Card. Amato sobre beatificação de Madre Assunta no sábado: "Encontrou no Brasil sua
pátria espiritual, no serviço aos órfãos, pobres e doentes"
Cidade do Vaticano (RV) – No próximo sábado, 25 de outubro, a Irmã Maria Assunta
Caterina Marchetti, conhecida como Madre Assunta, será beatificada em São Paulo. A
comunicação oficial da aprovação da beatificação de Madre Assunta foi feita pelo então
Substituto para Assuntos Gerais do Vaticano, Dom Angelo Becciu, em carta oficial enviada
em 17 de dezembro de 2013 à Superiora Geral das Missionárias de São Carlos Borromeo-Scalabrinianas,
Irmã Neusa de Fátima Mariano. O Arcebispo também informava na mensagem, a permissão
do Papa Francisco para que a celebração do rito de beatificação fosse realizada no
Brasil. O Santo Padre nomeou para tal o Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos,
Cardeal Angelo Amato. A Rádio Vaticano conversou com ele sobre Madre Assunta:
RV:
Cardeal Amato, no próximo dia 25 de outubro será beatificada em São Paulo, no Brasil,
a Irmã Assunta Marchetti, uma missionária italiana nascida em agosto de 1871 em Lombrici
de Camaiore, na Província de Lucca, a terceira de 11 filhos. Como nasceu sua vocação
missionária?
Card. Amato: “Foi o irmão, Padre Giuseppe Marchetti,
que a convidou para ajudá-lo no serviço aos menores abandonados e aos pobres. A jovem
aceitou o convite, e junto com a mãe e outras duas jovens, partiu para o Brasil. Chegou
a São Paulo em 30 de novembro de 1895. Em 8 de dezembro teve lugar a inauguração do
Orfanatrófio Cristóvão Colombo, em Ipiranga, São Paulo, o primeiro lugar de serviço
missionário da nossa Beata. Madre Assunta foi por algum tempo Superiora Geral do Instituto
das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeu. Mas o seu serviço se desenvolveu, sobretudo,
nas várias atividades caritativas a serviço dos pobres, dos órfãos e dos doentes necessitados.
O peso da idade e uma dolorosa enfermidade no pé enfraqueceram pouco a pouco a sua
saúde. Morreu quase aos 77 anos, na tarde do dia 1º de julho de 1948, no Orfanatrófio
de Vila Prudente”.
RV: Qual foi a sua maior virtude?
Card.
Amato: “A caridade, imensa, sacrificada, materna. Na sua morte, a Ir. Clarice
Baraldini, a primeira criança acolhida no Orfanatrófio, saiu do quarto gritando em
lágrimas: ‘Hoje, nesta casa, morreu a caridade”. Madre Assunta vivia da fé e da caridade.
O seu incansável apostolado era sustentado por uma inabalável confiança na presença
providente do Pai Celeste que, como provia os pássaros do céu, assim cuidaria também
dos seus filhos que, movidos pela necessidade, abandonam a pátria e afetos para emigrar
a terras longínquas em busca de um futuro mais sereno e mais digno. “Providência de
Deus, providenciai!” era a oração que as crianças recitavam junto com a nossa Beata,
para implorar a ajuda de Deus. Foi este horizonte missionário de Madre Assunta, que
encontrou no Brasil sua pátria espiritual. A graça do Senhor a transformou em mãe
acolhedora e generosa dos órfãos tristes, doentes abandonados, pobres sem futuro,
todos necessitados de um teto e de um prato de sopa, mas sobretudo, de uma acolhida
amorosa e de um sorriso de alegria”.
RV: Trata-se, portanto, de
uma missionária inteiramente dedicada ao serviço ao próximo...
Card. Amato:
“Exatamente. A sua dedicação era sustentada por uma caridade que abria brechas
no coração dos pequenos e dos grandes. Para muitos órfãos este seu amor permanece
como a recordação mais doce de sua infância, porque haviam encontrado em Madre Assunta
a mãe que haviam perdido. Era para ela uma glória amar e servir os pequenos órfãos.
Uma testemunha conta que frequentemente as crianças chegavam ao Orfanatrófio em condições
lamentáveis. Os cuidados de Madre Assunta os faziam reflorescer. Eis o que uma jovem
contou: ‘A minha mãe, hóspede desde pequena do Orfanatrófio, teve a alegria de poder
viver com esta grande e pura criatura. “Mamãezinha Assunta”, como era chamada pelos
órfãos, era paciente, cuidadosa, afetuosa e se ocupava pessoalmente das meninas. Tratava
todas como se fossem suas filhas. Eu, desde pequena, desejava saber como a minha mãe
havia sido criada, e ela, sem nunca se cansar, falava desta amável criatura, Madre
Assunta’. Frequentemente as pessoas não encontravam as palavras justas para expressar
a grandeza do amor desta “mãezinha” tão boa. Diante das brincadeiras das crianças,
Madre Assunta sabia ser compreensiva e tolerante, com o sorriso nos lábios. Com a
sua caridade conseguiu até mesmo converter um anti-clerical de Nova Bréscia. Um dia
este senhor adoeceu gravemente: o seu corpo estava coberto de chagas. Com paciência,
Madre Assunta conseguiu curá-lo com numerosos banhos de semente de linho. Junto com
a cura do corpo, aquele senhor teve também a cura da alma, porque se converteu”.
RV:
Que herança deixa Ir. Assunta Marchetti às suas co-irmãs e a todos nós?
Card.
Amato: “A caridade da madre não era ostentação, mas serviço humilde, sacrificado
e paciente. É esta a herança que a Beata Madre Assunta Marchetti deixa não somente
às suas co-irmãs, mas a todos nós. O seu convite à caridade inclui a exortação à humildade,
à pobreza, à alegria”. (JE)