2015-09-14 09:42:00

A Semana do Papa de 7 a 13 de setembro


Nesta síntese em língua portuguesa da atividade do Papa Francisco na semana de 7 a 13 de setembro, grande destaque para a visita “ad Limina Apostolorum” dos bispos de Portugal.

Dia 7

Foi a uma delegação encabeçada por D. Manuel Clemente, Cardeal-Patriarca de Lisboa e Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, que o Papa Francisco afirmou que a Igreja em Portugal é “serena, guiada pelo bom senso e escutada pela maioria da população e pelas instituições nacionais”. O Santo Padre ressaltou os aspetos positivos da vida eclesial em Portugal tais como a “sinodalidade”, um episcopado unido, sacerdotes preparados espiritual e culturalmente, consagrados que colaboram na pastoral e leigos que exprimem a presença eficaz da Igreja.

O Papa Francisco citou entretanto dois motivos de preocupação: as “paróquias estagnadas” e a “debandada da juventude da Igreja”. Dois desafios aos quais os bispos portugueses deverão responder nos próximos anos dando especial atenção às famílias e à catequese.

O Cardeal-Patriarca de Lisboa D. Manuel Clemente e outros bispos, prestaram declarações aos jornalistas. O Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa informou que foram abordados pelo Papa Francisco vários assuntos a começar pelo tema da juventude mas também a família e o tema dos refugiados.

D. José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda, afirmou que o encontro da Conferência Episcopal Portuguesa com o Papa Francisco aconteceu numa “atmosfera fraterna”, “serena” e “de confiança”. “Foi um encontro muito fraterno, de um irmão entre os irmãos – afirmou D. José Cordeiro.

Por seu lado o Arcebispo de Braga D. Jorge Ortiga declarou à Agência Ecclesia que o encontro com o Papa deixou desafios aos bispos, aos sacerdotes, aos que “se fecham no seu mundo e nas suas comunidades”, aos “leigos que só olham para aos seus interesses”, e veio dizer que “o caminho é olhar para a juventude”.

Para D. António Francisco, bispo do Porto o encontro com o Papa ficou marcado por um “diálogo prolongado” que “contagiou a todos”.

“Pudemos partilhar as nossas questões, os nossos pedidos e ouvir o Papa num diálogo tão próximo e tão fraterno, que nos contagiou a todos”, afirmou o bispo do Porto aos jornalistas.

Dia 8

Favorecer  "não a nulidade dos matrimónios, mas a rapidez dos processos" – é este o pilar das duas Cartas Motu Proprio do Papa Francisco publicadas na terça-feira, 8 de setembro, sobre a reforma do processo canónico para as causas de declaração de nulidade do matrimónio. Estas alterações entram em vigor a 8 de dezembro de 2015 no início do Ano da Misericórdia. Bernardo Suate ajuda-nos a compreender estas decisões do Papa Francisco:

É a preocupação pela salvação das almas - escreve o Papa - que levou o Sucessor de Pedro "a oferecer aos bispos este documento de reforma" sobre as causas de nulidade do matrimónio. Francisco, na esteira dos seus Antecessores e dando continuidade à obra iniciada antes do Sínodo Extraordinário sobre a Família no ano passado, com a criação de uma Comissão de estudo sobre esta matéria, reitera que o matrimónio é "fundamento e origem da família cristã" e que a finalidade do documento não é favorecer a "nulidade dos matrimónios, mas a rapidez dos processos”.

As causas de nulidade continuam "a ser tratadas por via judiciária, e não administrativa" para "tutelar ao máximo a verdade do sagrado vínculo". Para a rapidez, passa-se a apenas uma única sentença em favor da nulidade executiva, e portanto já não mais uma dupla decisão favorável.

O Bispo diocesano é juiz na sua Igreja particular, e ele deve estabelecer um tribunal, daí a necessidade de que tanto "nas grandes dioceses como nas pequenas", o bispo não deixe completamente delegada aos secretariados da cúria a função judiciária em matéria matrimonial.

É restaurado o apelo à sede metropolitana como "sinal distintivo da sinodalidade na Igreja". Francisco dirige-se também às Conferências Episcopais, que "devem ser sobretudo impulsionadas pelo zelo apostólico de alcançar os fiéis dispersos" e devem respeitar "o direito de os bispos organizarem o poder judicial na própria Igreja particular”.

É reafirmada a gratuidade dos procedimentos "para que - escreve o Papa - a Igreja, mostrando-se aos fiéis como mãe generosa, numa matéria assim tão estreitamente ligada à salvação das almas, manifeste o amor gratuito de Cristo pelo qual todos fomos salvos". Permanece o recurso ao Tribunal da Sé Apostólica, ou seja da Rota Romana, "respeitando um princípio jurídico muito antigo, para deste modo ser reforçado o vínculo entre a Sé de Pedro e as Igrejas particulares”.

