não as coisas da terra ou os hábitos humanos. Exortou os cristãos a não divinizarem as belezas as belezas do mundo deixando de perceberem que tudo um dia acabará.

O Papa Francisco exortou os cristãos a não serem gente que olha para trás e que quer “voltar para trás”, mas gente que olha em frente e que caminha “em frente” sem divinizar as belezas e hábitos que temos, mas contemplando a “Glória de Deus”.

E esta é a síntese das principais atividades do Santo Padre que foram notícia de 9 a 15 de novembro. Esta rubrica regressa na próxima semana sempre aqui na RV em língua portuguesa.

(RS)








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