2015-07-27 12:30:00

A Semana do Papa de 20 a 26 de julho


Nesta semana continuou o período de suspensão de verão das principais atividades do Papa Francisco. O Santo Padre continua a residir na Casa Santa Marta no Vaticano, não se transferindo durante o período de Verão para a Residência em Castelgandolfo.

Para já o único compromisso do Papa é o Angelus de domingo, podendo, assim, aproveitar este tempo do verão de Roma para dedicar à oração, à leitura, ao contacto com alguns amigos, também para algum descanso e para a preparação dos próximos importantes compromissos.

Contudo, esta semana, na terça-feira dia 21 de julho, o Papa permitiu-se uma aparição pública extra visitando o encontro de mais de 70 autarcas de todo o mundo que se reuniram em Roma para debaterem “as mudanças climáticas e as novas formas de escravidão”. Duas emergências sociais às quais se refere o Papa Francisco na sua Encíclica ‘Laudato Si’.

Vindos de Nova Iorque, Paris, S. Paulo, Buenos Aires e tantas outras cidades, os autarcas ouviram o Santo Padre que lhes falou de improviso e em língua espanhola.

O Papa, recordando a sua Encíclica ‘Laudato Sí’, afirmou que aquilo que se pede no cuidado com o ambiente é muito mais do que uma simples atitude verde, mas sim uma atitude de ecologia humana:

“ Essa atitude de cuidar do ambiente, não é uma atitude verde é muito mais; cuidar do ambiente significa uma atitude de ecologia humana, a ecologia é total é humana. E isso é o que eu quis desenvolver na Encíclica ‘Laudato Si’.”

Neste sentido, o Papa Francisco reforçou a ideia de que a ‘Laudato Sí’ não é uma encíclica verde mas uma encíclica social:

“Não é uma encíclica verde é uma encíclica social, porque da vida social dos homens não podemos separar o cuidado com o ambiente, que é uma atitude social.”

De seguida o Santo Padre elogiou a oportunidade do convite aos autarcas de todo o mundo para este encontro no Vaticano, porque eles conhecem o governo local e as periferias.

O Santo Padre referiu-se na ocasião ao fenómeno do crescimento desmesurado das cidades baseado em fenómenos migratórios que comportam consequências negativas de exclusão. Estes fatores, juntamente com a idolatria da tecnocracia, têm levado à falta de trabalho e ao desemprego – afirmou o Papa:

“ A idolatria da tecnocracia que leva à falta de trabalho e ao desemprego.”

Deste modo, o Papa falou dos problemas do trabalho sem contrato e das novas formas de escravidão que se transformam em formas de sobrevivência:

“… são fontes de trabalho para poder sobreviver…”

Por tudo isto o Santo Padre reafirmou a sua esperança no encontro de Paris no final deste ano e afirmou que tudo isto interessa às Nações Unidas:

“ Isto tem que interessar às Nações Unidas. Tenho muita esperança no encontro de Paris, para que se chegue a um acordo… tenho muita esperança!”

“E as Nações Unidas têm que se interessar muito fortemente por este fenómeno do tráfico de pessoas provocado pelo fenómeno ambiental.”

O Papa Francisco terminou o seu discurso pedindo o contributo dos autarcas, para que o verdadeiro trabalho de difusão de uma consciência ecológica venha da periferia para o centro das decisões. Senão não terá efeito – concluiu o Papa:

“ A Santa Sé ou um país pode fazer um belo discurso nas Nações Unidas, mas se o trabalho não é feito das periferias para o centro não tem efeito.”

Domingo, 26 de julho, Angelus com o Papa Francisco na Praça de S. Pedro: largos milhares de fiéis saudaram o Santo Padre e ouviram a sua reflexão.

O Evangelho de S. João apresenta neste domingo o grande sinal da multiplicação dos pães – disse o Papa Francisco – quando Jesus foi para o outro lado do mar da Galileia tendo sido seguido por grande multidão atraída pelos milagres que Jesus realizava nos doentes.

Jesus coloca-se numa posição de quem ensina: sobe a um monte e senta-se. Depois, desafia os discípulos dizendo-lhes: o que fazer para dar de comer a esta multidão?

O Papa Francisco recordou Filipe, um dos discípulos, que logo fez contas e considerou que não conseguiriam dar de comer a tanta gente. Este discípulo, e os outros, raciocinam em termos de mercado, mas Jesus substituía a lógica do comprar pela lógica do dar.

Eis que André apresenta um rapazinho que só tinha cinco pães e dois peixes – continuou o Santo Padre – Jesus mandou-os sentar, pegou nos pães e nos peixes, deu graças ao Pai e distribui-os e todos ficaram saciados. Estes gestos antecipam os da Última Ceia.

Desta forma, o Papa afirmou que “participar na Eucaristia significa entrar na lógica de Jesus” que é a “lógica da gratuidade e da partilha”.

A multidão ficou maravilhada com o prodígio da multiplicação dos pães, mas o dom que Jesus oferece é plenitude de vida – afirmou o Santo Padre:

“Jesus sacia não só a fome material, mas também aquela mais profunda, a fome de sentido de vida, a fome de Deus.”

O Papa Francisco apelou, assim, a todos os fiéis para que cumpram pequenos gestos de solidariedade e que Deus os multiplicará tornando-nos participantes do seu dom.

Depois da recitação do Angelus o Papa Francisco, acompanhado por dois jovens, deu início às inscrições para a Jornada Mundial da Juventude clicando num ipad a sua própria inscrição. Chamou à 31ª Jornada que se realizará na Polónia no próximo ano um autêntico Jubileu da Juventude integrado no Ano Santo da Misericórdia.

De seguida o Papa Francisco proferiu um apelo pela libertação das pessoas sequestradas na Síria a começar, desde logo, pelo padre Dall’Oglio, raptado na Síria há dois anos atrás:

“Daqui a alguns dias ocorre o segundo aniversário desde que, na Síria, foi raptado o padre Dall’Oglio. Dirijo um apelo muito forte pela libertação deste estimado religioso. Não posso esquecer também os bispos ortodoxos raptados na Síria e todas as outras pessoas que nas zonas de conflito foram sequestradas.”

O Papa Francisco recordou ainda a memória litúrgica deste domingo; Santa Ana e S. Joaquim, pais de Nossa Senhora, que eram – sublinhou o Papa – os avós de Jesus.

E com Angelus deste domingo terminamos esta síntese das principais atividades do Santo Padre que foram notícia de 20 a 26 de julho. Esta rubrica regressa na próxima semana sempre aqui na RV em língua portuguesa. (RS)








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