2015-01-19 12:49:00

A Semana do Papa de 12 a 18 de janeiro


No dia 12 de janeiro o Papa Francisco voou para a Ásia ao encontro dos povos de dois países: Sri Lanka e Filipinas. Apresentamos a partir de agora uma síntese dos principais encontros, celebrações e mensagens dessa Viagem Apostólica.

Dia 13

O Papa foi acolhido pelo novo Presidente do país (eleito no passado dia 8) com um breve discurso, no qual o chefe de Estado sublinhou a alegria de iniciar o seu mandato com a visita do Papa e por Francisco ter iniciado a sua viagem à Ásia pela ilha sri-lankesa.

Nas palavras que lhe dirigiu o Papa sublinhou que o Sri Lanka é conhecido como a perla do Oceano Índico pela sua beleza natural, mas sobretudo pelo seu povo e a sua rica variedade de tradições e culturas religiosas.

Depois o Papa ilustrou as razões da sua visita que é antes de mais pastoral:

“Na qualidade de pastor universal da Igreja Católica, vim para encontrar e encorajar os católicos desta ilha, e para rezar com eles. Um ponto central desta visita será a canonização do beato Joseph Vaz, cujo exemplo de caridade cristã e de respeito para cada pessoa, sem distinção de etnia ou de religião, continua ainda hoje a inspirar-nos e a servir-nos de mestre.” .

Frisando depois que muitas comunidades hoje no mundo estão em guerra entre si, o Papa recordou que também o Sri-Lanka passou ao longo de muitos anos pelos horrores dum recontro civil e agora está a procurar consolidar a paz e curar as feridas do passado.

“Não é uma tarefa fácil a de ultrapassar a amarga herança de injustiças e hostilidades deixadas pelo conflito. Só pode ser realizada ultrapassando o mal com o bem e cultivando as virtudes que promovem a reconciliação, a solidariedade e a paz.”

No dia 13 de janeiro no final da tarde em Colombo, capital do Sri Lanka, o Papa Francisco participou num encontro inter-religioso no Centro de Congressos de Colombo. Participaram também neste encontro representantes das religiões budista, hindu e muçulmana. Presente também um bispo anglicano.

O Santo Padre no seu discurso fez um apelo à condenação do fundamentalismo:

“A bem da paz, não se deve permitir que se abuse das crenças para a causa da violência ou da guerra. Devemos ser claros e inequívocos ao desafiar as nossas comunidades a viverem plenamente os princípios da paz e da coexistência, que se encontram em cada religião, e denunciar atos de violência sempre que são cometidos”.

O Papa Francisco recordou os anos da guerra civil no Sri Lanka para afirmar que o país precisa agora de “cura e unidade, e não de mais conflitos nem divisões”.

“Espero que a cooperação inter-religiosa e ecuménica prove que os homens e as mulheres não têm de esquecer a própria identidade, tanto étnica como religiosa, para viverem em harmonia com os seus irmãos e irmãs”.

Dia 14

Quarta-feira, 14 de janeiro, o Papa Francisco celebrou Missa no Gale Face Green em Colombo no Sri Lanka e canonizou nessa celebração o Beato José Vaz, sacerdote português de Goa que viveu nos finais do século XVII e princípios do século XVIII e tornou-se no missionário do Sri Lanka. Participaram nesta Eucaristia largas centenas de milhares de fiéis que saudaram entusiasticamente o Santo Padre.

O Papa Francisco apresentou três razões da santidade do Padre José Vaz:

A primeira razão a sua atitude de sacerdote exemplar:

“Ensina-nos a sair para as periferias, a fim de tornar Jesus Cristo conhecido e amado por toda a parte. Ele é também um exemplo de sofrimento paciente por causa do Evangelho, de obediência aos superiores, de solícito cuidado pela Igreja de Deus (cf. Act 20, 28).

Em segundo lugar, o Papa Francisco frisou a liberdade de S. José Vaz no exercício da sua missão não fazendo “distinção de raça, credo, tribo, condição social ou religião, no serviço que proporciona através das suas escolas, hospitais, clínicas e muitas outras obras de caridade.”

“A liberdade religiosa é um direito humano fundamental. Cada indivíduo deve ser livre de procurar, sozinho ou associado com outros, a verdade, livre de expressar abertamente as suas convicções religiosas, livre de intimidações e constrições externas. Como nos ensina a vida de José Vaz, a autêntica adoração de Deus leva, não à discriminação, ao ódio e à violência, mas ao respeito pela sacralidade da vida, ao respeito pela dignidade e a liberdade dos outros e a um solícito compromisso em prol do bem-estar de todos.”

