Dom Sorondo: os pobres no centro das atenções da Igreja
Cidade do Vaticano (RV) – O encontro do Papa com os Movimentos Populares nesta
terça-feira (28), no Vaticano, teve repercussão no mundo inteiro. No evento internacional,
estavam representados os trabalhadores informais, migrantes, indígenas, agricultores
sem terra e moradores de periferias. O chanceler da Pontifícia Academia das Ciências
Sociais, Dom Marcelo Sánchez Sorondo, concedeu entrevista sobre o assunto à Rádio
Vaticano.
Dom Sorondo – “Estes Movimentos Populares são realmente
um sinal daquilo que está acontecendo no mundo, nos estimulam e nos fazem compreender
a realidade de hoje. Representam as conseqüências daquilo que acontece em uma sociedade
como a nossa, onde se preocupa unicamente com o lucro e se deixa de lado a pessoa.
Então, são realmente o sinal daquilo que o Papa chama de ‘globalização da indiferença’.”
Rádio
Vaticano – O Papa olha para os pobres e excluídos com uma atenção especial...
Dom
Sorondo – “Sim. Como ele disse, precisamos colocar no centro o Discurso da
Montanha, as bem-aventuranças dos pobres, daqueles que sofrem pela justiça, daqueles
que choram, daqueles que têm o coração puro. Onde tem pobreza se encontra normalmente
uma moral mais genuína que não onde tem uma grande riqueza que produz escravidão de
todos os tipos. Existe a necessidade de recuperar essa instância radical do Evangelho
de colocar a pessoa no centro, sobretudo a pessoa que sofre, os marginalizados, os
excluídos, aqueles que sofrem, os pobres. Me parece magnífico que o Papa faça isso.”
RV
– Mas também vem sendo acusado por alguns...
Dom Sorondo – “Sim.
Ele diz que o acusam de ser comunista, mas disse também que, na verdade, são os comunistas
que seguiram o Evangelho... Naturalmente, não pelo que se refere a luta de classes.
Então, é interessante que esses Movimentos Populares procurem seguir a Doutrina Social
da Igreja sem nenhuma postura de revolução, entendida como violência.”
RV
– Um evento importante, então...
Dom Sorondo – “Claro. Me parece
que é a primeira vez que, em Roma, no centro da Igreja, sejam recebidos esses Movimentos
Populares. E isso é um grande bem porque, se não se abrem as portas aos excluídos,
se não escutamos eles, existe o risco de gerar violência.” (AC)