2015-03-18 15:18:00

Associações africanas procuram soluções para "Cova da Moura"


Nas periferias da chamada Grande Lisboa existem alguns bairros considerados problemáticos. É o caso, por exemplo de "Cova da Moura", "Bela Vista" e outros. São habitados essencialmente por migrantes dos países africanos de língua portuguesa, mas também por brasileiros, timorenses e mesmo portugueses.

A relação entre os habitantes desses bairros e a polícia, de forma geral, não é muito boa. E, de vez em quando, os conflitos vêm à tona. É o que aconteceu a 5 de Fevereiro passado em "Cova da Moura", e que levou diversos organismos da sociedade civil, ligados de modo particular à diáspora cabo-verdiana em Portugal, mas também o Observatório Lusófono dos Direitos Humanos a solicitar encontros de diálogo com o Ministério do Interior, a Direcção da PSP (Policia de Segurança Pública), o Alto Comissário das Migrações e mesmo a CPLP, para analisar o ocorrido e ver como erradicar essas situações de conflito mediante a prevenção.

Esse diálogo, levado avante num clima de serenidade e discricionalidade da parte de todos e mormente do Ministério do Interior, desabrochou, há poucos dias, num comunicado conjunto (ver em baixo) em que se anuncia a intenção de criar uma "Comissão de Alerta" de possíveis conflitos, a fim de os prevenir.

Segundo o Doutor Wladimir Brito, Prof. Catedrático da Escola de Direito da Universidade do Minho e Presidente do Observatório Lusófono de Direitos Humanos, nesses colóquios ficou, todavia, claro que a  PSP tem direito de entrar em qualquer bairro para fazer o seu trabalho de garantir a  sergurança, mas deve-se procurar melhorar a relação com os habitantes a fim de que estes vejam na PSP uma colaboradora e não uma inimiga. 

O Prof. Brito considerou preocupante o relatório de atitudes racistas de alguns membros da PSP referidas por membros da Associação "Moinho da Juventude"  nessas reuniões e reconheceu que há situações dificeis nesses bairros, onde há crianças que não vão à escola, família desagregadas, etc. Situações que fazem pensar naquilo que o Papa Francisco define muitas vezes de pessoas, povos descartados, apelando a dar-lhes atenção e convidando, sobretudo os pastores da Igreja, a irem ao encontro das periferias. Mas, curiosamente, não houve nenhuma organização da Igreja entre aquelas que tomaram parte nesses encontros com o Ministério do Interior. Explicando que não foram, todavia, excluídas, o Prof. Brito é da opinião que seria muito positivo o seu envolvimento nesse processo de prevenção de conflitos nos bairros. (DA)

Saiba mais sobre este assunto ouvindo a rubrica "África Global":

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