A Itália e os 5 milhões de estrangeiros: "o outro é alguém como eu, tem a mesma dignidade"
Roma (RV) – A população italiana está atualmente representada por 8,1% de estrangeiros
residentes. Esse é um dos dados divulgados pelo “Dossiê Estatístico sobre a Imigração”,
realizado pelo Centro de Estudos ‘Idos’ e apresentado nesta quarta-feira (29) em Roma
e, contemporaneamente, em outras 21 cidades italianas. O relatório oferece uma análise
estatística sobre os fluxos migratórios e sobre a presença de migrantes e refugiados
na Itália.
Até o final de 2013, já eram cerca de 4 milhões e 900 mil os estrangeiros
residentes no país. As mulheres representavam mais da metade, e as crianças são 1
milhão. Mesmo com o policentrismo das proveniências, metade da população estrangeira
provém de cinco países: Romênia, Albânia, Marrocos, China e Ucrânia. O relatório recolhe
e faz o cruzamento de dados relativos às províncias com maior concentração de residentes
imigrados e aquelas onde tem contribuição dos trabalhadores estrangeiros para a economia
italiana.
Segundo o coordenador do Centro de Estudos ‘Idos’, Franco Pittau,
“as empresas administradas por italianos diminuem e, ao contrário, as empresas administradas
por estrangeiros, apesar de tudo, aumentam ao ritmo de cerca de 20 mil, ou pouco mais
de 20 mil, a cada ano. Muitos poderiam dizer: ‘estamos num período de crise, convidamos
com gentileza ou não com gentileza, que os outros fossem embora para vivermos melhor’.
Esse é um pensamento errado, sobretudo porque, em nível de trabalho, são uma força
importante e, depois, essas presenças que vêm de tantos outros países são um instrumento
para a Itália no futuro que, para viver bem, deverá ser mais globalizada. A estrada
para os direitos tem base nesta equação: o outro é alguém como eu, tem a mesma dignidade.
Essa não é somente a tradição cristã, mas é a civilização ocidental e, se nós renegarmos
tudo isso, seria o fim”.
“Das discriminações aos direitos” é o subtítulo do
Dossiê, que trata dos dados sobre os desembarques dos migrantes nas costas sicilianas
e aqueles relacionados aos Centros de Identificação e de Expulsão, tanto da Itália
como da Europa. O subsecretário do Ministério do Interior, Domenico Manzione, comentou
que a série de dados deveria fazer refletir sobre “o tipo de comunicação política
e midiática sobre a imigração. Os dados dizem que as presenças irregulares estão em
forte diminuição, que estamos fazendo grandes passos em relação à integração, então,
que a imigração produz riqueza não só cultural, mas também material. Ainda tem muita
coisa para ser feita, mas, infelizmente a situação econômica neste momento não ajuda.
O relatório nos ajuda, entretanto, se não a outra coisa, sobre o perfil cultural,
no sentido que evita fáceis instrumentalizações que, muito frequentemente, acentuam
o medo do diverso, o medo do imigrante, sob a base de preconceitos inexistentes, sob
a base dos dados que estão sendo divulgados hoje”. (AC)