Movimentos Populares no rumo do Papa Francisco

Na Viagem Apostólica do Papa Francisco à América Latina um dos momentos de maior significado para o futuro do “apostolado dos excluídos e dos descartados” foi o encontro com os Movimentos Populares. Nesta nossa rubrica “Sal da Terra, Luz do Mundo” recordamos o essencial das palavras do Papa Francisco aos Movimentos Populares e transmitimos depoimentos em língua portuguesa na reportagem de Bianca Fracalvieri, nossa colega do programa brasileiro da Rádio Vaticano.

Teto, terra e trabalho – este foi o grande tema do II Encontro dos Movimentos Populares na cidade de Santa Cruz na Bolívia. Os participantes neste evento vieram não só da América Latina, mas também dos Estados Unidos, Canadá, Itália e de alguns países africanos. Procuram-se processos de inclusão dos “descartados” e dos excluídos.

Foi através de um longo mas claro discurso, sempre muito aplaudido, que o Papa Francisco convocou os membros dos movimentos populares para o reconhecimento da necessidade de mudança mas também para a ação concreta e decidida para aquilo a que o Santo Padre chamou de “processo de mudança”.

“Reconhecemos nós que as coisas não andam bem num mundo onde há tantos camponeses sem terra, tantas famílias sem tecto, tantos trabalhadores sem direitos, tantas pessoas feridas na sua dignidade?”

“Reconhecemos nós que as coisas não andam bem, quando explodem tantas guerras sem sentido e a violência fratricida se apodera até dos nossos bairros? Reconhecemos nós que as coisas não andam bem, quando o solo, a água, o ar e todos os seres da criação estão sob ameaça constante?”

“Então digamo-lo sem medo: Precisamos e queremos uma mudança.”

No seu discurso o Papa recolhe as suas profundas preocupações para com o recolhedor de papel, o catador de lixo, o artesão, o vendedor ambulante, o trabalhador irregular, a camponesa, o indígena, o pescador, o discriminado e o marginalizado.

Afirmando que os mais humildes e explorados podem fazer muito pelos grandes processos de mudança nacionais, regionais e mundiais, o Santo Padre, declarou-os como protagonistas e semeadores de mudança:

“Vós sois semeadores de mudança. Aqui, na Bolívia, ouvi uma frase de que gosto muito: «processo de mudança».

O Papa Francisco apontou algumas tarefas para a mudança, como colocar a economia ao serviço dos povos e unir os povos no caminho da paz e da justiça, tudo isto defendendo a Mãe Terra, pois – diz o Papa – “não se pode permitir que certos interesses - que são globais, mas não são universais", se imponham, submetendo Estados e organismos internacionais e continuem a destruir a criação”. O Santo Padre declarou que o futuro da humanidade está nas mãos dos povos:

“O futuro da humanidade não está unicamente nas mãos dos grandes dirigentes, das grandes potências e das elites. Está fundamentalmente nas mãos dos povos; na sua capacidade de se organizarem e também nas suas mãos que regem, com humildade e convicção, este processo de mudança.”

A nossa colega do programa brasileiro, Bianca Fracalvieri, esteve na Bolívia a acompanhar este II Encontro dos Movimentos Populares e ouviu alguns testemunhos.  D. Guilherme Werlang, bispo de Ipameri, no Brasil, destacou a importância da presença do Papa neste encontro.

Cleber Buzzato, secretário executivo do Conselho Indígena Missionário no Brasil afirmou, nas declarações que prestou à RV, que foi devido à presença do Papa a tão ampla representação dos Movimentos Populares o encontro na Bolívia.

Bianca Fracalvieri entrevistou também Eliseo Lopes, um indigena guarini-kaowa do Brasil.

Os Movimentos Populares tiveram um primeiro grande encontro mundial em Roma e agora na Bolívia realizaram uma segunda edição com o forte apoio do Santo Padre.

Perante um mundo “onde há tantos camponeses sem terra, tantas famílias sem teto, tantos trabalhadores sem direitos, tantas pessoas feridas na sua dignidade”, o Papa Francisco afirmou que precisamos e queremos uma mudança.

“Sal da Terra, Luz do Mundo”, é aqui na Rádio Vaticano em língua portuguesa. (RS)