2015-01-11 08:24:00

Paris: 1 milhão contra o terrorismo. P. Samir: é preciso diálogo e interpretação do Corão


Neste domingo tem lugar em Paris uma grande marcha contra o terrorismo onde são esperadas mais de um milhão de pessoas. Neste acontecimento vão desfilar o Presidente e primeiro-ministro franceses, François Hollande e Manuel Valls, e ao seu lado estarão presentes também alguns líderes europeus. O primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, garantiu a sua presença e aguardam-se as presenças do espanhol, Mariano Rajoy, do italiano, Matteo Renzi, o britânico, David Cameron, o belga, Charles Michele, e a chanceler alemã, Angela Merkel. Também o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, confirmou a sua presença.

Os atentados de Paris perpetrados por radicais islâmicos recolocaram com força a questão da relação entre a cultura ocidental e o mundo muçulmano. Este parece cada vez mais dividido entre muçulmanos moderados e fundamentalistas como explicou à Rádio Vaticano o Padre Samir Khalil Samir, docente de História da Cultura Árabe na Universidade S. José de Beirute no Líbano:

“Existem, certamente, os muçulmanos moderados e são a maioria. E a maioria dos muçulmanos gostaria de viver em paz com todos. Mas há um problema, porque o Islão em si próprio está dividido em grupos opostos, e muitas vezes em toda a história islâmica e hoje em dia, os muçulmanos, quando não estão de acordo reagem com a guerra. Efetivamente, o ISIS usa a violência contra os xiitas, contra os outros muçulmanos sem distinção, sem piedade. Ora, dizer que aquilo que aconteceu em França não tem que ver com o Islão não é verdade. Mas, dizer que estes são extremistas é verdade. A grande maioria dos muçulmanos não é favorável mas não ousa criticar. Diz-se com frequência: a violência não faz parte do Islão e, portanto, estes muçulmanos não são autênticos muçulmanos. Devo dizer: infelizmente não é a realidade, porque no próprio Corão temos versículos que dizem: ‘Matai onde quer que o encontreis, se forem infieis”, ou seja, quem não aceitou tornar-se muçulmano. Quando os muçulmanos dizem, e repetem sempre que há um ataque: ‘isto não tem que ver com o Islão” é um jogo de palavras inaceitável. Porquê? Porque quem o faz não o faz enquanto um indivíduo qualquer, mas fá-lo em nome do Islão.”

O Padre Samir considera que os fundamentalistas islâmicos lutam contra o Ocidente porque o consideram ser neo-pagão, mas existe uma solução, segundo o Padre Samir, para vencer o terrorismo islâmico: o diálogo e a interpretação do Corão:

“Há um problema de educação, de reflexão, que falta, hoje em dia, no mundo muçulmano. É preciso diálogo! O outro aspeto é o de ajudar os muçulmanos a fazerem auto-crítica, a reverem o seu modo de agir e de pensar. No fundo, trata-se de repensar o texto do Corão. O texto não se pode tocar, como a Bíblia. Mas a interpretação do texto é uma necessidade, ou seja, situar este texto no seu contexto histórico.” (RS)








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