2015-06-22 12:30:00

Papa na Igreja Valdense de Turim: perdão pelo passado


Na manhã deste dia 22 de junho, significativo acontecimento na agenda de Turim do Papa Francisco: a visita à Igreja Valdense, a primeira de um pontífice.

A acolher o Santo Padre estavam o moderador da Mesa Valdense, Eugenio Bernardini, o pastor titular da igreja de Turim, Paolo Ribet e o presidente do Consistório, Sérgio Velluto

Momento fundamental do discurso do Papa o pedido de perdão pelos comportamentos e atitudes do passado:

“Da parte da Igreja Católica, peço-vos perdão pelas atitudes e comportamentos não cristãos, por vezes não humanos, que tivemos contra vós, na história. Em nome do Senhor Jesus Cristo, perdoai-nos”.

O Papa Francisco refletiu sobre a história das relações entre católicos e valdenses dizendo que “não podemos deixar de nos entristecermos perante os conflitos e as violências cometidas em nome da própria fé” – salientou o Santo Padre que convidou todos a reconhecerem-se como “pecadores” e a saberem perdoar.

Recordemos que os valdenses tiveram a sua origem entre os seguidores de Pedro Valdo na Idade Média e, hoje em dia, estão presentes sobretudo na Itália e no Uruguai.

Efetivamente, o Santo Padre lembrou no seu discurso os “amigos” da Igreja Evangélica Valdense do Rio da Prata, “a espiritualidade e a fé” destes e “todas as coisas boas” que pode com eles aprender.

O Santo Padre afirmou as potencialidades do diálogo ecuménico que permite uma “redescoberta da fraternidade” entre os cristãos: “A unidade é fruto do Espírito Santo” – referiu o Papa mas “não significa uniformidade”.

O Santo Padre salientou ainda alguns âmbitos de ação comum com a Igreja Valdense, nomeadamente, no contexto da evangelização e também no serviço da caridade.

Na conclusão do seu discurso o Papa Francisco reconheceu que continuam a existir importantes diferenças sobre questões antropológicas e éticas entre católicos e valdenses, mas estas não impedem que sejam feitos passos conjuntos: “Se caminhamos juntos, o Senhor ajuda-nos a viver aquela comunhão que precede cada contraste” – afirmou o Papa Francisco.

Os Valdenses, presentes no território italiano desde a Idade Média, sofreram na sua história perseguições e discriminações da parte dos poderes civis e religiosos. Desde o século XVI até à metade do século XIX, a pregação dos valdenses era consentida só numa zona bem delimitada conhecida como “vales valdenses”.

Estas terras da região do Piemonte foram, assim, durante muito tempo, cenário de um verdadeiro ghetto religioso. O reconhecimento dos direitos civis dos Valdenses aconteceu em 1848 pelo punho do rei Carlos Alberto. Hoje, em Turim fez-se história. (RS)








All the contents on this site are copyrighted ©.