2014-10-24 20:48:09

50 anos de independência da Zambia, entre entusiasmo e contradições


Lusaka (RV) - "No país há um clima de festa e de orgulho por aquilo que este aniversário representa, mas não falta uma certa capacidade crítica de olhar para a realidade." Com essas palavras, o sacerdote comboniano, Pe. Gian Battista Moroni, há 25 anos na Zâmbia, comenta, de Lusaka – capital do país do centro-sul da África –, as celebrações pelo cinquentenário da independência da República da Zâmbia.

O aniversário oficial se dá nesta sexta-feira, dia 24, mas o país o preparou há meses, em meio ao entusiasmo de quem ressalta os progressos destas décadas e de quem chama a atenção para o risco de se celebrar "somente uma data", sem que da festa se passe ao compromisso a resolver as contradições da sociedade, explica o missionário à agência Misna.

O desafio principal é a desigualdade econômica entre os mais de 13 milhões de zambianos: de fato, ao lado da elite beneficiada por escolhas econômicas liberalistas "que tornaram mais fortes somente quem já o era, encontram-se as classes populares para as quais, em alguns casos, segundo Pe. Moroni, se "caminhou para trás". Trata-se de uma condição ante as quais os esforços governamentais conseguiram remediar somente em parte.

Efetivamente, os projetos de desenvolvimento, observa o religioso comboniano, "foram financiados pedindo empréstimos exteriores e criando dívida", hoje em níveis muito altos.

Por outro lado, são muitas, porém, as conquistas – reconhece o sacerdote. Em particular, cita "o ter unido o país e as várias etnias que o habitam: jamais houve revoluções violentas ou golpes de Estado, a população entendeu que usar a força leva somente a aumentar as tensões" existentes, mas contidas.

Delegações de vinte e seis países participam das cerimônias oficiais, incluindo também seis chefes de Estado. O grande ausente na festa é o primeiro mandatário da nação, Michael Sata, internado no exterior, oficialmente para um check-up, sendo representado nas celebrações por seu substituto ad interim, o ministro da Defesa Edgar Lungu.

Presente, ao invés, o Pai da Pátria, Kenneth Kaunda, 90 anos, na condução da nação desde a independência até 1991. Kaunda foi o primeiro a receber, nesta data, uma nova alta honorificência, criada para a ocasião.

Segundo Pe. Moroni, "de vários modos, Kaunda continua trabalhando pelo país e esse seu papel é aceito". Após ter-se retirado da política, continua o comboniano, "sua figura foi reavaliada, recuperada em seus aspectos positivos: o ter agido pelo bem do país, o ter trabalhado pela unidade, mas também pelo fato de não ter se enriquecido e de jamais ter sido envolvido em episódios de corrupção". (RL)







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