São João Paulo II é aquele que intercede e motiva as pessoas nas escolhas da vida
Cidade do Vaticano (RV) - Nesta semana a Igreja festeja São João Paulo II,
Papa por quase 27 anos, e uma das figuras mais amadas na história recente. Um amor
que cresce, inclusive, depois de 9 anos da sua morte. É o que enaltece o postulador
da Causa da Canonização, Mons. Slawomir Oder, entrevistado pela Rádio Vaticano. Na
quarta-feira (22), a Igreja celebrou, pela primeira vez, a memória litúrgica de São
João Paulo II.
Mons. Oder – “Não escondo que, para mim, ver a
página do calendário com a data de 22 de outubro é certamente um momento de grande
comoção. E é uma coisa impressionante como, ainda hoje, e já há mais de nove anos
da sua morte, o nome de João Paulo II suscite nos corações dos fiéis, sentimentos
de gratidão, de alegria, de afeto. Nestes meses, eu tive a oportunidade de participar
de várias iniciativas para lembrar de São João Paulo II e posso dizer que me comoveram
em ver as igrejas cheias, a participação das pessoas que, com lágrimas nos olhos,
contavam a experiência deles, o João Paulo II deles.”
Radio Vaticano
– Além das análises dos teólogos, daquilo que podem escrever os vaticanistas, há um
povo de Deus que continua e aumenta o seu amor por essa figura...
Mons.
Oder – “Na verdade, é um fenômeno que eu já observei durante os anos do
processo, recolhendo os testemunhos. Um fenômeno que encontrava a sua expressão nas
palavras, que todos repetiam em refrão: ‘O nosso Papa! O nosso Papa!’. Eles diziam
em polonês, diziam em italiano, e continuavam a dizer em todas as línguas do mundo.
Ficou o Papa dos nossos dias, no sentido que ficou uma memória muito fresca, sempre
viva: do seu sorriso, das suas palavras, da sua postura muito paterna, severa, mas
também benévola, com a certeza da sua palavra, da sua doutrina e da sua proximidade
às pessoas mais necessitadas de afeto e de misericórdia.”
RV –
O 22 de outubro, obviamente, é ligado a três palavras que não poderão nunca ser esquecidas
quando pensarmos a João Paulo II: “Não tenham medo”. De qualquer maneira, essa exortação
tem uma projeção para frente, isto é, continuar a não ter medo em anunciar Cristo,
mesmo se necessário dizer coisas desagradáveis para os nossos tempos...
Mons.
Oder – “Esse é o papel profético da Igreja e a coragem extraordinária que
João Paulo II demonstrou em todo o seu Pontificado, percebidos como força pelos seus
adversários, mas, também pelo povo de Deus: colocou Cristo no centro do seu Magistério,
da sua palavra, da mensagem que deixou à Igreja. Por isso, as suas palavras ‘não tenham
medo’ são realmente palavras que ainda hoje inspiram tantas pessoas a fazerem escolhas
que vão contra a corrente, que são escolhas proféticas.”
RV –
Nestes meses, depois da Canonização, isto é, depois de 27 de Abril, o que lhe surpreendeu?
Tem alguma experiência, alguma história que realmente lhe fez emocionar, entre tantas?
Mons.
Oder – “Recentemente estive na Puglia, participei de um evento muito bonito
– um dos tantos, nestes dias, - que ainda faz parte do ‘peregrinatio’ da relíquia
de São João Paulo II, que continua percorrendo o mundo. Aquilo que me surpreendeu
foi a Igreja cheia de pessoas. Depois da missa da tarde, tantas pessoas ficaram na
Igreja por toda a noite: rezaram até a madrugada, até o final da missa da manhã, confiando
a João Paulo II as intenções, preocupações, esperanças e alegrias. Eu penso que essa
seja realmente a tarefa dos Santos e que ele esteja desenvolvendo nobremente esse
seu papel: interceder, mas também motivar as pessoas para a vida. Aquelas palavras
que confiei quase ao final do seu Pontificado, introduzindo a Igreja no novo milênio
– ‘Duc in altum!’, lançar-se ao largo – ficaram realmente nos corações das pessoas.
A santidade encoraja, a santidade contagia, a santidade atrai e realmente pode incidir
sobre as escolhas concretas da nossa vida.” (AC)