2014-12-08 17:38:00

A Semana do Papa de 1 a 7 de dezembro


Esta semana teve como momento alto a assinatura no Vaticano de um documento de compromisso conjunto de várias confissões religiosas de cristãos, judeus e muçulmanos contra o tráfico humano no mundo

 

 

 

 

Dia 2

Na terça-feira dia 2 de dezembro o Papa Francisco reuniu-se no Vaticano com líderes religiosos de várias confissões cristãs, judeus, muçulmanos, hindus e budistas para a assinatura de um documento de compromisso conjunto na luta contra o tráfico humano no mundo.

Nas palavras que lhes dirigiu o Papa Francisco agradeceu-lhes por esta “iniciativa histórica e de ação concreta: declarar que vão trabalhar juntos no sentido de erradicar o terrível flagelo da escravatura moderna em todas as suas formas”.

Frisando que dezenas de milhões de pessoas são hoje desumanizadas e humilhadas pelo tráfico, o Papa recordou que “cada ser humano é imagem de Deus e Deus é Amor e Liberdade que se concretizam nas relações interpessoais, assim cada ser humano é uma pessoa livre, destinada a existir para o bem de outros em igualdade e fraternidade”. Por isso deve-se reconhecer a cada um a mesma liberdade e dignidade.

As pessoas vítimas de tráfico humano e que são na sua maioria pobres – continuou o Papa – clamam pela ação das nossas comunidade de fé sem exceção nenhuma para que recuperem a sua liberdade e dignidade.

Apesar de muitos esforços - fez ainda notar o Papa - o tráfico de pessoas continua a ser um flagelo atroz em todo o mundo, em cidades e aldeias, e o pior é que tal situação se agrava cada dia mais – disse o Papa interpelando todos  - governos, cidadãos, empresas… a juntarem as mãos para pôr termo à escravatura no mundo.

Sustidos pelos ideais das nossas confissões, – disse aos líderes religiosos – podemos e devemos levantar o estandarte dos valores espirituais, o esforço comum, a visão libertadora para erradicar a escravatura do nosso planeta”.

O Papa terminou pedindo a Deus a graça “de nos convertermos a nós mesmos no próximo de cada pessoa, sem exceção alguma, e de a brindarmos com ajuda ativa sempre que se cruze com os nossos caminhos”.

Dia 3

Quarta-feira, 3 de dezembro, largos milhares de peregrinos desafiaram a manhã chuvosa de Roma e acolheram na Praça de S. Pedro o Papa Francisco para a tradicional Audiência Geral. Tema da Catequese: a recente Viagem do Santo Padre à Turquia.

“Sinto, em primeiro lugar, o dever de renovar a expressão do meu reconhecimento ao presidente da República, ao Primeiro-Ministro, ao Presidente para os Assuntos Religiosos e às outras autoridades, que me acolheram com respeito e garantiram a boa ordem dos eventos. Agradeço fraternalmente os Bispos da Igreja Católica na Turquia, pelo seu empenho, como também o Patriarca Ecuménico, Sua Santidade Bartolomeu I pelo cordial acolhimento”

O Papa aproveitou a oportunidade para lembrar a importância de que cristãos e muçulmanos trabalhem juntos na promoção da solidariedade, da paz e da justiça.

 

“Por isto eu insisti na importância de que cristãos e muçulmanos se empenhem juntos pela solidariedade, pela paz e a justiça, afirmando que cada Estado deve assegurar aos cidadãos e às comunidades religiosas uma liberdade de culto.”

 

Foi assinada uma Declaração conjunta que representa mais uma etapa na estrada da plena comunhão entre católicos e ortodoxos. Pela intercessão de Nossa Senhora, possa esta Viagem produzir abundantes frutos no diálogo com os irmãos ortodoxos, com os muçulmanos e contribuir para a construção da paz entre os povos – concluiu o Papa Francisco que não deixou de se referir ao último encontro que teve com um grupo de jovens refugiados acolhidos por uma comunidade de salesianos:

 

“O último encontro foi com um grupo jovens refugiados, acolhidos pelos salesianos. Era muito importante para mim encontrar alguns refugiados da zona de guerra do Medio Oriente, seja para exprimir-lhes a minha proximidade e da Igreja, seja para sublinhar o valor do acolhimento, em que também a Turquia muito se empenhou.”

Dia 4

Os santos escondidos de todos os dias dão-nos esperança – esta a principal mensagem do Papa Francisco na Missa em Santa Marta neste dia 4 de dezembro. Não basta declarar-se cristão, é preciso agir. O Papa comentou o Evangelho da casa construída sobre a rocha ou sobre a areia, e exortou os cristãos a não viverem na aparência mas a colocarem em prática o amor de Jesus. E afirmou que no Povo de Deus há muitos santos que colocam em prática a Palavra de Deus e construíram a casa sobre a rocha:

“Pensemos nos mais pequeninos! Nos doentes que oferecem os seus sofrimentos pela Igreja, pelos outros. Pensamos nos muitos idosos sozinhos, que rezam e oferecem. Pensemos em tantas mães e pais de família que levam em frente com muita dificuldade a sua família, a educação dos filhos, o trabalho quotidiano, os problemas, mas sempre com a esperança em Jesus, que não se pavoneiam, mas fazem o que podem.”

