2015-10-12 10:26:00

A Semana do Papa de 5 a 11 de outubro


Dia 5

De 5 a 11 de outubro decorreu a primeira semana do Sínodo sobre a Família no Vaticano. Na segunda-feira, dia 5 de outubro, o Papa Francisco deu o mote ao inaugurar os trabalhos declarando que: “o Sínodo é uma expressão eclesial, isto é, a Igreja que caminha unida para ler a realidade com os olhos da fé e com o coração de Deus.”

“No Sínodo” – continuou o Santo Padre – “o Espírito fala através da língua de todas as pessoas que se deixam guiar pelo Deus que sempre surpreende; pelo Deus que revela aos pequeninos aquilo que esconde aos sábios e aos inteligentes; pelo Deus que criou a lei e o sábado para o homem e não vice-versa; pelo Deus que deixa as 99 ovelhas para procurar a única ovelha perdida; pelo Deus que é sempre maior do que as nossas lógicas e os nossos cálculos.”

Dia 6

Na terça-feira dia 6, o Papa Francisco interveio brevemente na Assembleia Sinodal, na sessão matinal, afirmando  que este Sínodo é uma continuidade em relação àquele que decorreu em 2014, durante o qual a doutrina católica sobre o matrimónio não foi modificada. O Santo Padre convidou os padres sinodais a não se deixarem confundir por comentários externos ao Sínodo. O Padre Lombardi concretizou em conferência de imprensa:

“Não nos devemos deixar condicionar e reduzir o nosso horizonte de trabalho neste Sínodo, como se o único problema fosse aquele da comunhão aos divorciados e recasados ou não. Portanto, ter presente a amplitude dos problemas e as questões que são propostas à Assembleia Sinodal, da qual o Instrumentum Laboris dá uma ampla perspetiva.”

Dia 7

Na audiência geral de quarta-feira, dia 7 de outubro, o Papa Francisco, na sua catequese, falou sobre o ‘espírito familiar’. Afirmou mesmo que “os homens e as mulheres de hoje necessitam de uma ‘injeção de espírito familiar’.

O estilo dos relacionamentos atuais – civis, económicos, jurídicos, profissionais e de cidadania – é racional, formal, organizado... em poucas palavras ‘desidratado’, árido, anónimo. Às vezes, estas relações tornam-se insuportáveis porque relegam à solidão e ao ‘descarte’ um número sempre maior de pessoas” – afirmou o Papa Francisco:

“Eis porque a família abre à sociedade inteira uma perspetiva bem mais humana: abre os olhos dos filhos sobre a vida….”

“…A família introduz a necessidade das ligações de fidelidade, sinceridade, cooperação, respeito; encoraja a proteger um mundo habitável e a crer nas relações de confiança, mesmo em condições difíceis; ensina a honrar a palavra dada, o respeito pelas pessoas, a partilha dos limites pessoais e dos outros.”

No entanto, não è dado à família o reconhecimento devido na organização política e económica da sociedade contemporânea – declarou o Santo Padre que afirmou que o “espírito familiar é uma carta constitucional para a Igreja” que “assim, deve parecer e ser”.

Segundo o Santo Padre, as famílias sabem bem o que significa a”dignidade do sentir-se filhos e não escravos”. E é das famílias que “Jesus recomeça a sua passagem por entre os seres humanos para persuadi-los de que Deus não os esqueceu”.

No final da audiência o Papa Francisco pediu orações “pelos Padres Sinodais, para que, iluminados pelo Espírito Santo, possam dar à Igreja, como família de Deus, um novo impulso para lançar as suas redes que libertam os homens da indiferença e do abandono, promovendo o espírito familiar no mundo”.

Dia 9

Os chamados ‘Círculos Menores’, pequenos grupos de trabalho, tiveram 5 sessões nesta primeira semana, nos dias 6,7 e 8. Na sexta-feira dia 9 de outubro foram conhecidos os relatórios dos treze Círculos Menores dedicados à primeira parte do Instrumento de Trabalho sobre o tema “Ouvir os desafios sobre a família”.

Menos crise, mais esperança: esta é a observação que emerge dos relatórios e que sintetiza as principais ideias desenvolvidas nestes trabalhos de grupo. Os grupos linguísticos sublinham que deve emergir a Igreja do sim, que doa confiança e esperança às famílias.

De destacar alguns reparos para uma abordagem demasiado ‘eurocêntrica’ e ocidental. É pedido que o documento final tenha uma linguagem menos técnica e de mais fácil leitura.

Nestes relatórios é pedida uma pastoral específica para os migrantes e refugiados e é afirmado um não decidido à ‘teoria do género’ que prejudica a família.

Nas preocupações dos Círculos Menores também os idosos, as pessoas com necessidades especiais e o aprofundamento da bioética e as suas implicações na vida humana.

Dia 10

No sábado dia 10 de outubro, a propósito da primeira semana dos trabalhos do Sínodo sobre a Família, o padre Federico Lombardi, Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, num encontro com os jornalistas, evidenciou alguns dos argumentos apresentados: a família como caminho concreto da Igreja; a família escola de humanidade, de sociabilidade, de evangelização; a missionariedade da família. Em particular, o Padre Lombardi referiu a misericórdia e a verdade:

“A misericórdia que se manifesta na proximidade e na ternura, em relação às diversas situações, também àquelas difíceis, em que se encontram, às vezes, as famílias ou os casais. Mas, é preciso também ter presente o tema da misericórdia e da verdade, da misericórdia e da justiça e não opor a misericórdia e a verdade.”

“Uma grande insistência sobre o tema do acolhimento, que a Igreja deve sempre ter em relação a todos, de todas as famílias, também aquelas que possam estar em dificuldade. Proclamar o Evangelho e abraçar as pessoas. Eis, portanto, esta síntese entre evangelização e acolhimento, que deve ser de referência para a pastoral.”

Dia 11

Domingo, 11 de outubro, Angelus com o Papa Francisco na Praça de S. Pedro. Antes da recitação da oração mariana, o Santo Padre propôs uma reflexão sobre o capítulo 10 do Evangelho de S. Marcos deste XXVIII Domingo do Tempo Comum: deixar tudo para seguir Jesus, porque a privação dos bens dá-nos o verdadeiro bem.

Após a recitação do Angelus o Papa Francisco fez um apelo sobre a tragédia de Ankara na Turquia:

“Ontem recebemos com grande dor a notícia da terrível tragédia acontecida em Ankara, na Turquia. Dor para os numerosos mortos, Dor para os feridos. Dor porque os responsáveis atingiram pessoas desamparadas que se manifestavam pela paz. Enquanto, rezo por aquele querido país, peço ao Senhor de acolher as almas dos defuntos e de confortar os que sofrem e seus familiares.”

E com o Angelus deste domingo terminamos esta síntese das principais atividades do Santo Padre que foram notícia de 5 a 11 de outubro. Esta rubrica regressa na próxima semana sempre aqui na RV em língua portuguesa.

(RS)








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