A terceira razão da santidade do Padre José Vaz apresentada pelo Papa Francisco foi o seu zelo missionário, dedicado e humilde, “deixando para trás a sua casa, a sua família, o conforto dos lugares que lhe eram familiares, respondeu à chamada para ir mais longe, para falar de Cristo onde quer que se encontrasse.”

Dia 15

No dia 15 de janeiro o Papa Francisco terminou a sua visita ao Sri Lanka fazendo ainda uma passagem pelo Santuário de “Nossa Senhora do Lanka”, em Bolawana, 35km a Oeste de Colombo. Ali, o Papa deteve-se em oração.

Do Santuário o Papa dirigiu-se ao Aeroporto de Colombo, onde se despediu do país na presença do Presidente da República e outras autoridades civis e religiosas e um grupo de fiéis. E partiu para as Filipinas.

Dia 16

No dia 16 de janeiro o primeiro encontro foi com as autoridades filipinas e o Corpo Diplomático.

No discurso dirigido às autoridades e o Corpo Diplomático no Palácio Presidencial,  o Papa frisou, tal como fizera já em Colombo, o carácter primariamente pastoral da sua visita no momento em que a Igreja que está nas Filipinas se prepara para “celebrar o quinto centenário do primeiro anúncio do Evangelho de Jesus Cristos” nessas costas, mas também para exprimir a sua solidariedade para com quantos sofreram “a tribulação, as perdas e a devastação causadas pelo tufão Iolanda” em 2013. A este respeito, o Papa pôs em realce a solidariedade demonstrada pelos próprios filipinos e recordou os desafios que tanto as Filipinas como outras nações asiáticas têm pela frente no sentido de construir uma sociedade sólida baseada em sãos valores humanos que, com base em Deus, tutelem a dignidade humana. Para isso é necessário que “os políticos se distingam por honestidade” – disse - mas não só:

“Essencial para a realização destes objetivos nacionais é o imperativo moral de assegurar a justiça social e o respeito pela dignidade humana.”

Depois do encontro com as autoridades filipinas e o Corpo Diplomático, o Papa Francisco celebrou Missa nesta sexta-feira dia 16 de janeiro na Catedral de Manila e afirmou que cada cristão é chamado a uma vida honesta, mas também a "criar círculos de honestidade”.

Na sua homilia o Papa recordou a Igreja nas Filipinas e o quinto centenário da sua evangelização:

“Mas o Evangelho é também uma exortação à conversão, a um exame da nossa consciência, como indivíduos e como povo … a Igreja nas Filipinas é chamada a individuar e combater as causas da desigualdade e injustiça profundamente enraizadas, que desfeiam o rosto da sociedade filipina, contradizendo claramente o ensinamento de Cristo. O Evangelho chama os indivíduos cristãos a conduzirem vidas honestas, íntegras e solícitas pelo bem comum. Mas chama também as comunidades cristãs a criarem «círculos de integridade», redes de solidariedade que possam impelir a abraçar e transformar a sociedade com o seu testemunho profético”.

 “Naturalmente, a grande ameaça a isto mesmo é cair num certo materialismo que pode insinuar-se dentro das nossas vidas e comprometer o testemunho que prestamos. Somente o tornar-nos pobres, expulsando o nosso autocomprazimento, permitirá identificar-nos com os últimos dos nossos irmãos e irmãs. Veremos as coisas sob uma nova luz e, deste modo, poderemos responder, com honestidade e integridade, ao desafio de anunciar a radicalidade do Evangelho numa sociedade acostumada à exclusão, à polarização e a uma desigualdade escandalosa”.

Sexta-feira, 16 de janeiro, o Papa Francisco encontrou-se com as famílias filipinas na Arena de Manila. Apresentou uma comunicação sobre a figura de S. José falando em inglês. Em particular, o Papa Francisco abordou o facto de que as Escrituras quando se referem a S. José revelam-no a repousar. A repousar no Senhor – afirmou o Papa Francisco – e, assim, o seu discurso às famílias iniciou-se com o verbo sonhar. Falando em espanhol e recorrendo a um tradutor, o Santo Padre proferiu as afirmações que marcaram a sua intervenção:

“Não é possível uma família sem sonhar.”

“Sem sonhar perde-se a capacidade de amar.”

 “Não percam a capacidade de sonhar.”

“Nunca deixem de ser noivos”

Dia 17

Sábado dia 17 de janeiro, segundo dia da Visita Apostólica do Papa Francisco às Filipinas:

Neste seu segundo dia de visita às Filipinas, o Papa Francisco deslocou-se de avião às 8.15 da manhã (1.15 da madrugada em Roma) de Manila à cidade de Tacloban, na ilha de Leyte, onde chegou uma hora e meia depois. 

