2015-08-22 10:06:00

Migrantes e refugiados na Europa


“Migrantes e refugiados interpelam-nos. A resposta do Evangelho da misericórdia”. Este é o tema escolhido pelo Papa Francisco para o 102º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado que será celebrado a 17 de janeiro de 2016, no âmbito do Ano da Misericórdia.

Partindo deste tema proposto pelo Santo Padre, fazemos, neste “Sal da Terra, Luz do Mundo”, uma reflexão sobre o número cada vez maior de migrantes e refugiados que estão a chegar à Europa. Revelamos alguns dados oficiais da União Europeia e transmitimos, no som da Agência Ecclesia, um excerto das declarações de André Costa Jorge, Diretor do Serviço Jesuíta para os Refugiados em Portugal.

E começamos esta nossa reflexão sobre o problema dos migrantes e refugiados na Europa com as palavras de D. Manuel Linda, Bispo das Forças Armadas e de Segurança em Portugal que presidiu à peregrinação internacional de 12 e 13 de Agosto em Fátima, durante a 43.ª Semana Nacional das Migrações.

D. Manuel Linda afirmou que o Mediterrâneo não pode continuar a ser “a vala comum” onde morrem tantos refugiados e sublinhou a necessidade de difundir uma “nova mentalidade solidária para com os migrantes e refugiados”.

“Recusar o acolhimento e o apoio a estas pessoas, é um ato de “xenofobia e racismo” que são não só crimes “contra a humanidade” mas “contra Deus” – disse o Bispo das Forças Armadas e de Segurança de Portugal que afirmou ainda que “temos o direito de exigir aos políticos do mundo soluções sérias e sustentáveis”. “Chega de muros de cimento armado e de mentalidades que se fecham ao exterior” – declarou D. Manuel Linda.

A Frontex, Agência de Controlo das Fronteiras Externas da União Europeia, informa que mais de 280 mil migrantes passaram as fronteiras do território europeu de forma ilegal em 2014 e mais de 200 mil das entradas de migrantes ilegais foram feitas através de travessias pelo Mar Mediterrâneo.

As principais rotas, por terra e mar, identificadas pela Frontex são as rotas da África Ocidental, ilhas Canárias, do Mediterrâneo Ocidental, Ceuta e Melilla, do Mediterrâneo Central, Itália e Malta, do Mediterrâneo Oriental, Turquia, Grécia e Hungria.

Este movimento migratório para a Europa demonstra que as travessias continuam a aumentar consistentemente, de acordo com os dados parciais de 2015 já fornecidos pela Frontex.

A Rota do Mediterrâneo Central é uma das mais utilizadas pelos migrantes ilegais e, de acordo com os dados da Frontex, refere-se ao fluxo migratório vindo do norte de África para Itália e Malta, através do Mar Mediterrâneo.

Nesta rota, a Líbia serve, grande parte das vezes, como ponto de passagem para os migrantes do Corno de África e de rotas da África Ocidental, que embarcam de solo líbio com destino à Europa.

Em entrevista à Agência Ecclesia, André Costa Jorge, diretor do Serviço Jesuíta aos Refugiados em Portugal defende que não está a ser feito o esforço necessário nas fronteiras da Europa para se alcançar o bem maior que é salvar vidas.

O diretor do Serviço Jesuíta aos refugiados considera que a Europa é vista pelos refugiados como um “lugar de esperança” e, neste contexto, Portugal tem um papel essencial a desempenhar no apoio aos “países que sofrem maior pressão migratória”, como a Itália, a Grécia e a Hungria.

André Costa Jorge recorda o bom exemplo que Portugal deu aquando do grande “boom migratório” que teve lugar há 15 anos, e que trouxe ao país milhares de emigrantes em busca de uma vida melhor.

Daquele tempo “não ficou nenhum trauma, os problemas foram sendo resolvidos e houve uma integração de sucesso, atestada pelos parceiros e organizações internacionais” – afirmou o diretor do Serviço Jesuíta para os Refugiados.

Entretanto, para André Costa Jorge esta situação atual de integração de migrantes é diferente daquela que aconteceu no início do século porque aqueles que procuram os países europeus são refugiados. Por isso, o diretor do Serviço Jesuíta para os Refugiados, considera que será necessário ter como prioridades o acolhimento, a integração social e cultural e a inserção no mercado de trabalho, para que essas pessoas sejam, “tanto quanto possível, cidadãos participantes da economia nacional”.

Os migrantes e refugiados que atravessam o Mar Mediterrâneo em direção à Europa escapam à guerra, ao terrorismo, à discriminação social e religiosa e à pobreza.

O Programa Português da Rádio Vaticano continuará a atualizar a informação sobre a situação dos migrantes e refugiados na Europa.

(RS)








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