Arcebispo Auza: há quem queira limitar a liberdade de consciência
Nova Iorque (RV) - O respeito pela vida desde a concepção até a morte natural,
a abolição da pena de morte, a liberdade religiosa e de consciência, sempre mais em
risco: esses foram os temas nodais do discurso do observador permanente da Santa Sé
na ONU, Dom Bernardito Auza, em pronunciamento na sede das Nações Unidas, em Nova
Iorque, na 69ª sessão da Assembleia Geral.
Recordando que o direito à vida
deve ser respeitado em todas as suas fases – da concepção até a morte natural – o
representante vaticano expressou satisfação pela "redução nos últimos anos, no mundo
inteiro, do recurso à pena de morte".
"É impossível imaginar – disse o prelado
citando palavras do Papa Francisco – que hoje os Estados não possam dispor de outro
meio que não seja a pena capital para defender a vida de outras pessoas do injusto
agressor."
Recordando que o Pontífice pede inclusive a abolição da prisão perpétua,
definida pelo Santo Padre uma "pena de morte dissimulada", Dom Auza acrescentou que
o direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião continua a defrontar-se,
no mundo inteiro, com relevantes desafios.
O arcebispo explicou que em algumas
regiões "as violações à liberdade religiosa se multiplicaram e intensificaram em sua
brutalidade, em particular, em relação às minorias religiosas". Trata-se – acrescentou
– de evidentes violações dos direitos humanos fundamentais.
Em outras partes
do mundo a liberdade religiosa é contraposta por obstáculos jurídicos e, em algumas
sociedades, também por comportamentos discriminatórios, observou.
Algumas autoridades
buscam limitar a dimensão religiosa à esfera privada impondo obrigações de lei, em
conflito com a consciência pessoal e o credo religioso, disse Dom Auza. "Um mundo
que verdadeiramente respeite a liberdade religiosa deve ir além da simples tolerância",
ponderou o representante da Santa Sé.
Todos têm o direito de praticar a sua
fé individualmente ou em comunidade, em público e de forma privada, e também o direito
de mudar de religião, asseverou o arcebispo.
Ademais, o tema da agricultura
esteve no centro de outro discurso, pronunciado pelo observador permanente por ocasião
da Assembleia Geral das Nações Unidas.
Discutir o desenvolvimento agrícola,
segurança alimentar a nutrição – afirmou o prelado não deve traduzir-se num "exercício
anual de rotina", mas deve, ao invés, ser ocasião para tornar-se um eco do grito de
centenas de milhões de pessoas no mundo que sofrem a fome crônica.
Deve ser
também uma ocasião para recordar o paradoxo em que, enquanto muitos morrem de fome,
"todos os dias desperdiça-se uma enorme quantidade de alimento". Erradicar a chaga
da fome não é somente um dos objetivos de desenvolvimento das Nações Unidas, mas "um
imperativo moral". Os custos humanos e socioeconômicos da fome e da desnutrição são
enormes, concluiu. Não deve haver prioridade maior no mundo do que a eliminação da
fome e da desnutrição. (RL)