“Pensemos nos muitos padres que não se mostram, mas que trabalham nas suas paróquias com tanto amor: a catequese às crianças, o cuidado com os idosos, dos doentes, a preparação dos noivos... E todos os dias a mesma coisa, todos os dias. Não se cansam, porque no seu fundamento está a rocha. É Jesus, é Ele quem dá a santidade à Igreja, é isso que dá esperança!”

Ainda no dia 4, quinta-feira, o Papa Francisco recebeu em audiência na Sala Paulo VI cerca de dois mil membros da Federação dos Organismos Cristãos de Voluntariado. O Santo Padre afirmou o valor da gratuidade e disse que os pobres não podem ser ocasião de lucro:

 “Há tanta necessidade de testemunhar o valor da gratuidade: os pobres não podem tornar-se numa ocasião de lucro! As pobrezas hoje mudam de rosto – há novas pobrezas! – e também alguns entre os pobres amadurecem expectativas diferentes: aspiram a ser protagonistas, organizam-se a ser protagonistas, organizam-se e sobretudo praticam aquela solidariedade que existe entre aqueles que sofrem entre os últimos.”

Dia 5

No final da manhã desta sexta-feira, dia 5 de dezembro o Papa Francisco encontrou a Comissão Teológica Internacional. O Papa Francisco no seu discurso procurou chamar a atenção para o valor da escuta considerando que um teólogo é, sobretudo, um homem de escuta humilde: “escuta da Palavra de Deus” e “escuta daquilo que o Espírito diz à Igreja”. Deve, assim estar atento aos sinais dos tempos.

 

À luz desta ideia o Santo Padre mostrou a sua satisfação com o facto de existir uma significativa presença de mulheres na composição da Comissão Teológica Internacional, considerando que essa é uma boa razão para que se desenvolvam “certos aspetos inexplorados do insondável mistério de Cristo”.

O Papa Francisco enviou na sexta-feira, dia 5, através do Cardeal Philippe Barbarin, arcebispo de Lyon, em França, uma vídeo-mensagem ao povo e aos cristãos do Iraque. Na sua Mensagem, o Santo Padre envia a sua saudação e expressa a sua solidariedade espiritual para com o povo iraquiano:

“Também eu queria estar ali, mas visto que não posso viajar, faço-o assim… mas estou tão próximo de vós nestes momentos de dificuldade. Disse-o no regresso da minha viagem à Turquia: os cristãos são expulsos do Médio Oriente com sofrimento. Agradeço-vos o testemunho que dais com tanto sofrimento. Obrigado!”

O Santo Padre cita Santa Teresinha do Menino Jesus, que dizia: “Eu e a Igreja sentimo-nos como uma cana: quando chega o vento ou a tempestade, ela verga, mas não quebra”.

”Vós sois as canas de Deus hoje! As canas que vergam com este vento feroz mas que depois ressurgirão! Quero agradecer uma vez mais. Rezo ao Espírito que faz novas todas as coisas para que dê a cada um de vós força e resistência. É um dom do Espírito Santo.”

Dia 7

No Angelus deste domingo dia 7 de dezembro o Papa Francisco deixou uma mensagem concreta aos milhares de peregrinos: O Senhor consola-nos e devemos deixar-nos consolar por Ele – afirmou o Santo Padre:

“Mas não podemos ser mensageiros da consolação de Deus se não experimentarmos nós, em primeiro lugar, a alegria de ser consolados e amados por Ele. Isto acontece sobretudo quando escutamos a sua Palavra - ter o Evangelho na algibeira, não esquecer isto - recomendou o Papa abrindo uma parentese -;  quando permanecemos em oração silenciosa na sua presença, quando o encontramos no sacramento do Perdão. Tudo isto nos consola”

Se nos confiarmos a Ele com coração humilde e arrependido, Ele derrubará os muros do mal, preencherá os buracos das nossas omissões, aplanará as ondulações da soberba e da vaidade e trilhará o caminho do encontro com Ele”.

E aqui o Papa abandonou mais uma vez o seu texto escrito para dizer que estranhamente, muitas vezes temos medo de ser consolados, sentimo-nos bem na tristeza, porque nela somos protagonistas, enquanto que na consolação é o Espírito Santo que age em nós.

E exortou mais uma vez a nos deixarmos consolar. 

Nossa Senhora – concluiu o Papa – “é a “via” que o próprio Deus se preparou para vir ao Mundo. Confiemos a Ela a espera da salvação e de paz para todos os homens e mulheres do nosso tempo” – exortou o Papa Francisco, antes de passar à oração do Angelus…

E com o Angelus deste domingo terminamos esta síntese das principais atividades do Santo Padre que foram notícia de 1 a 7 de dezembro. Esta rubrica regressa na próxima semana sempre aqui na RV em língua portuguesa. (RS)

 








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