O Papa Francisco recebeu em audiência na manhã deste sábado 24 de janeiro os participantes
no encontro do Pontifício Instituto de Estudos Árabes e Islâmicos por ocasião dos
50 anos da abertura deste Instituto em Roma.
No seu discurso o Papa reconheceu antes de tudo que nos últimos anos, apesar de alguns
mal-entendidos e dificuldades, houve avanços no diálogo inter-religioso, também com
os fiéis do Islão, e que para tal é fundamental o exercício da escuta. Ela, esclareceu
o Papam não é apenas uma condição necessária num processo de recíproca compreensão
e pacífica convivência, mas também um dever pedagógico, para sermos "capazes de reconhecer
os valores dos outros, compreender as preocupações que subjazem às suas reivindicações
e fazer aparecer as convicções comuns".
Na base de tudo está a necessidade de uma adequada formação para que, firmes na própria identidade, se possa crescer no conhecimento recíproco, disse ainda o Papa Francisco que também advertiu para não se cair nas armadilhas do sincretismo conciliatório (mas, no final, vazio e prenúncio de um totalitarismo sem valores), uma cómoda abordagem que diz sim a tudo para evitar problemas mas que acaba por ser uma maneira de enganar o outro e negar-lhe o bem que a pessoa recebeu como um dom para partilhar generosamente. No início do diálogo está, portanto, o encontro, do qual nasce o primeiro conhecimento do outro, disse.
A este propósito o Papa recordou a história do Pontifício Instituto para os Estudos
Árabes e Islâmicos dizendo que ele vai nesta mesma direcção pois não se limita a aceitar
superficialmente o que é dito dando lugar a estereótipos e preconceitos mas, com o
seu trabalho académico, vai investigar as fontes, preencher as lacunas, analisar a
etimologia, propor uma hermenêutica do diálogo, sem nunca perder a bússola do respeito
mútuo e estima recíproca.
Os 50 anos deste Instituto, disse o Papa, demonstram como a Igreja universal, no clima
da renovação pós-conciliar, compreendeu a necessidade iminente de um Instituto explicitamente
dedicado à pesquisa e à formação de operadores do diálogo com os muçulmanos. E talvez
agora, mais do que nunca, se sente esta necessidade, porque o antídoto mais eficaz
contra qualquer forma de violência é a educação à descoberta e aceitação da diferença
como riqueza e fecundidade.
Esta missão não é simples, continuou o Papa, reiterando que o diálogo islâmico-cristão
exige paciência e humildade que acompanham um estudo aprofundado, visto que a aproximação
e a improvisação podem ser contraproducentes ou até mesmo causar desconforto e embaraço.
E o Papa terminou sublinhando a importância do Instituto e desejando que ele se torne
cada vez mais um ponto de referência para a formação dos cristãos que trabalham no
campo do diálogo inter-religioso, sob os auspícios da Congregação para a Educação
Católica e em estreita colaboração com o Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso.
E a terminar o augúrio do Papa para que a comunidade do Instituto nunca atraiçoe a
tarefa principal da escuta e do diálogo, fundado em identidades claras, a pesquisa
apaixonada, paciente e rigorosa da verdade e da beleza, espalhados pelo Criador no
coração de cada homem e mulher e realmente visíveis em cada expressão religiosa autêntica.
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