2014-12-29 12:16:00

A Semana do Papa de 22 a 28 de dezembro


Dia 22

Segunda-feira, 22 de dezembro o Papa Francisco recebeu em audiência na Sala Clementina os membros da Curia Romana para os tradicionais votos de Boas Festas. No seu discurso o Santo Padre referiu as quinze doenças da Cúria convidando todos a pedirem perdão a Deus que “nasce na pobreza da gruta de Belém para nos ensinar a potência da humildade”. O Papa pede um verdadeiro exame de consciência na preparação do Natal.

Ao apontar estas quinze doenças ou tentações o Papa Francisco esclarece que não dizem respeito apenas à Cúria Romana mas são um perigo para qualquer cristão, diocese, comunidade, congregação, paróquia e movimento eclesial.

O Papa Francisco observou que “seria belo pensar na Cúria Romana como um pequeno modelo de Igreja, ou seja, como um corpo que tenta seriamente e quotidianamente de ser mais vivo, mais são, mais harmonioso e mais unido em si próprio e com Cristo.”

O Santo Padre afirmou ainda a Igreja não pode viver sem ter uma relação vital, pessoal e autêntico com Cristo.

“Vai-nos ajudar o catálogo das doenças, na esteira dos padres do deserto” – afirmou o Papa Francisco que passou a apresentar as quinze doenças ou tentações:

Sentir-se imortal ou indispensável

Excesso de trabalho

A mentalidade dura

A excessiva planificação

Má coordenação

O Alzheimer espiritual

Rivalidade e vã glória

Esquizofrenia existencial

Mexericos

Cortejar os chefes

Indiferença perante os outros

Cara fúnebre

Acumular bens materiais

Círculos fechados

O lucro mundano e exibicionismo

O Papa Francisco concluiu o seu discurso recordando de ter lido uma vez que “os sacerdotes são como os aviões, fazem notícia só quando caiem...”.

“Esta frase” – observou o Papa – “é muito verdadeira porque delineia a importância e a delicadeza do nosso serviço sacerdotal e quanto mal poderia causar um só sacerdote que cai a todo o Corpo da Igreja”.

No final da manhã de dia 22 dezembro o Papa Francisco recebeu na Sala Paulo VI os funcionários do Vaticano e agradeceu o cuidado de todos nas funções que cada um desempenha. Da mais simples à mais complexa. E sublinhou o verbo cuidar:

 “Cuidar significa manifestar um interesse deligente e premuroso, que empenha tanto o nosso ânimo como a nossa actividade, em relação a alguém ou a alguma coisa; sigifica olhar com atenção para aquele que necessita de cuidados sem pensar noutra coisa; significa aceitar dar ou receber cuidados. Vem-me à cabeça a imagem duma mulher que cuida do filho doente, com tanta dedicação, considerando como própria a dor do filho. Ela não olha para o relógio, não se queixa nunca de não ter dormido, não deseja senão ver o filho curado, custe o que custar.”

E o Papa convidou cada um a reflectir sobre o que deve cuidar mais, e nisto voltou a indicar a família como principal objecto do nosso cuidado:

 “A família é um tesouro, os filhos são um tesouro” – disse, lançando uma pergunta aos pais:

 “Eu tenho tempo para brincar com os meus filhos, ou estou sempre empenhado, empenhada, e não tenho tempo para os filhos?” (...) brincar com os filhos: é tão bonito. E isto é semear futuro.”

Francisco recordou que o Natal é a festa de Jesus que veio para servir e não para ser servido; é a festa da Paz na Terra, uma paz que precisa do nosso entusiasmo, do nosso cuidado, para aquecer os corações gelados, para encorajar as pessoas que perderam a esperança e para iluminar os olhos apagados com a luz do rosto de Cristo.

E o Papa Francisco terminou agradecendo mais uma vez a todos os trabalhadores e aos seus familiares, aos seus filhos, especialmente os mais pequenos, enviando a todos um abraço.

Depois deste abraço, suscitou ainda mais aplausos ao pedir perdão pelas suas faltas e dos seus colaboradores e também por alguns escândalos que fazem tanto mal. Perdoai-me!  

Dia 24

Por ocasião da festa do Natal, o Papa Francisco telefonou na tarde de dia 24 aos refugiados que estão alojados nos arredores de Erbil, no Iraque:

“Boa tarde, disse o Papa. Saúdo à todos vós nesta tarde do Natal. Boa tarde e faço votos para que sejais prontos para celebrar a Missa e eu estarei unido a vós nesta celebração. Um abraço a todos e votos de um santo Natal com Jesus porque vós sois como Jesus na noite do Natal: para ele não havia lugar e foi expulso e foi obrigado a fugir para o Egipto para se salvar. Vós sois como Jesus esta noite e eu dou-vos a benção e a minha proximidade. Vós sois como Jesus nesta situação e isto obriga-me a rezar mais intensamente para vós. Queridos irmãos e irmãs, estou próximo de vós, muito próximo de vós esta noite. Estou próximo de vós com todo o coração e peço ao Senhor que vos acaricie com a sua ternura e a Nossa Senhora que nos conceda tanto amor. Estou muito próximo de vós”, disse o Santo Padre.

