O Xaile de Cachemira ... Irmãs Adoradoras em Cabo Verde

A ligação entre Eucaristia e libertação da mulher percorre as mentes, os corações, os espaços e as acções das irmãs Adoradoras  em Cabo Verde. Na Capela da Casa no bairro Ribeira Bote/Ilha de Madeira, um quadro na parede recorda esta ligação. Rostos de mulheres e meninas numa espécie de cibório em que elas são como que identificadas com as hóstias. E explicando-nos o sentido dessa pintura, a irmã Martinha, Coordenadora da Casa, põem em evidência essa ligação com estas palavras: "Adoramos para libertar, libertamos porque adoramos" .

O intento das Irmãs é, de facto, libertar as mulheres que estejam envolvidas na prostituição e, sobretudo, prevenir que outras enveredem por esse caminho. Fazem-no auscultando a realidade, dando vários cursos (culinária, informática, costura, rendas e bordados, formação humana) que ajudem as mulheres a aumentar a sua auto-estima, a ter perspectivas de trabalho e de vida...

O sonho da Congregação em Cabo Verde, mais precisamente na ilha de São Vicente, onde se encontram,  é ter um grande projecto integral que abranja não só os diversos aspectos da vida da mulher, mas também a família toda. Mas de momento faltam meios materiais para isso. Contudo "desejamos muito fazer isto" – rematou a Irmã Martinha. Juntamente com ela e a Irmã Maria do Rosário visitamos em Junho passado a Casa delas  e o "Centro Psicosocial Álcool e Droga"  na parte mais crítica do Bairro, onde a Câmara Municipal do Mindelo lhes deu um espaço para atendimento das mulheres. Ali têm também uma sala de costura para elas.

A visita ao Centro deu-nos também a ocasião de falar com o Sr. Jorge, oleiro, com o qual alguns jovens com problemas fazem pequenas coisas em jeito de terapia. Mas pelas ruas, vêem-se muitos sem nada para fazer, sonhando um futuro melhor...

Acompanhe-nos nessa visita, durante a qual as Irmãs nos ilustraram a peculiar história da origem dessa Congregação, criada em Espanha no século XIX por Maria Micaela Desmaisières, uma mulher nobre, hoje Santa. Tudo por causa de um xaile de cachemira, poder-se-ia dizer… 

(DA)