O Papa celebrou uma Missa rápida, no Aeroporto no meio da chuva e vento, que não impediram, todavia a participação de milhares de pessoas.

Depois fez uma deslocação rápida à Catedral, onde em breves palavras improvisadas, agradeceu pelo acolhimento e disse ter que anunciar com muita pena que devido ao mau tempo tinha de regressar a Manila antes da ora prevista. Pediu desculpas, até porque, frisou, tinha um discurso escrito para dirigir às pessoas, mas, disse, “deixemos tudo nas mãos de Nossa Senhora”. Depois rezou com os presentes a Avé Maria, deu a sua bênção e pediu a todos que rezassem por ele e permanecessem em silêncio.

Seguiu-se uma rápida troca de dons, e regresso imediato a Manila, para evitar a tempestade.

A jornada do Papa em Tacloban previa, para além da Missa no Aeroporto, o encontro com os bispos, sacerdotes, religiosas, religiosos, seminaristas e familiares dos sobreviventes na Catedral de Palo, seguido de um breve encontro com alguns bem-feitores que financiaram as reparações da Catedral e a restauração de algumas igrejas destruídas pelo tufão de 2013; e uma paragem na proximidade do Memorial das vítimas do tufão para uma oração silenciosa e acender uma vela.

Dia 18

Domingo, 18 de janeiro, grande encontro do Papa Francisco com os jovens em Manila:

Muito animado o encontro com os milhares de jovens, em que o Papa Francisco pôs de lado o discurso que tinha preparado em inglês e improvisou em espanhol, respondendo às perguntas que três deles lhe dirigiram. Antes de mais a jovenzinha Shon que, chorando quis saber “porque é que as crianças sofrem”.

Antes de responder a esta pergunta, o Papa aproveitou para realçar essa pequena representação das mulheres, poucas – disse – chamando a atenção para o machismo que muitas vezes não deixa lugar às mulheres que, no entanto, têm um olhar diferente dos homens sobre a realidade.

“Assim, quando vier o próximo Papa que haja mais mulheres”  - disse, suscitando aplausos dos presentes.

O Papa colheu o facto de Shon ter feito essa pergunta chorando para dizer que ao mundo de hoje falta a capacidade de chorar, falta sobretudo aos que levam uma vida folgada. Mas certas realidades da vida só podem ser vistas como olhos lavados pelas lágrimas – disse.

A pergunta de Shon quase que não tem resposta, mas lança um desafio – frisou o Papa – lançando, por sua vez, uma pergunta aos jovens: “Eu aprendi a chorar?” perante os sofrimentos do mundo (fome, droga, crianças abandonadas, abusos, escravatura) “ou o meu pranto é um pranto caprichoso só para ter algo mais?”.

“Aprendamos a chorar” – exortou o Papa aos jovens, recordando que também Jesus chorou em diversas ocasiões. “Se não aprendeis a chorar não sois bons cristãos”.

E à pergunta “porque as crianças sofrem” o Papa convidou a responder com o silêncio.

“Que a nossa resposta seja o silêncio ou a palavra que nasce das lágrimas. Sêde valentes, não tenhais medo de chorar” .

Depois da saudação aos líderes religiosos das Filipinas e do momento festivo e comovente vivido com 30 mil jovens na Universidade de Santo Tomás em Manila, na parte da tarde o Papa Francisco celebrou a Santa Missa no Quirino "Grandstand-Rizal Park" da capital das Filipinas. Os organizadores falam em 6 milhões de fiéis.

Mais de 6 milhões de fiéis em Manila neste domingo dia 18. O Papa Francisco celebrou o “Domingo do Santo Niño”. A imagem do Santo Menino Jesus, explicou o Papa, tem  acompanhado a difusão do Evangelho neste país desde o início, e nós temos que ser suas testemunhas. Sermos testemunhas do Evangelho:

 “No Evangelho, Jesus acolhe as crianças, abraça-as e abençoa-as. Também nós temos o dever de proteger, guiar e encorajar os nossos jovens, ajudando-os a construir uma sociedade digna do seu grande património espiritual e cultural. Especificamente, temos necessidade de ver cada criança como um dom que deve ser acolhido, amado e protegido. E devemos cuidar dos jovens, não permitindo que lhes seja roubada a esperança e sejam condenados a viver pela estrada.”

E com a Missa em Manila nas Filipinas neste domingo dia 18 o Santo Padre terminou a sua Viagem Apostólica ao Sri Lanka e às Filipinas. O Santo Padre regressa a Roma ao Vaticano no final da tarde desta segunda-feira dia 19.

Esta foi a síntese das principais atividades do Santo Padre que foram notícia de 12 a 18 de janeiro.. Esta rubrica regressa na próxima semana sempre aqui na RV em língua portuguesa. (RS)








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