2014-10-23 19:36:35

Card. Amato sobre beatificação de Madre Assunta no sábado: "Encontrou no Brasil sua pátria espiritual, no serviço aos órfãos, pobres e doentes"


Cidade do Vaticano (RV) – No próximo sábado, 25 de outubro, a Irmã Maria Assunta Caterina Marchetti, conhecida como Madre Assunta, será beatificada em São Paulo. A comunicação oficial da aprovação da beatificação de Madre Assunta foi feita pelo então Substituto para Assuntos Gerais do Vaticano, Dom Angelo Becciu, em carta oficial enviada em 17 de dezembro de 2013 à Superiora Geral das Missionárias de São Carlos Borromeo-Scalabrinianas, Irmã Neusa de Fátima Mariano. O Arcebispo também informava na mensagem, a permissão do Papa Francisco para que a celebração do rito de beatificação fosse realizada no Brasil. O Santo Padre nomeou para tal o Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, Cardeal Angelo Amato. A Rádio Vaticano conversou com ele sobre Madre Assunta:

RV: Cardeal Amato, no próximo dia 25 de outubro será beatificada em São Paulo, no Brasil, a Irmã Assunta Marchetti, uma missionária italiana nascida em agosto de 1871 em Lombrici de Camaiore, na Província de Lucca, a terceira de 11 filhos. Como nasceu sua vocação missionária?

Card. Amato: “Foi o irmão, Padre Giuseppe Marchetti, que a convidou para ajudá-lo no serviço aos menores abandonados e aos pobres. A jovem aceitou o convite, e junto com a mãe e outras duas jovens, partiu para o Brasil. Chegou a São Paulo em 30 de novembro de 1895. Em 8 de dezembro teve lugar a inauguração do Orfanatrófio Cristóvão Colombo, em Ipiranga, São Paulo, o primeiro lugar de serviço missionário da nossa Beata. Madre Assunta foi por algum tempo Superiora Geral do Instituto das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeu. Mas o seu serviço se desenvolveu, sobretudo, nas várias atividades caritativas a serviço dos pobres, dos órfãos e dos doentes necessitados. O peso da idade e uma dolorosa enfermidade no pé enfraqueceram pouco a pouco a sua saúde. Morreu quase aos 77 anos, na tarde do dia 1º de julho de 1948, no Orfanatrófio de Vila Prudente”.

RV: Qual foi a sua maior virtude?

Card. Amato: “A caridade, imensa, sacrificada, materna. Na sua morte, a Ir. Clarice Baraldini, a primeira criança acolhida no Orfanatrófio, saiu do quarto gritando em lágrimas: ‘Hoje, nesta casa, morreu a caridade”. Madre Assunta vivia da fé e da caridade. O seu incansável apostolado era sustentado por uma inabalável confiança na presença providente do Pai Celeste que, como provia os pássaros do céu, assim cuidaria também dos seus filhos que, movidos pela necessidade, abandonam a pátria e afetos para emigrar a terras longínquas em busca de um futuro mais sereno e mais digno. “Providência de Deus, providenciai!” era a oração que as crianças recitavam junto com a nossa Beata, para implorar a ajuda de Deus. Foi este horizonte missionário de Madre Assunta, que encontrou no Brasil sua pátria espiritual. A graça do Senhor a transformou em mãe acolhedora e generosa dos órfãos tristes, doentes abandonados, pobres sem futuro, todos necessitados de um teto e de um prato de sopa, mas sobretudo, de uma acolhida amorosa e de um sorriso de alegria”.

RV: Trata-se, portanto, de uma missionária inteiramente dedicada ao serviço ao próximo...

Card. Amato: “Exatamente. A sua dedicação era sustentada por uma caridade que abria brechas no coração dos pequenos e dos grandes. Para muitos órfãos este seu amor permanece como a recordação mais doce de sua infância, porque haviam encontrado em Madre Assunta a mãe que haviam perdido. Era para ela uma glória amar e servir os pequenos órfãos. Uma testemunha conta que frequentemente as crianças chegavam ao Orfanatrófio em condições lamentáveis. Os cuidados de Madre Assunta os faziam reflorescer. Eis o que uma jovem contou: ‘A minha mãe, hóspede desde pequena do Orfanatrófio, teve a alegria de poder viver com esta grande e pura criatura. “Mamãezinha Assunta”, como era chamada pelos órfãos, era paciente, cuidadosa, afetuosa e se ocupava pessoalmente das meninas. Tratava todas como se fossem suas filhas. Eu, desde pequena, desejava saber como a minha mãe havia sido criada, e ela, sem nunca se cansar, falava desta amável criatura, Madre Assunta’. Frequentemente as pessoas não encontravam as palavras justas para expressar a grandeza do amor desta “mãezinha” tão boa. Diante das brincadeiras das crianças, Madre Assunta sabia ser compreensiva e tolerante, com o sorriso nos lábios. Com a sua caridade conseguiu até mesmo converter um anti-clerical de Nova Bréscia. Um dia este senhor adoeceu gravemente: o seu corpo estava coberto de chagas. Com paciência, Madre Assunta conseguiu curá-lo com numerosos banhos de semente de linho. Junto com a cura do corpo, aquele senhor teve também a cura da alma, porque se converteu”.

RV: Que herança deixa Ir. Assunta Marchetti às suas co-irmãs e a todos nós?

Card. Amato: “A caridade da madre não era ostentação, mas serviço humilde, sacrificado e paciente. É esta a herança que a Beata Madre Assunta Marchetti deixa não somente às suas co-irmãs, mas a todos nós. O seu convite à caridade inclui a exortação à humildade, à pobreza, à alegria”. (JE)









All the contents on this site are copyrighted ©.