2015-04-11 17:39:00

Igreja e comunicação social em África - novos passos em frente


O SCEAM, Simpósio das Conferências Episcopais da África tem, desde há cerca de um ano, uma Agência Católica de Notícias para a África, CANAA. E há cerca de dois meses nomeou um bispo para presidir ao CEPACS, o seu departamento de comunicação. É mais um passo no esforço da Igreja em África por entrar no espaço cibernético e no mundo dos média, coisa nem sempre fácil para os bispos – disseram alguns membros do SCEAM numa recente conferência de imprensa na Rádio Vaticano.

A rubrica “África Global”  propõe aqui as palavras do  arcebispo de Acra, D. Gabriel Palmer Bukle e de D. Emanuel Badegjo, bispo de Oyo, na Nigéria e neo-presidente do CEPACS: 

Este ano, mais precisamente na primeira semana de Fevereiro, um grupo de bispos, encabeçados pelo Presidente do SCEAM, D. Gabirel Mbilingi, realizou uma visita ad limina à Sé de Pedro, tendo entrado em contacto com os diversos dicastérios do Vaticano e tendo sido recebidos em audiência pelo Papa Francisco no dia 7.

Foi nesses dias em Roma que os membros da Direcção do SCEAM, tendo em conta a importância da comunicação para a Igreja em África hoje, acharam por bem que seja um bispo a presidir o CEPACS. E escolheram para esse cargo D. Emanuel Badedjo, bispo de Oyo, na Nigéria. Ele é jornalista e perito em comunicação social.

Em entrevista ao colega Albert Mianzoukouta ele disse na altura:

 “O CEPACS nasceu há muitíssimos anos para fazer ouvir a voz da Igreja africana e ajudar os africanos a formar-se e a apoiar os serviços da Igreja a nível da comunicação”

Qual é o estado da Igreja em África hoje no que toca à comunicação social?

“A comunicação da Igreja africana está a melhorar porque nos últimos 10/20 anos tem havido muitas oportunidades de os sacerdotes e religiosos e mesmo leigos se formarem em África no campo da comunicação. Muitos deles estão a trabalhar em diversas dioceses africanas. Temos neste momento muitas rádios a trabalhar para a Igreja africana, mas também televisões. Por exemplo, é desde há um ano que temos na Nigéria uma televisão que se define católica e que procura dar voz aos assuntos da Igreja na Nigéria: política, economia e assim por diante. Também os bispos têm uma maior consciência da importância da comunicação social. É por isso que fui nomeado para trabalhar neste campo a nível continental, coordenando as várias regiões, as várias conferências episcopais e ver como podemos ter mais contactos também com a Igreja em todo o mundo. Creio, portanto, que a situação da comunicação na Igreja em África está a melhorar, mas temos sempre necessidade de maior colaboração, de fazer muito mais no campo dos media modernos através dos quais os jovens se exprimem muito mais. Há muito trabalho a fazer”

E  quanto às relações entre o Estado e a Igreja no domínio da comunicação social, dos média, da liberdade de expressão, o que diria?

“A situação é diferente de país para país em África. Há países em que os governos resistem, não dão à Igreja a possibilidade de ter uma rádio católica. Há outros onde há, pelo contrário, essa possibilidade, mas a Igreja não está à medida de ter, de gerir uma rádio. Há países como a Nigéria, onde há a possibilidade de ter rádios ou televisões católicas, isto é pertencentes à Igreja, embora essa a que me referia antes seja uma televisão privada que se declara católica. Mas há que sublinhar que tanto na Nigéria, como noutros países africanos há a possibilidade é possível a Igreja ter espaços de emissão em meios públicos de comunicação. Creio que esta é uma possibilidade que devemos ainda usar muito mais tendo em conta que há neles pessoas que têm simpatia pela Igreja ou que são católicos e nos dão a oportunidade de falar ao publico, e dessa forma ninguém pensa em fechar a Rádio porque é católica ou cristã. Mas é uma forma de participarmos no discurso publico. Isto é para mim muito importante. A realidade é, portanto, muito diferente de país para país, mas há que utilizar as oportunidades que há”

O tema da comunicação foi também abordada na conferência de imprensa que os membros da direcção do SCEAM deram no final dessa peregrinação a Roma…Alguns jornalistas, inclusive da Rádio Vaticano queixaram-se das dificuldades que em termos de comunicação com a África, pois, de forma geral não há resposta aos e-mails e é difícil poder entrar em contacto ou entrevistar os bispos… A essas observações respondeu antes de mais, D. Gabriel Palmer Bukle, arcebispo de Acra no Gana e tesoureiro do SCEAM…

“Muitos de nós somos tímidos em relação aos média. O problema é o modo como alguns bispos foram maltratados pelos media nalguns contextos. Por isso tendem a estar afastados dos meios de comunicação. É um prazer saber que nós, bispos africano, podemos sentir-nos tranquilos ao falar através da Rádio Vaticano que serve de ponte para outros meios. Então uma das coisas que devemos ter em conta e talvez para o CEPACS e a CANAA, é organizar seminários para alguns dos nossos bispos para que saberem relacionar-se com os media, relacionar-se, sim, gosto deste tempo: relacionar-se com os media, porque quer queiramos quer não é neles que está a mensagem. Nas paróquias, na diocese dizem-me, mas essas criancinhas só comunicam com essas máquinas audi-video. Então temos de aprender a fazê-lo. Então, diria, ajudemo-nos mutuamente, porque alguns bispos foram instruídos a estar atentos aos media, mas agora estamos a entrar no ciber-space.”

Tomando a palavra D. Badedjo, agora titular do CEPACS, acrescentou:

“Como podem ver o SECAM está a fazer um grande esforço no sentido de melhorar a sua capacidade de comunicação. À parte CANAA, o facto do SECAM ter nomeado um bispo para presidir ao CEPACS é sinal de estar a levar a coisa a sério. O que disse vai ajudar-nos a planificar o futuro. Ainda ontem estive com o Presidente do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais e achou-se oportuno que juntamente com o SCEAM haja acções que façam com que os bispos seja treinados a ser mais comunicativos. É verdade que alguns são tímidos, têm medo dos media, e têm razões para isso, pois alguns tiveram problemas com os media. Então devem ter uma pequena formação para isso. Estamos determinados a iniciar antes do fim deste ano ciclos de formação, por forma a estarem mais à vontade na comunicação. Estamos determinados a fazer o melhor que podemos.

De acrescentar, contudo, que se há bispos tímidos ou receosos em relação aos mass media, há também os que até usam os chamados social media para comunicarem. É o caso, por exemplo, do Bispo do Mindelo em Cabo Verde, D. Ildo Furtado que faz uso frequente do face-book. Quando ele esteve em visita ad limina em Novembro do ano passado com os outros bispos da conferência episcopal inter-territorial do Senegal, Mauritania, Guiné-Bissau, e Cabo Verde, escrevia todos os dias no face-book os encontros e as emoções que tinha vivido. 

Mas voltemos à outra recente iniciativa do SCEAM no que toca à comunicação: a criação da CANAA, Agencia Católica de Noticias para a África. Desde há muito tempo na forja, surgiu, finalmente em 2013 fornecendo informações, de momento em inglês, procurando oferecer informações sobre a vida da Igreja em África e procurando contribuir para reconciliação justiça e paz em África (DA). 








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