Cultivar a colegialidade, não obstante as diferenças dos vossos territorios

O  Papa Francisco recebeu em audiência, no Vaticano os Bispos da Conferência Episcopal Inter-territorial do Senegal Cabo Verde, Guiné-Bissau e Mauritânia. O Papa recebeu-os um a um e depois em conjunto e no discurso a eles dirigido pôs em evidência o tema da colegialidade, a formação dos sacerdotes e dos leigos, a pastoral familiar, o contacto com as outras religiões, a presença dos bispos junto da sociedade civil, as relações com as autoridades políticas.  

Tratando-se duma Conferência Episcopal inter-territorial que – disse o Papa – reúne Bispos vindos de quatro países diversos entre si pela língua, a geografia, a cultura e a história, “é importante poderdes manifestar esta comunhão na diferença, o que em si constitui um autêntico testemunho prestado a Cristo ressuscitado”. O Papa encorajou-os a prosseguirem nesta linha sem se desanimarem perante as dificuldades. 

O Papa salientou que de entre os desafios que lhe foram assinalados pelos próprios bispos, emerge a necessidade de enraizar mais profundamente a fé nos corações de modo que seja realmente posta em prática na vida concreta.  E  frisou que não obstante as dificuldades é necessário amar a Cristo, unir-se ardentemente a Ele. 

Nesta ordem de ideias o Papa recomendou que se dê uma formação doutrinal e espiritual sólida aos leigos de forma a serem capazes de testemunhar a fé nos seus ambientes de vida, evitando que a fé apareça marginalizada da vida publica. Neste âmbito indicou a colaboração entre sacerdotes, religiosos e leigos como uma forma frutuosa para se chegar a esta meta. 

Uma atenção particular deve ir também para a pastoral familiar - frisou o Papa - pois que a família é a célula da sociedade, o lugar onde se educa e onde nascem também as vocações sacerdotais e religiosas. 

No que toca à formação dos sacerdotes o Papa recomendou que seja de qualidade e que contemple as dimensões espiritual, comunitária e pastoral. É também necessário que os Bispos acompanhem de perto os seus sacerdotes, especialmente nos primeiros anos de ordenação para se certificarem que perseveram tanto na formação permanente como na vida de oração e que beneficiam de um acompanhamento espiritual. É assim – prosseguiu o Papa  - que poderão enfrentar os desafios que se lhes apresentam: para uns, um certo isolamento, para outros, a pobreza material, para outros ainda, a atracção do mundo, etc. 

Da mesma forma o contacto com as outras religiões deve ser cultivada, sobretudo tendo em conta que “nalgumas das vossas dioceses” – disse-lhes o Papa  - a maioria das pessoas são de religião islâmica. O Papa considerou importante que os sacerdotes recebam uma formação mais estruturada nos seminários, a fim de poderem desenvolver no terreno um diálogo construtivo com os muçulmanos, diálogo cada vez mais necessário para uma convivência pacífica. 

O Papa Bergoglio considerou também importante que os bispos não hesitem em ocupar todo o espaço que lhes pertence na sociedade civil. A este respeito referiu-se com apreço ao trabalho a favor da paz e reconciliação que a Igreja está a levar a cabo nomeadamente no Senegal e na Guiné-Bissau e disse acompanhar tudo com a oração. Recomendou também que os bispos mantenham boas relações com as autoridades politicas com vista também no reconhecimento oficial das estruturas eclesiais que muito facilitam o trabalho da evangelização. Neste quadro assinalou o caso de Cabo Verde que já tem um acordo quadro entre o Estado e a Santa Sé. 

Por fim o Papa manifestou o seu reconhecimento pelas obras da Igreja mesmo lá onde ela aparece como uma minoria e enalteceu o empenho perseverante das congregações religiosas e dos numerosos leigos associados, agradecendo-lhes pelo trabalho que levam avante e que – disse – constitui uma autêntica evangelização.  

E o Papa concluiu dizendo aos bispos para não hesitarem  em levar avante uma reflexão sistemática sobre estas questões todas e a fomentarem verdadeiros projectos de solidariedade e educação da juventude.