Dia 9

Quarta-feira, 9 de setembro, audiência geral com o Papa Francisco na Praça de S. Pedro. Tema da Catequese: a família e a comunidade cristã. Segundo o Santo Padre “a família é uma pequena Igreja”.

A comunidade cristã é a casa daqueles que acreditam em Jesus como fonte da fraternidade entre todos os homens – afirmou o Papa Francisco que sublinhou que “a Igreja caminha no meio dos povos, na história dos homens e das mulheres, dos filhos e das filhas: esta é a história que conta para o Senhor”.

O Papa Francisco concretizou as suas palavras contemplando Jesus e os seus sinais de ligação à família onde nasceu e “aprendeu o mundo” e depois na sua missão apostólica criou à sua volta uma comunidade, uma assembleia:

“Nos Evangelhos, a assembleia de Jesus tem a forma de uma família, de uma família hospitaleira, não de uma seita exclusiva, fechada: encontramos Pedro e João, mas também o esfomeado e o sedento, o estrangeiro e o perseguido, a pecadora e o publicano, os fariseus e as multidões. E Jesus não cessa de acolher e de falar com todos, também com quem já não espera de encontrar Deus na sua vida. É uma lição forte para a Igreja! Os próprios discípulos são escolhidos para conservarem esta assembleia, desta família dos convidados de Deus.”

Hoje é indispensável reavivar esta aliança entre a família e a paróquia – frisou o Papa declarando que estes são os dois lugares onde se realiza aquela comunhão de amor que encontra a sua fonte última no próprio Deus.”

“Uma Igreja verdadeiramente segundo o Evangelho só pode ter a forma de uma casa acolhedora com as portas abertas para todos, sempre. As Igrejas, as paróquias, as instituições com as portas fechadas não se devem chamar igrejas mas museus.”

“Hoje esta é uma aliança crucial. «Contra os centros de poder, ideológicos, financeiros e políticos, recoloquemos as nossas esperanças nestes centros do amor, evangelizadores, ricos de calor humano, baseados na solidariedade e a participação.»” – afirmou o Papa Francisco. (Cons. Pontifício para a Família, Os ensinamentos de JM Bergoglio – Papa Francisco sobre a família e sobre a vida 1999-2014,LEV 2014)

Dia 13

Domingo, 13 de setembro, Angelus com o Papa Francisco na Praça de S. Pedro. Da Janela do Palácio Apostólico o Santo Padre recordou o Evangelho deste XXIV Domingo do Tempo Comum e a questão que Jesus formula aos seus discípulos: “Quem dizem os homens que eu sou?” (Mc. 8,27)

O Santo Padre referiu-se, em particular, à resposta de Pedro que afirmou: “Tu és o Cristo”. Nessa ocasião Jesus revelou aos seus discípulos que deveria sofrer e ser morto e depois de três dias ressuscitar. Pedro ficou escandalizado – frisou o Papa – e chamou Jesus à parte e contestou as suas afirmações.

“Vai-te Satanás!”, esta é a resposta de Jesus a Pedro pela sua incompreensão – afirmou o Santo Padre. “Anunciando que deverá sofrer e ser morto para depois ressuscitar, Jesus quer fazer compreender àqueles que o seguem que Ele é um Messias humilde e servidor” e declara: “Se alguém quiser seguir-Me renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.”

“Colocar-se na sequela de Jesus significa tomar a própria cruz para acompanhá-lo no seu caminho, um caminho incómodo que não é aquele do sucesso ou da glória terrena, mas aquele que conduz à verdadeira liberdade. Trata-se de operar uma clara recusa daquela mentalidade mundana que põe o próprio “eu” e os próprios interesses no centro da existência e de perder a própria vida por Cristo e o Evangelho, para recebê-la renovada e autêntica.”

Após a recitação do Angelus o Papa Francisco referiu a beatificação neste domingo na África do Sul de “Samuel Benedict Daswa, pai de família, morto em 1990 pela sua fidelidade ao Evangelho.” O Santo Padre recordou que na sua vida, Samuel Daswa demonstrou sempre uma grande coerência assumindo corajosamente atitudes cristãs e recusando hábitos mundanos e pagãos. “Que o seu testemunho ajude especialmente as famílias a difundirem a verdade e a caridade de Cristo” – afirmou o Papa recordando a todos os fiéis para rezarem por todos os mártires do Evangelho.

E com Angelus deste domingo terminamos esta síntese das principais atividades do Santo Padre que foram notícia de 7 a 13 de setembro. Esta rubrica regressa na próxima semana sempre aqui na RV em língua portuguesa.

(RS)








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