2015-10-02 16:20:00

Encontro Mundial das Famílias – antecipando o Sínodo


O Papa Francisco esteve no passado fim-de-semana no Encontro Mundial das Famílias em Filadélfia nos Estados Unidos da América na conclusão da sua Viagem Apostólica àquele país e também a Cuba.

Neste “Sal da Terra, Luz do Mundo” revisitamos a vigília de oração de sábado dia 26 e a Missa de domingo dia 27 e sublinhamos palavras do Santo Padre que abrem caminho para o Sínodo dos Bispos sobre a Família que se inicia no próximo domingo dia 4.

Filadélfia acolheu o VIII Encontro Mundial das Famílias com o tema: “O Amor é a nossa Missão”. Muito significativos os momentos vividos com o Papa Francisco. No final da tarde de sábado, 26 de setembro, o Santo Padre encontrou-se com as famílias reunidas em clima de festa e oração numa vigília onde foram apresentados muitos testemunhos e histórias de vida. Alegria e Esperança no Benjamin Franklin Parkway de Filadélfia.

O Papa Francisco começou por agradecer os testemunhos que foram apresentados e afirmou que um testemunho verdadeiro leva-nos a Deus porque Deus é Verdade, Beleza e Bondade. Sublinhou também que Deus é Amor e recordou uma pergunta que uma vez uma criança lhe fez e que se interrogava com o que fazia Deus antes de criar o mundo. O Santo Padre, confessando-se surpreendido com a questão, disse ao menino que Deus antes da Criação amava, porque Deus é Amor!

E o Amor de Deus é tal – continuou o Papa – que criou o homem e a mulher e entregou-lhes o mundo. Um mundo onde existe a divisão e a guerra e onde irmãos matam irmãos – disse o Papa que recordou que Deus não nos abandona e mandou-nos o seu próprio “Filho” como “expressão do Seu Amor”. E não o enviou para um palácio, para uma cidade ou para uma empresa, mas “para uma família”. “Deus entrou no mundo numa família”.

Deus bateu à porta de uma família e Maria e José foram obedientes – afirmou o Papa que declarou que a família tem cidadania divina, num bilhete de identidade dado por Deus para que as “famílias cresçam em bondade, verdade e beleza”.

O Santo Padre no seu discurso improvisado não deixou de falar nos muitos problemas das famílias, na relação conjugal e também com os filhos, afirmando que nas famílias há sempre “cruz”, mas que também há depois “ressurreição” porque a família é uma “fábrica de esperança”. As dificuldades só se superam com o Amor – afirmou o Papa Francisco.

No final da sua intervenção o Santo Padre invocou as crianças e os avós. As crianças são a força e os avós a memória. Cuidar de uns e de outros promete-nos o futuro.

O Papa Francisco a todos abençoou e pediu para cuidarem e defenderem a família porque “é aí que se joga o nosso futuro”.

No domingo, dia 27 de setembro, na Missa de encerramento do VIII Encontro Mundial das Famílias estiveram mais de um milhão de fiéis. O Papa Francisco exortou os cristãos e as famílias, em particular, a abrirem-se aos milagres do amor, acreditando na ação de Deus que “ultrapassa a burocracia” e os “círculos restritos” e quer que “todos os seus filhos tomem parte na festa do Evangelho”.

As leituras do XXVI domingo do Tempo Comum estimularam o Papa Francisco a refletir sobre aqueles que se escandalizam por terem a mente fechada. Segundo o Santo Padre, é preciso estar aberto à ação do Espírito, pois foi por isso que Jesus foi tão duro nas suas palavras:

“Quando nos damos conta disto, podemos entender por que motivo as palavras de Jesus sobre o escândalo são tão duras. Para Jesus, o escândalo intolerável consiste em tudo aquilo que destrói e corrompe a nossa confiança no modo de agir do Espírito.”

A ação de Deus no nosso mundo “ultrapassa a burocracia, o oficial e os círculos restritos” – salientou o Papa – “Deus quer que todos os seus filhos tomem parte na festa do Evangelho.”

O Santo Padre afirmou que Jesus nos diz para não colocarmos obstáculos ao que é bom, mas, pelo contrário, devemos ajudar a crescer. E essa é a “obra do Espírito” viver a santidade e a felicidade dos pequenos gestos:

“São gestos de mãe, de avó, de pai, de avô, de filho. São gestos de ternura, de afeto, de compaixão. Gestos, como o prato quente de quem espera para jantar, como o café da manhã de quem sabe acompanhar o levantar na alvorada. São gestos familiares. É a bênção antes de dormir, e o abraço ao regressar duma jornada de trabalho.”

“O amor exprime-se em pequenas coisas, na atenção mínima ao quotidiano e que fazem com que a vida tenha sempre sabor de casa. A fé cresce, quando é vivida e plasmada pelo amor. Por isso, as nossas famílias, as nossas casas são autênticas igrejas domésticas: são o lugar ideal onde a fé se torna vida e a vida cresce na fé.”

Segundo o Santo Padre, “Jesus convida-nos a não obstaculizar estes pequenos gestos miraculosos; antes, quer que os provoquemos, que os façamos crescer, que acompanhemos a vida como ela se nos apresenta, ajudando a suscitar todos os pequenos gestos de amor, sinais da sua presença viva e operante no nosso mundo”.

 “Nós, cristãos, discípulos do Senhor, pedimos às famílias do mundo que nos ajudem. Somos tantos a participar nesta celebração e isto, em si mesmo, já é algo de profético, uma espécie de milagre no mundo de hoje que está cansado de inventar novas divisões e desafios. Quem dera que fôssemos todos profetas!

“Quem dera que cada um de nós se abrisse aos milagres do amor a bem de todas as famílias do mundo, para assim podermos superar o escândalo dum amor mesquinho e desconfiado, fechado em si mesmo, sem paciência com os outros!”

“Deixo-vos uma pergunta: “Na minha casa grita-se ou fala-se com amor e ternura? É uma boa maneira para medir o nosso amor.”

O Papa Francisco concluiu a sua homilia exortando os fiéis, e as famílias em particular, a renovarem a sua fé na “palavra do Senhor”, que convida as nossas famílias para a abertura à profecia e à ação do Espírito vivo e operante no mundo.

Este apelo do Santo Padre para que as famílias se abram à profecia e à ação do Espírito Santo, será, com certeza, também um convite aos bispos que iniciam no próximo domingo 4 de outubro o Sínodo Ordinário subordinado ao tema: Vocação e Missão da Família na Igreja e no mundo contemporâneo”.

(RS)








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