O Papa Francisco celebrou na noite de dia 24 de dezembro a Missa da Vigília de Natal na Basílica de S. Pedro. Na sua homilia o Santo Padre afirmou que o mundo tem hoje necessidade de ternura e começou por sublinhar duas frases das leituras da liturgia. Uma de Isaías e outra de Lucas:

“O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; habitavam numa terra de sombras, mas uma luz brilhou sobre eles” (Is 9, 1).

“Um anjo do Senhor apareceu [aos pastores], e a glória do Senhor refulgiu em volta deles” (Lc 2, 9).

O Santo Padre declarou então que o Menino Jesus convida-nos a refletir: “Como acolhemos a ternura de Deus? Deixo-me alcançar por Ele, deixo-me abraçar, ou impeço-Lhe de aproximar-Se?”

 “… temos a coragem de acolher, com ternura, as situações difíceis e os problemas de quem vive ao nosso lado, ou preferimos as soluções impessoais, talvez eficientes mas desprovidas do calor do Evangelho? Quão grande é a necessidade que o mundo tem hoje de ternura!”

A vida deve ser enfrentada com bondade, com mansidão – advertiu o Santo Padre – quando nos damos conta de que Deus Se enamorou da nossa pequenez, de que Ele mesmo Se faz pequeno para melhor nos encontrar, não podemos deixar de Lhe abrir o nosso coração – afirmou ainda o Papa Francisco que concluiu a sua homilia dizendo que a grande luz do presépio foi vista pelas “pessoas simples, dispostas a acolher o dom de Deus” e não pelos “arrogantes, os soberbos, aqueles que estabelecem as leis segundo os próprios critérios pessoais, aqueles que assumem atitudes de fechamento.”

O Santo Padre terminou a sua homilia dizendo: “Olhemos o presépio e façamos este pedido à Virgem Mãe: Ó Maria, mostrai-nos Jesus!”

Dia 25

25 de dezembro, Dia de Natal, o Papa Francisco proferiu a sua Mensagem e Bênção Urbi et Orbi na Praça de S. Pedro. O Santo Padre falou dos irmãos e irmãs que sofrem no Iraque e na Síria; pediu diálogo entre israelitas e palestinianos; lembrou os irmãos que sofrem na Ucrânia; invocou a paz para a Líbia, o Sudão do Sul, a República Centro-Africana e as várias regiões da República Democrática do Congo; recordou o sofrimento com o Ébola em países como a Libéria, a Serra Leoa e a Guiné; e principalmente, denunciou as crianças vítimas de violência

Jesus Menino. O meu pensamento vai a todas as crianças hoje mortas e maltratadas, quer aquelas antes de ver a luz, privadas do amor generoso dos seus pais e sepultadas no egoísmo de uma cultura que não ama a vida, quer aquelas crianças deslocadas por causa das guerras e das perseguições, abusadas e exploradas, sob os nossos olhos e o nosso silêncio cúmplice, e às crianças massacradas sob os bombardeamentos também lá onde nasceu o Filho de Deus. Ainda hoje, o seu silêncio impotente grita sob a espada de tantos Herodes, por cima do seu sangue sobressai hoje a sombra dos Herodes atuais.

Dia 26

26 de dezembro, Dia de Santo Estevão, Angelus do Papa Francisco na Praça de S. Pedro:

 

“...hoje a liturgia recorda o testemunho de Santo Estevão. Escolhido pelos Apóstolos juntamente com outros seis, para a diaconia da caridade na comunidade de Jerusalém, ele transforma-se no primeiro mártir da Igreja. Com o seu martírio, Estevão honra a vinda ao mundo do Rei dos reis, oferecendo-lhe o dom da sua própria vida. E, assim, mostra-nos como viver em plenitude o mistério do Natal.”

 

“... para acolher verdadeiramente Jesus na nossa existência e prolongar a alegria da Noite Santa, o caminho é aquele indicado por este Evangelho, ou seja, dar testemunho de Jesus na humildade, no serviço silencioso, sem medo de andar contra a corrente e de pagar pessoalmente”.

 

O Papa Francisco pediu especialmente a graça da coerência.

 

Neste momento da sua mensagem antes da oração do Angelus o Santo Padre lançou uma intenção especial:

 

“Hoje rezamos em modo particular por quantos são discriminados pelo testemunho dado a Cristo. Gostaria de dizer a cada um deles: se levais esta cruz com amor, entrareis no mistério do Natal, sereis no coração de Cristo e da Igreja.”

Dia 28

Aos milhares de fiéis presentes na Praça de S. Pedro para a oração mariana do Angelus neste primeiro domingo depois do Natal, o Papa Francisco começou por dizer que a Igreja nos convida a contemplar a Sagrada Família de Nazaré e que o evangelho nos apresenta a Virgem Maria e São José quando levam o Menino ao Templo de Jerusalém, 40 dias após o seu nascimento, em obediência à Lei de Moisés, que prescreve que o filho primogénito deve ser oferecido  ao Senhor.

E a todos o Papa pediu  solidariedade concreta especialmente para as famílias que vivem em situações muito difíceis pelas doenças, a falta de emprego, as discriminações, a necessidade de emigrar … E pediu para que em silêncio cada qual reze por estas famílias em dificuldades tendo em seguida convidado todos a recitar o Ave Maria:

E com o Angelus deste domingo terminamos esta síntese das principais atividades do Santo Padre que foram notícia de 22 a 28 de dezembro. Esta rubrica regressa na próxima semana sempre aqui na RV em língua portuguesa. (RS)

 








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