Papa a veterocatólicos: juntos, testemunhar o Evangelho numa Europa confusa
Cidade do Vaticano
(RV) - Testemunhar o Evangelho juntos e de modo crível numa Europa confusa, mas
sedenta de Deus: foi o convite do Papa Francisco à delegação da Conferência Internacional
dos Bispos Veterocatólicos da União de Utrecht, recebida na manhã desta quinta-feira
no Vaticano.
Trata-se de uma Igreja separada de Roma após o Concílio Vaticano
I, realizado de 1869 a 1871, que sancionou o dogma da Infalibilidade Papal.
Numa
"Europa tão confusa sobre a própria identidade e sobre a própria vocação – afirmou
Francisco – existem muitas áreas em que católicos e veterocatólicos podem colaborar,
tentando responder à profunda crise espiritual que atinge indivíduos e sociedade":
"Há
sede de Deus. Há um profundo desejo de redescobrir o sentido da vida. Há uma urgente
necessidade de um testemunho crível das verdades e dos valores do Evangelho. Nisto,
podemos ajudar-nos e encorajar-nos reciprocamente, sobretudo em nível de paróquias
e de comunidades locais. De fato, a alma do ecumenismo consiste na "conversão do coração"
e na "santidade de vida, junto com as orações privadas e públicas pela unidade dos
cristãos" (Unitatis redintegratio, 8). Rezando uns pelos outros e uns com os
outros, nossas diferenças serão assumidas e superadas na fidelidade ao Senhor e a
seu Evangelho."
O Papa Francisco recordou que mediante o trabalho da Comissão
internacional de diálogo católica-veterocatólica "foi possível construir pontos de
entendimento recíproco e de cooperação prática. Foram feitas convergências e de modo
mais preciso identificadas diferenças, colocando-as em novos contextos":
"Se,
de um lado, nos alegramos toda vez que podemos dar passos ulteriores rumo a uma mais
firme comunhão de fé e de vida, de outro, nos entristecemos ao tomar consciência dos
novos desacordos que emergiram entre nós ao longo dos anos. As questões eclesiológicas
e teológicas que acompanharam a nossa separação são agora mais difíceis de superar
por causa da nossa crescente distância sobre temas atinentes ao ministério e ao discernimento
ético."
"Portanto, o desafio que católicos e veterocatólicos devem enfrentar
– ressaltou – é o de perseverar num substancial diálogo teológico e de continuar caminhando
juntos, rezando juntos e trabalhando juntos, num mais profundo espírito de conversão
a tudo aquilo que Cristo quer para a sua Igreja."
"Em nossa separação houve,
de ambas as partes, graves pecados e faltas humanas. Num espírito de recíproco perdão
e de humilde arrependimento, agora precisamos reforçar nosso desejo de reconciliação
e de paz. O caminho rumo à unidade inicia-se com uma transformação do coração, com
uma conversão interior (cfr Unitatis redintegratio, 4). É uma viagem espiritual
do encontro à amizade, da amizade à fraternidade, da fraternidade à comunhão. A mudança
é inevitável ao longo do caminho. Devemos estar sempre dispostos a ouvir e a seguir
as sugestões do Espírito Santo que nos guia à verdade plena (cfr Jo 16,13)."
"Tenho
consciência – concluiu o Papa – do fato que o "santo propósito de reconciliar todos
os cristãos na unidade da Igreja de Cristo, una e única, supera as forças e os dotes
humanos" (Unitatis redintegratio, 24). Nossa esperança está na oração do próprio
Cristo pela Igreja. Adentremo-nos, então, ainda mais profundamente nesta oração, de
modo que nossos esforços sejam sempre sustentados e guiados pela graça divina." (RL)